Quarta-feira, 27 de Maio de 2009
Terça-feira, 12 de Maio de 2009
Antologias já publicadas na colecção
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Gostaria hoje de pôr em destaque a importância e a utilidade das antologias. Antologia significa, etimologicamente, «colecção de flores» e aplicou-se, por extensão, a colecções de textos seleccionados de uma época, de um género, de um autor e até de uma só obra. Entre nós existe o termo «florilégio», hoje praticamente caído em desuso, e os espanhóis usaram e usam a expressão «flores» (de poesia, por exemplo) com o mesmo significado. Também já se usou o termo «crestomatia», igualmente de origem grega, para designar o que hoje é mais comum designar por ou colectânea. Aos volumes em que se recolhem textos seleccionados com fins didácticos já se chamou «selectas». Em língua inglesa, vingou a tradição dos volumes de textos «selected» ou «collected». Em francês, existe a expressão «textes choisis», que tem sido também traduzida e adoptada entre nós.
Interessa salientar que em qualquer dos casos estes volumes têm um valor de «selecção» ou «escolha», constituindo por isso uma «amostragem» e adquirindo um sentido iniciático, espécie de pórtico (estaria mais na moda se dissesse portal) de entrada num determinado universo textual mais extenso.
Sendo uma selecção ou escolha, as antologias são organizadas por alguém, a quem o editor confiou esse trabalho e em quem o público deverá reconhecer capacidade, que usa determinados critérios, de preferência bem explicitados, de gosto e/ou de representatividade. Embora este último seja o critério geralmente predominante, alguns antologiadores deixam marcas muito pessoais nas suas escolhas ou adoptam perspectivas diferenciadoras. O caso mais flagrante é «antologia das vozes comunicantes da moderna poesia portuguesa», que Herberto Hélder organizou em tempos para a Assírio e Alvim com o título Edoi Lelia Doura.
Por tudo isto se deverá entender que antologias são obras da maior utilidade e que constituem uma tradição editorial antiga, da qual nem sempre os editores têm sabido tirar pleno partido. É que a salutar e necessária existência no mercado das obras integrais não retira pertinência às antologias. As mais variadas. Nesta feira do livro, redescubra as antologias.
Jorge Colaço
Sexta-feira, 8 de Maio de 2009
O livro Meninos de Ninguém, da jornalista Ana Cristina Pereira,
publicado pela Ulisseia,
será apresentado por Julieta Monginho e Adelino Gomes
no dia 9 de Maio, às 18:00h, na Esplanada Central da Feira do Livro
Blog: http://meninosdeninguem.wordpress.com/
Existe, nos tempos que correm, um visível, talvez até palpável, menosprezo, se não mesmo desprezo, por tudo o que releva de uma dimensão intelectual. Nada de novo, mas que por vezes assume contornos inquietantes.
Este lastro negativo corresponde, em parte, ao triunfo ufano do que é superficial e raso, que hoje se funda na desmemória e na ideia velha e obtusa de que pensar é a mais vã das actividades. A categoria do «mental» é literalmente insubstancial. O intelectual, como o poeta, tornou-se risível. Só a inércia justifica o relevo e a reverência remanescentes. A verdade é que em diferentes instâncias da nossa vida pública e privada se instalou, ou, estando já instalada, se reforçou, uma indisponibilidade para pensar.
Em certos meios, o que não se tolera no intelectual já não é tanto o ser de esquerda ou de direita, conservador ou vanguardista, militante ou descomprometido, artista ou simplesmente tonto, mas sim o facto de ser intelectual. As ideias passaram ao domínio do intolerável, elementos de uma conjura que teima em complicar o que é simples, que insiste em ver nublados os céus limpos.
A actividade intelectual incomoda o mundo descomplicado do pronto-a-pensar, sobretudo quando se afirma pela liberdade de espírito, a sua energia fundamental, e sonda as dificuldades, contraria as convenções, ou se insinua no avesso das conveniências, dos hábitos, dos gostos, ou das ideologias.
É precisamente na dimensão intelectual e no gosto de pensar que se funda o ensaísmo. Pelo menos o verdadeiro ensaísmo. Talvez por essa razão nunca criou fundas raízes entre nós e se foi progressivamente transformando em género raramente praticado e publicado. Falo de ensaísmo, não de teses ou estudos universitários, obrigados a um certo número de rituais e procedimentos. Falo de um pensamento cuja identidade é indesligável da sua formulação, que faz do ensaísta um escritor.
Curiosamente, o escritor (expressão que corresponde no português actual a romancista ou, mais exactamente, a autor de romances) não é geralmente tido por intelectual. Alguns esforçam-se mesmo por não o parecerem. Por outro lado, não há muito tempo ouvi um «programador cultural» de créditos firmados afirmar que «só lê ficção». Pois é.
Felizmente, o ensaio ainda não desapareceu por completo da edição portuguesa e a feira do livro é um bom lugar para o descobrir.
Jorge Colaço
Quarta-feira, 6 de Maio de 2009
«Os livros que mudaram a minha vida»
Moderação: Anabela Mota Ribeiro
Convidados: Jorge Silva Melo, Aldina Duarte, Jerónimo Pizarro
Auditório da Feira do Livro, 7 de Maio de 2009, 18h30m
Terça-feira, 5 de Maio de 2009
Sexta-feira, 1 de Maio de 2009
Ontem, primeiro dia da feira do livro, uma jovem que viajava no mesmo autocarro em que eu seguia, manifestava ao telefone a sua imensa felicidade por ter acabado de enviar o seu primeiro romance a um concurso (de romances, imagino). O entusiasmo da jovem, que não teria mais de vinte e um ou vinte e dois anos, era visível, apesar de contido nos limites de uma aparente serenidade. Percebia-se que era estudante universitária, por razões que não vêm ao caso explicar, mas que se prendem com o facto de as pessoas, e não apenas os jovens, falarem hoje publicamente ao telefone sem pudor de imporem a sua intimidade a quem, por mero acaso, as rodeie. A emoção do nome impresso, e a projecção nele de toda uma família de expectativas, transparecia de forma tocante na voz e na expressão da rapariga, que acrescentou, como quem tira um dia ao calendário das ambições, só lhe faltar agora plantar um árvore e fazer um filho. Infelizmente, o interlocutor não reconheceu o lugar-comum.
Pouco depois, num primeiro passeio pela feira, ainda meio aberta, meio fechada, pensei, à medida que os meus olhos se abismavam no prodigioso espectáculo a que a ficção hoje se entrega, em que língua teria escrito a jovem do autocarro o seu romance. Não me entendam mal, ela certamente usou a língua materna. Mas que parte dela?
A língua é uma pátria longínqua. Perdida na sua própria grandeza, estreitou-se. A vigorosa variedade vernacular cedeu às pressões do uso comum, da preguiça comum, da ignorância comum e do comum descaso. E, neste minguado território, quase se perdeu a noção de que, para se escrever bem, não basta arrumar ordeiramente as palavras nas frases.
Lembrei-me, depois, de uma observação de Paul Morand num prefácio às Lettres Persanes, deMontesquieu: «un vrai roman s’écrit avec ce qui nous manque, avec ce qui nous fait souffrir». Se isto é verdade (e o comentário não se dirige à jovem do autocarro, a quem desejo êxito), são cada vez mais raros os verdadeiros romancistas.
Jorge Colaço
Quinta-feira, 30 de Abril de 2009
na Feira do Livro de Lisboa
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Segunda-feira, 16 de Março de 2009
Integrada nas comemorações do Dia Mundial do Livro, a Casa Fernando Pessoa organiza uma feira do livro no Jardim da Parada (Campo de Ourique) entre hoje, dia 16, e o próximo dia 22, aberta todos os dias entre as 10h00 e as 19h00.