Historiador francês (Belleville-sur-Meuse, 17.8.1923 - Caen, 22.10.2009) criador do conceito de «história serial». «É uma história quantitativa globalizante que integra o facto histórico em séries homogéneas, de modo a estudar melhor a evolução de um determinado lapso de tempo, através de uma análise matemática», na formulação de António Leite da Costa na Enciclopédia Verbo. «Mas, para Pierre Chaunu, a História Serial engloba todas as histórias quantitativas, ultrapassando a tradicional história económica e a recente demografia histórica, partindo à conquista de outros domínios da História, onde, aparentemente, a utilização de séries e a sua interpretação matemática parecia ter menos cabimento. É, sobretudo, nos anos 60 e 70 que surgem, em França, teses demonstrativas do valor e da importância da História Serial. Desde a monumental tese do próprio Pierre Chaunu sobre Sevilha e o Atlântico, notável estudo de história económica onde se cruzam a história social e a história demográfica (...)»
Algumas obras: Séville et l'Atlantique, 1504-1650 (12 volumes, 1955-1960); L'Amérique et les Amériques de la préhistoire à nos jours (1964);
O mal-estar generalizado na Europa remontava à I Guerra Mundial, que não trouxera qualquer solução aos conflitos existentes e deixara o continente retalhado por fronteiras absurdas. O período entre as duas constituiu com efeito uma paz armada, perturbada por múltiplas agressões. A Sociedade das Nações entrou no ocaso, rebentaram conflitos por todo o mundo (Etiópia, Espanha; o Japão ataca a China). As grandes crises que se sucederam conduziriam inevitavelmente à guerra. A Espanha servira de campo de experiências aos armamentos e estratégias modernas; o Japão, vencedor na China, alinhou no campo das ditaduras; Hitler anexou sem resistência países vizinhos (Áustria, Checoslováquia). Os blocos que iriam defrontar-se estavam formados. Estaline, sentindo a ameaça que Hitler representava para a URSS, promoveu a conclusão de um acordo: a 23.8.1939 os enviados dos dois governos — Molotov e Ribbentrop — assinaram o Pacto GermanoSoviético, que permitiu ao ditador alemão desencadear a guerra.
Na madrugada de 1.9.1939, as tropas alemãs invadiram a Polónia, que a URSS atacou a 17. A Inglaterra e a França, garantindo a integridade das fronteiras polacas, declararam guerra à Alemanha (3 de Setembro). Varsóvia caiu a 27 de Setembro, e a Polónia desapareceu como Estado independente. Incapazes de acudir à Finlândia, atacada pelos Russos (sucumbiu em Março de 1940), os Aliados tentaram em vão impedir os Alemães de dominarem o tráfego do ferro sueco, invadindo a Dinamarca e a Noruega (22 de Março). A 10 de Maio os Alemães desencadearam uma ofensiva fulgurante sobre a Bélgica e Holanda, onde a resistência cessou cinco dias depois. Tropas aliadas foram em socorro dos países atacados. Quarenta divisões alemãs atacaram as Ardenas, atravessaram o Mosa. Tendo os Belgas capitulado, a penetração alemã bloqueou em Dunquerque as tropas franco-britânicas, que dificilmente conseguiram reembarcar para Inglaterra. A 6 e 7 de Junho os Alemães romperam a linha defensiva apressadamente organizada por Weygand, e invadiram a França. Foi então que a Itália declarou a guerra aos Aliados (10 de Junho). Paris estava sob a autoridade do governo Deutz, enquanto 2/3 do território francês foram ocupados pelo inimigo. Pétain assinou um armistício (22-24 de Junho) que deixou à França uma zona não ocupada, as suas colónias, a sua armada (enquanto colocadas sob a autoridade do Governo de Vichy) e um exército reduzido.
Todas as forças alemãs estavam agora prontas a atacar a Inglaterra, último baluarte da resistência ao nazismo, onde o general De Gaulle tentava reagrupar franceses que queriam prosseguir a luta. Para preparar um desembarque, os 2269 aviões de Hitler atacaram as bases do Sul e Leste de Inglaterra, e seguidamente martelaram Londres e as grandes cidades. Os Ingleses não cederam (Batalha de Inglaterra, Agosto-Dezembro de 1940).
O Poder na História é o título do primeiro volume da Introdução à Política de António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto.
Nele se observa e documenta a evolução das diversas concepções de Poder e de Política, desde as remotas teocracias orientais, a Grécia antiga e a Roma imperial até ao «Tempo das Revoluções» -- a Inglesa de 1640, a Francesa de 1789 e a Russa de 1917.
Uma edição Verbo.
*Capa de Magda Macieira Coelho.
António Marques Bessa é doutorado em Ciências Sociais e é vice-presidente do Conselho Pedagógico do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e coordenador institucional do programa Erasmus-Sócrates. Dirige o Centro de Estudos de Geopolítica do ISCP. Publicou entre outras obras: Dicionário Político do Ocidente, Introdução À Etologia e O Olhar de Leviathan.
Jaime Nogueira Pinto é doutorado em Ciências Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais e Políticas no qual lecciona Ciência Política e Relações Internacionais. É presidente do Conselho de Administração da Fundação Luso-Africana para a Cultura. Entre as obras publicadas, refiram-se O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril e A Direita e as Direitas.
Annette Gordon-Reed é professora da New York Law School e professora de História na Rutgers University. É autora de Thomas Jefferson and Sally Hemings: An American Controversy, organizadora de Race On Trial: Law and Justice in American History, e co-autora, com Vernon Jordan, de Vernon Can Read: A Memoir. Gordon-Reed formou-se no Dartmouth College e na Harvard Law School.
Este romance épico conta a história dos Hemingses, cujo sangue se liga ao terceiro presidente dos EUA, e que tem sido sistematicamente expurgada da história americana. A historiadora e professora de direito, Annette Gordon-Reed, acompanha a família Hemings desde a sua origem setecentista, na Virgínia, até à dispersão dos seus membros depois da morte de Jefferson, em 1826. The Hemingses of Monticello traça a saga da família tendo como cenário de fundo a Revolução americana, Paris nas vésperas da sua própria revolução, a Filadélfia dos anos 1790, e a vida na plantação de Monticello.
A conquista de Constantinopla pelos Turcos Otomanos chefiados por Maomé II, a 29 de Maio de 1453, representou o fim do Império Romano do Oriente e, para muitos, assinala o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
A antiga Bizâncio, tomou o nome de Constantinopla, «cidade de Constantino», quando este imperador resolveu transformá-la numa nova Roma (323-330), para a qual transferiu a sede do Império e onde passou a residir. Tornou-se, mais tarde (395), a capital do Império Romano do Oriente ou Império Bizantino.
Constantinopla gozou de um estatuto especial desde o tempo de Constantino, que confiara a sua administração a um «arconte», ao qual dera, posteriormente, o título de «procônsul». O imperador Constâncio transferiu as suas funções para um «prefeito da cidade», que se manteve durante todo o Império, membro do Senado, dispunha de jurisdição civil e criminal sobre a cidade e arredores.
Em 29.5.
Com a conquista, os turcos bloquearam as milenares rotas de comércio entre a Europa e o Oriente.
Foi posto a circular no dia 6 de Maio de 1840 o primeiro selo do mundo com as características dos selos que hoje conhecemos: de preço fixo, pré-pago e com o verso preparado para ser colado. Conhecido como «Penny Black», foi criado por Rowland Hill e iniciou a longa série de selos ingleses com a efígie de perfil da rainha Vitória.
«Se olharmos para o planisfério português anónimo de 1502 (dito Cantino), tomando como escala da medida de um grau equatorial a distância entre os trópicos e o equador, veremos que, mesmo com as dificuldades referidas, está praticamente certa a largura do continente africano e a distância à Índia. Imaginando que as viagens sequentes, até Malaca, Banda e Molucas, deram uma noção (mesmo que vaga) do espaço percorrido, é impossível não pensar que os próprios portugueses foram tomando consciência do problema diplomático que vinha a caminho, quando os espanhóis percebessem até onde estavam a navegar os navios nacionais. Em boa razão, a disputa estava latente desde Tordesilhas, desencadear-se-ia mais dia ou menos dia, e foi nessa base que Magalhães apresentou o seu projecto a Carlos V, que não hesitou em aceitá-lo.
Os dois reinos decidiram, então, reunir uma “junta de especialistas” que debateriam o problema da delimitação oriental das suas zonas de influência, de forma a acordar a quem caberia a posse das longínquas Molucas, cujo comércio se revelava com valor significativo. Essa junta reuniu-se de 11 de Abril a 31 de Maio de 1524, sobre a ponte do rio Caia, entre Elvas e Badajoz, mas os resultados concretos foram absolutamente nulos, como seria de esperar.
D. João III sabia que não era possível fazer a delimitação com base em “verdades geográficas” incontestáveis, de forma que deu instruções para que fosse recusada toda a argumentação de cartógrafos e cosmógrafos, afirmando a sua soberania com base numa presença, de facto, desde há mais de uma década. Era um argumento juridicamente importante desde que tivesse força política para o impor, ou, por outras palavras, desde que Carlos V não estivesse disposto a combater pelas Molucas, o que era o caso. Nenhuma das partes queria que a dissidência resultasse em conflito violento, pelo que uma solução política era possível. Provisoriamente, ficou aceite que os direitos de comércio nas Molucas seriam portugueses, mediante o pagamento de 40 000 ducados anuais, que (ainda por cima) ficavam por conta do dote de D. Catarina, ainda em dívida a Portugal. E este foi o acordo imediato que se seguiu à “conversa de surdos” que foi a Junta de Badajoz-Elvas. Em 1529, com o tratado de Saragoça*, foi concedida a posse definitiva do comércio das Molucas a Portugal, pela quantia de 350 000 ducados.
Não é certo que Portugal tenha pago esta quantia na totalidade e, hoje, pouco importa saber que as Molucas estavam, de facto, no hemisfério português, pela insignificante diferença de cerca de dois graus. O assunto, aliás, viria a perder importância nas últimas décadas do século XVI, fosse pela união das coroas ibéricas, fosse porque o comércio do cravo nunca atingiu a importância que se chegou a pensar.»
Luís Jorge Semedo de Matos, Navegações Portuguesas, Instituto Camões
*O Tratado de Saragoça foi assinado em 22 de Abril de 1529 pelo rei D. João III e o imperador Carlos V.