«A organização russa de defesa dos direitos humanos Memorial venceu o Prémio Sakharov 2009, atribuído pelo Parlamento Europeu. É um prémio pela liberdade de expressão no valor de 50 mil euros que agora será atribuído em Estrasburgo a Lyudmila Alexeyeva, Oleg Orlov e Serguei Kovalev em nome da Memorial e “de todos os defensores dos direitos humanos na Rússia”.» Via Público.
Annualia fez referência à organização Memorial a propósito do assassínio de Natalia Estemirova, jornalista e membro daquela organização: aqui.
A activista dos direitos humanos, Natalia Estemirova, foi assassinada, depois de ter sido raptada. Estemirova, que foi próxima da jornalista Ana Politkovskaia, fazia para da ONG Memorial e investigou muitas violações aos direitos humanos na Tchechénia. Mais informações aqui.
Escritor russo (Kazan, 1932 – Moscovo, 6.7.2009) que alcançou proeminência no breve período de abrandamento do regime soviético que se seguiu à morte de Estaline. Os pais tinham sido vítimas das purgas estalinistas de 1937 e Aksyonov passou parte da infância no gulag. Em 1956 licenciou-se em Medicina, que exerceu enquanto florescia a sua vocação de escritor. Inicialmente, o escritor conseguiu sobreviver no interior do regime soviético, alcançando mesmo alguma notoriedade, sobretudo pela suas capacidade estilística, mas tanto a sua atitude pessoal como a sua escrita conduziram-no a uma progressiva dissidência. No romance «A ilha de Crimeia» imagina o que teria sido a vida naquela península do mar Negro se os russos brancos tivessem vencido os bolcheviques. Em 1980, após a publicação em Itália do romance «A queimadura», Aksyonov foi forçado ao exílio nos EUA, onde foi professor e continuou a escrever obras como In Search of Melancholy Baby, onde fala da sua experiência de emigração, The Negative of The Positive Character, uma colectânea de contos, ou o épico Generations of Winter, no qual narra o impacto do estalinismo numa família moscovita ao longo de três gerações e que foi transposto para televisão, na Rússia, em 2004.
Actor (Casaquistão, União Soviética, 23.2.1944 – Moscovo, Rússia, 20.5.2009) cujo carisma fez com que fosse unanimente reconhecido como uma das últimas grandes figuras do cinema russo. Estudou em Saratov, onde pertenceu à companhia do teatro Slonov, integrando, a partir de 1973, o teatro Lenkom, em Moscovo. Conhecido no Ocidente sobretudo pelo seu desempenho em Zerkalo (1974) e Nostalghia (1983), de Andrei Tarkovski, Oleg Iankovski foi premiado na União Soviética em 1983, pela sua carreira, e, posteriormente, pelas suas interpretações nos filmes Polyoty vo sne I nayavu (1982, de Roman Balayan) e Kreytserova sonata (1987, de Sofiya Milkina e Mikhail Shvejtser). Em 1991 foi nomeado Artista do Povo da União Soviética. O último filme em que participou foi Tsar (2009, de Pavel Lungine), que foi exibido na edição do Festival de Cannes que ainda decorre.
Tsar, de Pavel Lungine
Ver também aqui
Por ocasião do bicentenário do nascimento de Nikolai Gógol, o comité literário franco-russo organiza, em Abril, um festival literário e musical em Paris. Consulte o programa literário aqui e o musical aqui.
Escritor russo de origem ucraniana (Sorotchinsky, 1809 - Moscovo, 1852). Em 1828 partiu para São Petersburgo onde se iniciou como escritor. O encontro com Púchkine, que o aconselha, é determinante: em 1831, publica o seu primeiro livro, Serões da Herdade perto de Dikanka, imediatamente distinguido, mas é Mirgorod (1835) que o torna célebre. Tanto um como outro são compilações de novelas, ao mesmo tempo realistas e poéticas, cuja temática se baseia no folclore ucraniano. Em Arabescos (1835) encontram-se alguns ensaios e contos (Os Contos de São Petersburgo) de inspiração fantástica: A Perspectiva Nevski, O Diário de Um Louco, o Retrato, e, mais tarde, O Nariz e O Capote. Tarass Bulba (1834) é uma novela de inspiração histórica, mas Almas Mortas (1842) é que é considerada por muitos a sua obra-prima. O Inspector-Geral (1836), sendo uma sátira aos funcionários da província, tem, todavia, um valor universal.
Não perca o texto de António Carlos Carvalho em ANNUALIA 2008-2009.
Rosto da edição original de O Inspector-Geral.
Afinidades entre palavras do português e do russo
por
Brian F. Head (Universidade do Minho)
Escritor quirguize (Cheker, Quirguizistão, 12.12.1928 - Nuremberga, Alemanha, 10.6.2008). O seu pai foi executado durante as depurações estalinistas de 1937. Agrónomo e jornalista, as suas obras estão impregnadas de tradição e elementos quirguizes, não deixando de contrapor a moral tradicional ao presente desumanizado. A obra emblemática do escritor é a novela Djamila, publicada em 1958 e que Aragon classificou como «a mais bela história de amor do mundo» (traduções portuguesas na Portugália, 1972, e Relógio d'Água, 1991). O regime soviético acolheu e reconheceu o seu trabalho, premiando-o por diversas vezes. Em 1978, tornou-se «herói do trabalho socialista», embora a sua entrada na política apenas tenha acontecido com o apoio à perestroika de Gorbatchev. Depois do desaparecimento da URSS, foi embaixador junto da UE e da NATO. Entre os seus livros traduzidos para português estão O Lugar da Caveira, A mãe Tolgonai, O Navio Branco. Actualmente está em fase de adaptação ao cinema o seu romance Um dia mais longo que um século.
Pode ler o texto do Tratado de Brest-Litovsk aqui.