O Comité norueguês do Nobel decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz de 2009 ao presidente Barack Obama, pelos seus extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos. O Comité deu especial importância à importância da visão e do trabalho de Obama por um mundo sem armas nucleares.
Como Presidente, Obama gerou um clima novo na política internacional. A diplomacia multilateral reconquistou um lugar central, com ênfase no papel que as Nações Unidas e outras instituições internacionais podem desempenhar. O diálogo e a negociação são instrumentos da resolução dos conflitos internacionais, mesmo os mais difíceis. A perspectiva de um mundo sem armas nucleares tem estimulado fortemente as negociações de desarmamento e de controlo de armas. Graças à iniciativa de Obama, os EUA estão agora a desempenhar um papel mais construtivo na questão das grandes alterações climáticas, com que o mundo se confronta. A democracia e os direitos humanos serão fortalecidos.
Só raramente alguém consegue chamar a atenção do mundo ao ponto que Obama o tem feito e dar ao seu povo esperança num futuro melhor. A sua diplomacia assenta no conceito de que aqueles que lideram o mundo devem fazê-lo com base em valores e atitudes partilhadas pela maioria da população mundial.
Ao longo de 108 anos, o Comité norueguês do Nobel tem justamente procurado estimular essa política internacional e essas atitudes, das quais Obama é, hoje, o porta-voz mundial. O Comité subscreve o apelo de Obama de que «é tempo de todos termos o nosso quinhão de responsabilidade na resposta global aos desafios globais».
Escritora romena de língua alemã (n. Nitzkydorf, Banat, Roménia). Os seus pais integravam a minoria de língua alemã da Roménia. O pai serviu na Wafeen SS durante a II Guerra Mundial. Muitos romenos de língua alemã foram deportados para a União Soviética em 1945, incluindo a mãe de Herta Müller, que passou cinco anos num campo de de trabalho no que é hoje a Ucrânia. Muitos anos depois, em Atemschaukel (2009), a escritora descreveria o exílio dos romeno-germânicos na União Soviética. Entre 1973 e 1976, Herta Müller estudou literatura alemã e romena na Universidade de Timisoara. Durante este período, esteve ligada ao «Aktionsgruppe Banat», um grupo de jovens autores de língua alemã que, em oposição à ditadura de Ceausescu, lutava pela liberdade de expressão. Depois de completar os estudos, trabalhou como tradutora numa fábrica de máquinas, de 1979 a 1979. Foi dispensada depois de se ter recusado a ser informadora da polícia secreta. Após a sua dispensa, foi incomodada pela Securitate.
Herta Müller estreou-se com a colectânea de contos Niederungen (1982), censurada na Roménia. Dois anos depois, publicou a versão integral na Alemanha e, no mesmo ano, Drückender Tango, saiu na Roménia. Nestas duas obras, descreve a vida numa pequena aldeia de língua alemã, minada pela corrupção e a intolerância. A imprensa oficial romena foi muito crítica em relação a estas obras, enquanto, fora da Roménia, a imprensa alemã as recebia muito positivamente. Devido a ter criticado publicamente a ditadura romena, Herta Müller foi proibida de publicar no seu país. Em 1987, emigrou para a Alemanha, com o marido, o escritor Richard Wagner.
Os romances Der Fuchs war damals schon der Jäger (1992), Herztier (1994) e Heute wär ich mir lieber nicht begegnet (1997) dão, com minúcia de pormenores, um retrato da vida quotidiana numa ditadura estagnada.
A escritora tem proferido conferências em universidades e outras instituições, em Paderborn, Warwick, Hamburgo, Swansea, Gainsville (Florida), Kassel, Göttingen, Tübingen e Zürich entre outros lugares. Desde 1995 que é membro da Deutsche Akademie für Sprache und Dichtung, em Darmstadt.
Obras: Niederungen (contos, 1982), Drückender Tango (contos, 1984), Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt (romance, 1986), Barfüßiger Februar (narrativa, 1987), Reisende auf einem Bein (1989), Der Teufel sitzt im Spiegel (1991), Der Fuchs war damals schon der Jäger (romance, 1992), Eine warme Kartoffel ist ein warmes Bett (1992), Der Wächter nimmt seinen Kamm : vom Weggehen und Ausscheren (1993), Herztier (romance, 1994), Hunger und Seide (ensaios, 1995), In der Falle (1996), Heute wär ich mir lieber nicht begegnet (romance, 1997), Der fremde Blick oder Das Leben ist ein Furz in der Laterne (1999), Im Haarknoten wohnt eine Dame (2000), Heimat ist das, was gesprochen wird (2001), Der König verneigt sich und tötet (2003), Die blassen Herren mit den Mokkatassen (2005), Atemschaukel (romance, 2009).
O Prémio Nobel da Física deste ano distinguiu dois feitos científicos que ajudaram a moldar as bases das nossas actuais sociedades em rede. Eles criaram muitas inovações concretas do dia-a-dia e deram-nos novos instrumentos de exploração científica. Em 1966, Charles K. Kao fez uma descoberta que conduziu ao avanço da fibra óptica. Ele calculou cuidadosamente como transmitir luz a grandes distâncias através de fibras de vidro ópticas. Com uma fibra do mais puro vidro é possível transmitir sinais luminosos a mais de 100 quilómetros, quando as fibras disponíveis nos anos 60 tinham um alcance de apenas 20 metros. O entusiasmo de Kao inspirou outros investigadores a partilharem a sua visão sobre o potencial futuro da fibra óptica. A primeira fibra ultrapura foi fabricada com êxito apenas quatro anos depois, em 1970.
Hoje, a fibra óptica forma o sistema circulatório que alimenta a nossa sociedade da comunicação. As fibras ópticas de grande rendimento facilitam a comunicação global em banda larga, como acontece com a Internet. A luz flui em finíssimos cabos de vidro, transportando a maioria do tráfego telefónico e de dados em todas as direcções. Texto, música, imagens e vídeo podem ser transferidos, em volta do globo, numa fracção de segundo.
Se desenrolássemos toda a fibra de vidro que existe no mundo, obteríamos um único cabo com mais de um bilião de quilómetros – o suficiente para dar a volta à terra mais de 25 000 vezes –, que aumenta milhares de quilómetros a cada hora que passa.
Uma boa parte deste tráfego é constituído por imagens digitais, que formam a segunda parte do prémio. Em 1969, Willard S. Boyle e George F. Smith inventaram a primeira tecnologia de imagem bem sucedida, usando um sensor digital: um CCD (Charge-Coupled Device). A tecnologia CCD utiliza o efeito fotoeléctrico, tal como teorizado por Albert Einstein, que a ele ficou a dever a atribuição do Prémio Nobel, em 1921. Por este efeito, a luz é transformada em sinais eléctricos. Ao conceber um sensor de imagem, o desafio consiste em reunir e transformar, em muito pouco tempo, os sinais num grande número de pontos, os pixéis.
O CCD é o olho electrónico da câmara digital. Ele revolucionou a fotografia, na medida em que a luz pode agora ser captada electronicamente, em lugar de o ser em filme. A forma digital facilita o processamento e a distribuição destas imagens. A tecnologia CCD é também usada em muita aplicações para medicina, por exemplo para ver o interior do corpo humano, quer com fins de diagnóstico, quer para microcirurgia.
A fotografia digital tornou-se um instrumento insubstituível em muitas áreas de investigação. O CCD criou novas possibilidades de visualizar o que antes não era visível. Deu-nos imagens cristalinas de lugares distantes do nosso universo, bem como da profundeza dos oceanos.
Este ano o Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina foi atribuído a três cientistas que solucionaram uma questão importante no domínio da Biologia: o de saber como os cromossomas podem ser copiados integralmente durante a divisão das células e como estão protegidos contra a degradação. Os laureados com o Nobel mostraram que a solução pode ser encontrada nas extremidades dos cromossomas -- os telomeres -- e na enzima que as fabrica -- a telomerase.
A longa cadeia moléculas de ADN que transportam os nossos genes está contida nos cromossomas, de cujas extremidades os telomeres constituem o topo. Elizabeth Blackburn e Jack Szostak descobriram que uma única sequência de ADN nos telomeres impede os cromossomas de se degradarem. Carol Greider e Elizabeth Blackburn identificaram a telomerase, a enzima que produz o ADN dos telomeres. Estas descobertas explicam como as extremidades dos cromossomas são protegidas pelos telomeres e que estes são fabricados pela telomerase.
Se os telomeres são encurtados, as células envelhecem. Ao invés, se a actividade da telomerase é intensa, o comprimento dos telomeres é mantido e a senescência celular atrasada. É este o caso das células cancerosas, que podem ser consideradas como tendo uma vida eterna. Certas doenças herdadas, pelo contrário, são caracterizadas por uma telomerase ineficaz, disso resultando células danificadas. A atribuição do Prémio Nobel reconhece assim a descoberta de uma mecanismo fundamental da célula, uma descoberta que tem encorajado o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.
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Físico dinamarquês (Copenhaga, 19.6.1922 – ibid., 8.9.2009). Dedicado ao ensino desde 1956 e directo colaborador de seu pai, Niels Bohr (Prémio Nobel da Física em 1922), sucedeu-lhe, em 1963, na direcção do Instituto de Física Teórica, por ele fundado e que ostenta o nome do fundador. Juntamente com Benjamim Mottelson e James Rainwater recebeu o prémio Nobel da Física, em 1975, por terem elaborado um modelo unificado da estrutura do núcleo atómico.
Neurologista e investigador americano (Yonkers, 9.9.1923 – Tromso, Noruega, 11.12.2008) que estudou em Rochester e Harvard, especializando-se nas áreas da Pediatria e das doenças infecto-contagiosas, em cuja investigação se notabilizou, tendo recebido (ex-aequo) o Prémio Nobel da Medicina em 1976. Gajdusek identificou as causas de uma doença neurológica (específica de uma tribo canibal da Nova Guiné) como um agente infeccioso que se manifestava após um longo período de incubação, na sequência da ingestão de porções de cérebro das vítimas.