Quinta-feira, 23 de Abril de 2009

DIA MUNDIAL DO LIVRO


 

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Quarta-feira, 23 de Abril de 2008

Dia Mundial do Livro

LIVROS QUE SE TRAZEM DA ILHA

por João Bigotte Chorão

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Em matéria de livros, nada tão melancólico como não os ver, mesmo em casas onde não falta espaço e há de tudo um pouco -- móveis de estilo, quadros com cotação, baixela de valor. Não os vemos ali porque não são apetecidos nem necessários. Melancólico é também o espectáculo dos livros que invadem tudo, extravasando das estantes para cadeiras, sofás, até para o chão, numa desordem e promiscuidade onde a gente se perde e desgosta. Mas os livros simetricamente alinhados, vaidosos das suas ricas encadernações em estantes de boa madeira, parecem mais objectos decorativos que obras de consulta permanente e de grata releitura. Não têm eles sinais iniludíveis de serem muito manuseados, como esses livros que amamos, nas horas de estudo e de lazer sempre ao alcance da mão para responderem às nossas interrogações e serem como companheiros lúcidos e lúdicos. Livros assim, sem outra valia que não a cultural e literária, dói-nos porém vê-los tão maltratados, sem lombada ou capa brochada, ou de encadernação cansada.

À medida que envelhecemos, quando chega a oprimir-nos esse acervo de livros que já não leremos, à medida que o tempo passa e se faz, cada vez mais, dramaticamente escasso, temos a nostalgia de uma biblioteca essencial, de poucos mas bons livros. Aqueles que nos formaram e encantaram -- e decidiram, porventura, do nosso destino. São os livros que levamos para a tal ilha deserta. Ou, na lúcida advertência de um leitor omnívoro como Jünger, os livros que traríamos dessa ilha, livros que parecem sempre novos a cada releitura, e preenchem o vazio de horas de solidão e silêncio, e nos confortam neste duro ofício de viver. Livros que, para uns, são os grandes monumentos literários, referências obrigatórias do nosso património cultural. Livros que, para outros, não são os grandes clássicos, que toda a gente conhece ao menos de nome, mas as obras mais discretas, quase descobertas pessoais -- não as teríamos encontrado se as não tivéssemos procurado --, talvez confissões em surdina, memórias interiores, diários íntimos, epistolários em busca de um diálogo com o Outro. São, em suma, livros que podemos ler de qualquer maneira, sentados, de pé, deitados, em privado e em lugar público, sem que seja mister vestir-nos de ponto em branco, como para receber visitantes ilustres. Como fazia Maquiavel quando relia os seus clássicos latinos e italianos.

 

 

 

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