«Os bons livros são cruciais para a solidez de uma cultura, e sem eles não pode haver ensino de qualidade. O gosto pela precisão e pela qualidade editorial é simultaneamente causa e consequência de uma cultura que ultrapassou a fase da oralidade vaga e sem rumo. Um gosto que tarda a chegar entre nós.»
Final da crónica de Desidério Murcho no Público de hoje e publicada também aqui [via Blogtailors]. Crónica a ler na íntegra.
Vamos falar de um novo livro, mas não apenas de mais um livro:
Mais informações muito em breve.
«Claro que um livro imprestável que tenha uma capa fabulosa continua a ser um livro que não presta. [Não devemos esquecer] que o conteúdo é rei; os leitores comprarão um livro embrulhado em papel de jornal se estiverem mortos por conhecer o seu conteúdo. Porém, é bom que sejamos lembrados de que o livro impresso, como produto da vida civilizada, ainda é -- e sempre será -- um objecto de desejo.»
Robert McCrum aqui.
[via Blogtailors e Livro de Estilo]
Por indicação colhida nos Blogtailors aqui fica a informação relativa ao Salão do Livro Infantil e Juvenil, que decorre a partir de hoje e até dia 14 em Pontevedra. Portugal é Convidado de Honra.
A Editorial Verbo marca como habitualmente a sua presença na Feira do Livro, que decorre no Parque Eduardo VII até dia 15 de Junho, com cinco pavilhões: Edições Gerais, Dicionários e Enciclopédias, Edições Juvenis, Edições Infantis e um no espaço Infanto-Juvenil.
Se ainda não o fez, pode adquirir o seu exemplar de ANNUALIA na Feira do Livro.
Um dos pontos fortes da Feira do Livro é a possibilidade que proporciona aos leitores de conhecer os seus autores favoritos e obter um exemplar autografado dos seus livros. Aqui a lista dos nossos autores que irão participar na Feira:
Margarida Góis, 24 de Maio, 16h30
Maria do Rosário Pedreira, 25 de Maio, 16h30
Nuno Magalhães Guedes, 31 de Maio; 16h00; 8 de Junho, 16h00; 10 de Junho, 16h00
Maria da Conceição Ferreira, 31 de Maio, 16h30
Joaquim Veríssimo Serrão, 31 de Maio, 17h30
Margarida Castel-Branco e Carla Antunes, 1 de Junho, 14h30
Maria Isabel Mendonça Soares, 1 de Junho, 16h00
Paula Castro Rosa, 7 de Junho, 16h00
Maria Teresa Maia Gonzalez, 7 de Junho, 18h00
Maria de Lourdes Modesto, 8 de Junho, 17h30
João César das Neves, 10 de Junho, 17h30
LIVROS QUE SE TRAZEM DA ILHA
por João Bigotte Chorão
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Em matéria de livros, nada tão melancólico como não os ver, mesmo em casas onde não falta espaço e há de tudo um pouco -- móveis de estilo, quadros com cotação, baixela de valor. Não os vemos ali porque não são apetecidos nem necessários. Melancólico é também o espectáculo dos livros que invadem tudo, extravasando das estantes para cadeiras, sofás, até para o chão, numa desordem e promiscuidade onde a gente se perde e desgosta. Mas os livros simetricamente alinhados, vaidosos das suas ricas encadernações em estantes de boa madeira, parecem mais objectos decorativos que obras de consulta permanente e de grata releitura. Não têm eles sinais iniludíveis de serem muito manuseados, como esses livros que amamos, nas horas de estudo e de lazer sempre ao alcance da mão para responderem às nossas interrogações e serem como companheiros lúcidos e lúdicos. Livros assim, sem outra valia que não a cultural e literária, dói-nos porém vê-los tão maltratados, sem lombada ou capa brochada, ou de encadernação cansada.
À medida que envelhecemos, quando chega a oprimir-nos esse acervo de livros que já não leremos, à medida que o tempo passa e se faz, cada vez mais, dramaticamente escasso, temos a nostalgia de uma biblioteca essencial, de poucos mas bons livros. Aqueles que nos formaram e encantaram -- e decidiram, porventura, do nosso destino. São os livros que levamos para a tal ilha deserta. Ou, na lúcida advertência de um leitor omnívoro como Jünger, os livros que traríamos dessa ilha, livros que parecem sempre novos a cada releitura, e preenchem o vazio de horas de solidão e silêncio, e nos confortam neste duro ofício de viver. Livros que, para uns, são os grandes monumentos literários, referências obrigatórias do nosso património cultural. Livros que, para outros, não são os grandes clássicos, que toda a gente conhece ao menos de nome, mas as obras mais discretas, quase descobertas pessoais -- não as teríamos encontrado se as não tivéssemos procurado --, talvez confissões em surdina, memórias interiores, diários íntimos, epistolários em busca de um diálogo com o Outro. São, em suma, livros que podemos ler de qualquer maneira, sentados, de pé, deitados, em privado e em lugar público, sem que seja mister vestir-nos de ponto em branco, como para receber visitantes ilustres. Como fazia Maquiavel quando relia os seus clássicos latinos e italianos.