Terça-feira, 29 de Setembro de 2009

45 anos de Mafalda

 

  

 

Quino, o cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado (n. Mendoza, 1932) começou a publicar, em 1964, no semanário Primera Plana e depois no diário El Mundo as histórias em quadradinhos protagonizadas por Mafalda e o seu grupo (Miguelito, Manolito, Liberdade, Susaninha, Felipe, etc), que obtiveram um êxito absoluto. Nelas se capta com extrema ironia e um implacável poder de observação o mundo dos adultos. A partir de 1969, os álbuns da Mafalda foram publicados em todo o mundo e o seu autor premiado.

 

 

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Quarta-feira, 16 de Setembro de 2009

Maria Callas morreu há 32 anos

Nova Iorque, 2.12.1923 - Paris, 16.9.1977

 

 

Página oficial aqui.


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Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009

Manhattan 1609 <> 2009

O fundador da colónia de Nova Amesterdão, o explorador inglês Henry Hudson, chegou à costa de Mannahatta no dia 11 de Setembro de 1609, a bordo do navio Halve Maen (Meia Lua), quando procurava uma passagem a norte para as Índias Orientais, financiado pela poderosa Companhia Holandesa das Índias. Naquele mesmo local (hoje Manhattan) haveria de crescer o centro de uma das cidades mais dinâmicas e surpreendentes do mundo: Nova Iorque.

A cidade comemorará a efeméride como se poderá ver aqui.  

Ver sobre o projecto Mannahatta aqui.

 

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Terça-feira, 1 de Setembro de 2009

II Guerra Mundial começou há 70 anos

O mal-estar generalizado na Europa remontava à I Guerra Mundial, que não trouxera qualquer solução aos conflitos existentes e deixara o continente retalhado por fronteiras absurdas. O período entre as duas constituiu com efeito uma paz armada, perturbada por múltiplas agressões. A Sociedade das Nações entrou no ocaso, rebentaram conflitos por todo o mundo (Etiópia, Espanha; o Japão ataca a China). As grandes crises que se sucederam conduziriam inevitavelmente à guerra. A Espanha servira de campo de experiências aos armamentos e estratégias modernas; o Japão, vencedor na China, alinhou no campo das ditaduras; Hitler anexou sem resistência países vizinhos (Áustria, Checoslováquia). Os blocos que iriam defrontar-se estavam formados. Estaline, sentindo a ameaça que Hitler representava para a URSS, promoveu a conclusão de um acordo: a 23.8.1939 os enviados dos dois governos — Molotov e Ribbentrop — assinaram o Pacto Germano­Soviético, que permitiu ao ditador alemão desencadear a guerra.

Na madrugada de 1.9.1939, as tropas alemãs invadiram a Polónia, que a URSS atacou a 17. A Inglaterra e a França, garantindo a integridade das fronteiras polacas, declararam guerra à Alemanha (3 de Setembro). Varsóvia caiu a 27 de Setembro, e a Polónia desapareceu como Estado independente. Incapazes de acudir à Finlândia, atacada pelos Russos (sucumbiu em Março de 1940), os Aliados tentaram em vão impedir os Alemães de dominarem o tráfego do ferro sueco, invadindo a Dinamarca e a Noruega (22 de Março). A 10 de Maio os Alemães desencadearam uma ofensiva fulgurante sobre a Bélgica e Holanda, onde a resistência cessou cinco dias depois. Tropas aliadas foram em socorro dos países atacados. Quarenta divisões alemãs atacaram as Ardenas, atravessaram o Mosa. Tendo os Belgas capitulado, a penetração alemã bloqueou em Dunquerque as tropas franco-britânicas, que dificilmente conseguiram reembarcar para Inglaterra. A 6 e 7 de Junho os Alemães romperam a linha defensiva apressadamente organizada por Weygand, e invadiram a França. Foi então que a Itália declarou a guerra aos Aliados (10 de Junho). Paris estava sob a autoridade do governo Deutz, enquanto 2/3 do território francês foram ocupados pelo inimigo. Pétain assinou um armistício (22-24 de Junho) que deixou à França uma zona não ocupada, as suas colónias, a sua armada (enquanto colocadas sob a autoridade do Governo de Vichy) e um exército reduzido.

Todas as forças alemãs estavam agora prontas a atacar a Inglaterra, último baluarte da resistência ao nazismo, onde o general De Gaulle tentava reagrupar franceses que queriam prosseguir a luta. Para preparar um desembarque, os 2269 aviões de Hitler atacaram as bases do Sul e Leste de Inglaterra, e seguidamente martelaram Londres e as grandes cidades. Os Ingleses não cederam (Batalha de Inglaterra, Agosto-Dezembro de 1940).


 

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Terça-feira, 25 de Agosto de 2009

Lunetas e telescópios, 400 anos de existência

Luneta de Galileu

 

O físico e astrónomo italiano Galileu Galilei (Pisa, 1564 - Florença, 1642) consagrou toda a sua existência à procura racional da verdade, tendo sido obrigado a renegar, aos 70 anos, perante o tribunal da Inquisição, a descoberta que tomara mais a peito — o movimento dos planetas, e, portanto, da Terra à volta do Sol. Galileu ensinou Matemática em Pádua em 1589. Pôs em causa a física aristotélica e fez-se promotor das teses de Copérnico; foi ele o verdadeiro fundador do moderno método experimental, que alia os raciocínios indutivo e dedutivo. Descobriu em 1602 as leis das quedas dos corpos e, em 1610, fabricou uma luneta astronómica, depois chamada luneta de Galileu, com a qual pôde então dedicar-se à observação astral (Lua, Sol, Júpiter, Saturno, Vénus). Ver texto no Público.

O telescópio

É um aparelho óptico que permite a visão de objectos longínquos. Contrariamente à objectiva da luneta astronómica, a objectiva de um telescópio não é constituída por uma lente mas por um espelho côncavo recoberto de fina película de prata ou de alumínio. Deste modo, a convergência não é obtida por refracção mas por reflexão sobre uma superfície parabólica, que faz com que as imagens se apresentem isentas de aberrações cromáticas. Existem vários tipos de telescópios. O mais simples, o telescópio de Newton, inventado por este físico em 1671, possui um espelho principal, parabólico, e um espelho secundário, plano, colocado um pouco antes do foco e inclinado 45º, de modo a reflectir a imagem sobre o lado do tubo onde ela é então observada com uma ocular. No telescópio de Cassegrain, o espelho secundário é convexo e comporta-se como uma lente divergente; este espelho secundário, colocado sobre o eixo óptico, reflecte a imagem para o espelho primário que tem um orifício no centro. A observação faz-se então na parte posterior do instrumento, como com uma luneta. O telescópio de Schmidt, além dos espelhos primário e secundário, possui uma lâmina correctora, espécie de lente de contorno especial que ao suprimir certas distorções marginais permite utilizar praticamente toda a superfície do espelho. Os telescópios de Schmidt, muito luminosos, são úteis para a fotografia de campos estelares. O celóstato permite, graças a uma imagem fixa, observações precisas. Num telescópio electrónico a ocular é substituída por uma câmara electrónica, que permite descobrir estrelas cem vezes mais fracas que com os meios clássicos.

 

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Sexta-feira, 17 de Julho de 2009

17 de Julho: início da Guerra Civil de Espanha

A cronologia da Guerra Civil de Espanha inicia-se a 17 de Julho de 1937, data do pronunciamento militar em Melilla contra o governo da República.

 

Estudos sobre a Guerra Civil de Espanha aqui.

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Quinta-feira, 16 de Julho de 2009

40 anos da missão Apolo 11

Clique sobre a imagem para ver o vídeo

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Terça-feira, 14 de Julho de 2009

Centenário de Elia Kazan

 

por Miguel Freitas da Costa *

 

Elia Kazan nasceu sob o Império Otomano. A família era da Anatólia grega; ele veio à luz em Istambul, capital da Turquia e do Império. Os cem anos que passaram desde o seu nascimento cobrem dois séculos – três, se considerarmos que em 1909 ainda não tinha começado realmente aquilo a que chamamos o século xx e que, para além da estrita e arbitrária divisão das centúrias, hoje se considera em geral ter começado com a Grande Guerra e acabado com a dissolução da União Soviética: o mundo em que nasceu era de facto, ainda, o do século xix.
Cedo emigrou com a família para os Estados Unidos, onde cresceu e viveu como outro americano qualquer, embora com uma consciência mais aguda do que qualquer outro da sua condição de estrangeiro numa terra que no fundo não deixava de ser em grande parte de «estrangeiros». Triunfou na sua pátria de adopção. No mundo das «artes teatrais» em que se notabilizou poucos foram lá festejados, lisonjeados e premiados como ele. Mas aquele sentimento, em que insiste até à saciedade na sua notável autobiografia, marcou a sua vida e a sua carreira. América, América (America, America, um livro que publicou e cinematizou em 1963) foi o tributo que prestou à pátria natal – e, ao mesmo tempo o reconhecimento prestado ao país em que viveu: um retrato comovido da sua dupla condição. Uma incursão autobiográfica muito menos bem sucedida foi um dos seus últimos filmes, The Arrangement (O Compromisso, 1969), um fracasso que ele próprio reconheceu.
Kazan pertenceu no seu tempo – e na minha memória desses tempos – ao panteão dos «grandes realizadores», quando os cinéfilos que pretendiam tomar a sério o cinema viam a arte cinematográfica à luz de umas quantas figuras tutelares, que se destacavam – ilusoriamente talvez, é mais fácil hoje vê-lo – da massa supostamente anónima dos «trabalhadores» do cinema. Era um tempo em que também a gravidade dos temas e das «teses» tinha um peso desproporcionado na avaliação dos escritores e directores de teatro e de cinema e na importãncia que se lhes dava.Embora já se possa verificar como a história do cinema não é só nem principalmente feita de grandes temas e de uma meia dúzia de cineastas com a «arte» na lapela – o certo é que, quanto mais não seja, o papel de Kazan na criação do Actor’s Studio e da sua escola de representação lhe confere uma relevância inegável no que definiu não só a arte mas a sensibilidade de uma época que ainda perdura. Pelo Actor’s Studio (que fundou com Cheryl Crawford e Robert Lewis e depois foi dirigido durante dezenas de anos por Lee Strasberg e para sempre estará associado ao nome deste), passaram centenas de actores – até Marylin Monroe ou Paul Newman, que hoje provavelmente pouca gente associa ao «Método»; entre eles houve dois que em grande parte devem a sua lenda a Elia Kazan, Marlon Brando e James Dean. Foi Kazan quem lançou Brando com o papel de Stanley Kowalsky em A Streetcar Named Desire (1951) e o primeiro grande papel de James Dean foi o de Cal em East of Eden (A Leste do Paraíso, 1955), que Paul Osborn e Kazan adaptaram de forma magnífica ao cinema a partir do romance de John Steinbeck.
No teatro, onde começou e onde voltou muitas vezes, e onde forjou inicialmente a sua reputação artística, iniciou-se modestamente no Group Theatre de Harold Clurman, onde também conheceu e trabalhou com Clifford Odets, o dramaturgo panfletário de Golden Boy e Waiting for Lefty – e de muitas outras coisas como o brilhante argumento do brilhante filme de Alexander MacKendrick The Sweet Smell of Success (1957). A carreira de Kazan no teatro ficou assinalada por várias encenações célebres, entre as quais as de The Skin of Our Teeth de Thornton Wilder e, sobretudo, na Broadway, Um eléctrico chamado desejo, de Tennessee Williams, e Morte de um caixeiro viajante, de Arthur Miller. As carreiras tanto de Tennessee Williams como de «Art» estiveram indissoluvelmente ligadas às encenações originais de Kazan. Williams seria amigo de Kazan até ao fim da vida, Miller – depois de dois ou três anos em que foram «como irmãos», nem por isso. Mas, em 1964, foi Kazan quem mais tarde pôs em cena After the Fall.
Precedido pela sua reputação teatral (que incluía um grande êxito hoje menos lembrado, o da peça Jacobowsky e o coronel, que depois seria um filme com Danny Kaye), foi recebido em Hollywood de braços abertos. Já conhecia os estúdios, onde tinha recebido de Lewis Milestone uma primeira instrução cinematográfica e teve papéis menores em dois filmes de Anatole Litvak. Kazan não se orgulhava muito dos primeiros filmes que realizou – nem principalmente dos que maior êxito de crítica e de público tiveram, Gentleman’s Agreement (A luz é para todos, 1947) ou Pinky (Herança Cruel, 1949); Boomerang (Crime sem castigo, 1947) ou Panic in the Streets (1950)são recordados por ele com muito mais carinho e respeito, merecidamente. Mas, de facto, como diz o crítico David Thomson, os seus «primeiros seis filmes mal são reconhecíveis como seus». O cinema começou por ser para ele uma extensão do teatro. Elia Kazan não fez muitos filmes: entre 1945 e 1976 dirigiu apenas 19 filmes. Mas valeram-lhe dois Óscares (em 1948, por Gentleman´s Agreement, e 1955, por On the Waterfront (Há lodo no cais, 1954), além de outras nomeações e de vários galardões em festivais europeus. Três deles, pelo menos, dão-lhe um lugar de relevo na história do cinema americano: Há lodo no cais, A Leste do Paraíso e O esplendor na relva. Kazan trabalhou com alguns dos melhores directores de fotografia da «indústria» e soube, nos seus melhores filmes, tirar o máximo partido deles. Deu largas ao seu lado «progressista» em Viva Zapata! (1952), que não é dos seus melhores filmes; o seu lado melodramático está patente em A Face in the Crowd (1957), mais interessante cinematograficamente; Wild River, 1960, é um filme de um lirismo melancólico, discreto e muitas vezes tocante. Em 1999, recebeu um Óscar pelo conjunto da sua carreira, num clima de extraordinária tensão.
Kazan fora membro do Partido Comunista nos anos trinta e conheceu bem a tirania exercida pelo «aparelho» no mundo artístico e intelectual. Embora sempre se tenha considerado um homem «de esquerda», ficou a detestar o comunismo e o Partido, o seu dogmatismo, as suas mentiras, a sua mesquinhez, a sua hipocrisia e a sua falta de escrúpulos. Na época do chamado «maccarthismo» quis tomar posição e, em 1954, aceitou colaborar com a Comissão Parlamentar sobre Actividades Anti-americanas (o House Committee on Un-american Activities, HCUA, muitas vezes designado por HUAC). Esse episódio, além de outras consequências pessoais e profissionais, coloriu indelevelmente a imagem de Kazan e determinou em muitos aspectos a sua vida e a sua carreira. Na cerimónia de 1999 – cinquenta anos depois, note-se – subiu ao palco «escoltado» por Martin Scorsese e Robert de Niro perante um público em que era palpável a animosidade de muitas das celebridades presentes. Acabou por ser ovacionado de pé por grande parte da assistência, mas houve muita gente que se recusou ostensivamente a aplaudir – e alguns que não se levantaram. Warren Beatty, um dos «progressistas» encartados de Hollywood, bateu-lhe palmas, mas só porque – como se sentiu obrigado a explicar – a sua carreira de actor de cinema, mais um, se inciou com ele em O esplendor na relva. Conta-se que Abraham Polonsky, um argumentista e realizador que esteve na «lista negra» dos anos 50, declarou na altura que teria gostado de ver Kazan abatido a tiro no palco. O rancor impenitente dos grandes humanistas é sempre um espectáculo reconfortante.
A vida de Kazan ninguém a contou melhor do que ele: A Life, um livro que publicou em 1988, é uma obra monumental, de uma franqueza impressionante e cuja leitura é difícil de interromper; começa de forma irresistível com a história da família, na Anatólia natal e não nos larga até ao fim. Considerava-se um homem feliz, mas no fundo nunca esqueceu o que lhe disse em pequeno um tio seu: «Não te rales muito. Normalmente corre tudo mal.»

 

Texto inicialmente publicado no volume Annualia 2008-2009


Rod Steiger e Marlon Brando em On the Waterfront:

 

 

Marlon Brando e Vivien Leigh em A Streetcar Named Desire

 

 

 Natalie Wood e Warren Beatty em Splendor in the Grass

 

 

publicado por annualia às 11:14
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180 anos da Confeitaria Nacional

  

Fundada em 1829, na Rua da Betesga, por Baltazar Roiz Castanheiro, transmontano que trouxe para a capital segredos da cozinha conventual da sua região de origem, cuja exímia realização fez com que viesse a ser eleito Juiz da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira, padroeira dos confeiteiros de Lisboa. Baltazar morreu aos 44 anos e o estabelecimento, que entretanto tinha sofrido alterações em 1835 com a abertura de mais duas portas, desta vez para a Rua dos Correeiros, passou para os seus descendentes.
Baltazar Castanheiro Júnior viajou pelo estrangeiro, nomeadamente pelo Sul de França, de onde trouxe o segredo do fabrico do bolo-rei, que haveria de se tornar uma das principais atracções da doçaria da Confeitaria Nacional, e procurou atingir os mais altos padrões de qualidade através da contratação de mestres confeiteiros franceses e espanhóis.
A produção estendeu-se do fabrico de bolos e doces às compotas e licores de fruta, que rapidamente projectam a Confeitaria Nacional no exterior, através de distinções recebidas em exposições internacionais (Viena, Filadélfia, Paris e Lisboa).
A fama que passou a rodear o estabelecimento, bem como a centralidade da sua localização, tornaram a Confeitaria Nacional um lugar de encontro social e mundano (o popular dramaturgo Gervásio Lobato frequentou-a, escreveu lá e fez dela cenário de uma das suas peças), o que lhe fez merecer lugar na primeira página do Diário Ilustrado nas vésperas do Natal de 1872. Por outro lado, de 28 de Outubro de 1873, por alvará do rei D. Luís, até ao fim da monarquia, a Confeitaria Nacional adquiriu o prestigioso estatuto de fornecedor da Casa Real.
O bisneto do fundador, Rafael Castanheiro Viana, assumiu a orientação da casa em 1913, numa época em que a publicidade dava os primeiros mas decisivos passos, sabendo que atrás de si havia já uma longa história de que se orgulhar. Passou, assim, a promover a Confeitaria nos principais jornais e, nessa medida, sentiu a necessidade de redefinir o grafismo associado à empresa, tendo sido ele a encomendar o logotipo que ainda hoje identifica a Confeitaria.
Por outro lado, ficaram patentes as preocupações sociais e a modernidade de concepções do proprietário ao dotar o estabelecimento de instalações específicas destinadas aos empregados: posto médico, biblioteca e balneários.
O prestígio e a solidez alcançada, bem como a continuada qualidade dos seus produtos, fizeram com que a casa continuasse a fornecer pessoas e entidades de primeiro plano, públicas e privadas. Em 1940, foi-lhe atribuído solenemente o estatuto de Casa Centenária da Associação Comercial de Lisboa, em cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marechal Carmona.
Na mesma família há cinco gerações, premiada em várias exposições internacionais tanto pela doçaria tradicional portuguesa como pelas inovações criadas ao longo dos tempos, a Confeitaria Nacional, mantendo sempre a unidade decorativa e arquitectónica do prédio em que se situa há 180 anos, tem-se adequado aos novos tempos, embora mantendo sempre a ligação aos métodos tradicionais de confecção e à sua própria história, agora com a utilização do primeiro andar, tal como no tempo do filho do fundador.


Texto inicialmente publicado no volume Annualia 2008-2009

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Quinta-feira, 9 de Julho de 2009

Os 50 anos da revista «tempo presente»

TEMPO PRESENTE, UMA REVISTA CONTRA-CORRENTE *
por António Leite da Costa 

  

O aparecimento, em 1959, da revista tempo presente, que tinha como director Fernando Guedes, um conselho de redacção formado por António José de Brito, António Manuel Couto Viana, Caetano de Melo Beirão e Goulart Nogueira e secretário, João Manuel Pedra Soares – e, a partir do segundo ano, número 13, também Artur Anselmo, único secretário no último ano – e, como editor e proprietário José Maria Alves, veio contribuir para um debate que, não sendo novo entre nós, ganhava, então como hoje, uma premente actualidade. O debate era amplo e versava várias questões. Logo à partida, o que se entende por cultura e cultura portuguesa, pois de uma revista portuguesa de cultura se tratava. Uma segunda nota é que a cultura é sempre uma cultura viva, que alia o pensamento e acção ou transforma o pensamento em acção. Daqui resultou, como consequência lógica, a intervenção, no meio cultural português, de um grupo de intelectuais nacionalistas e monárquicos seduzidos também eles por propostas modernas e vanguardistas de artistas e de escritores, nacionais e estrangeiros, o que naturalmente punha em causa a visão largamente difundida pelos intelectuais de esquerda, que a si mesmos se consideravam os únicos capazes de compreender os sinais dos tempos e as correntes do futuro, de modo a entrar, definitivamente, nas páginas da História.
É que, embora a revista se chamasse tempo presente, ela continha em si mesma as páginas do futuro, sem deitar fora as lições do passado. Significativamente, citava, logo no primeiro número (p. 3), três textos – um do Ecclesiastes, outro de Santo Agostinho e o último do poeta e dramaturgo anglo-americano T. S. Eliot – que reforçavam esta ideia que animou e deu corpo a este projecto cultural. A citação de T. S. Eliot é verdadeiramente paradigmática e, por isso, vale a pena recordá-la:

O tempo presente e o tempo passado
São ambos presentes talvez no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.

Mas foi ao longo de várias páginas da rubrica tempo presente que número após número se nos foi dando conta não só das claras e límpidas intenções da revista mas também da reacção, por vezes intempestiva e nem sempre inteligente – isto é, capaz de saber ler o que de facto estava escrito –, de críticos e opositores. Quase sempre assinados por Goulart Nogueira, constituíram estes textos uma forma de elucidar o leitor mais distraído daquilo que, na velha linguagem camoneana, se via claramente visto, mas que alguns teimosamente não queriam acreditar, talvez pelo carácter inovador e arrojado da própria revista.
Daí que, no número 12 (Abril de 1960), ao encerrar-se o primeiro ano de vida, numa nota assinada pela redacção e intitulada também tempo presente (pp. 3-5), se fizesse o ponto da situação e se esclarecessem assinantes e leitores: " Qual foi o nosso intuito? Fazer uma revista que tivesse acção reactiva, revolucionária e formativa, que despertasse energias, que desencadeasse forças, que evidenciasse os valores, que gerasse uma consciência." E, por isso, esta revista combatente, como também se proclama, não entrou, "comodamente, na corrente: fizemos contra-corrente, lutámos." Para logo acrescentar: " Pretendeu-se, nesta revista, dar um testemunho de presença ao supremo valor, ao que é totalmente humano, um testemunho actual." E continua: " Nas artes, no pensamento, em todas as manifestações espirituais e humanas, qual foi a nossa posição e o nosso cuidado? Aceitar que todas as posições eram possíveis e legítimas, digamos até necessárias, desde que não tornassem parcelares o homem e a vida. O todo e o universal tinham de integrar o modo e as parcelas, o humano tinha de justificar as obras, o espírito tinha de explicá-las e inspirá-las, elas tinham de situar-se nele." Para logo acrescentar: "Por isso, nunca nos fechámos em uma escola. Se alguém nos considerou neo-futuristas, concretistas ou qualquer coisa semelhante, teve, a breve trecho, de desenganar-se."
A ligação entre o passado e o presente, o clássico e o moderno foi constante e permanente. " A quem tenha estado atento, não haverá escapado que, desde o primeiro número, declaramos aceitar a obra clássica e a moderna, a realista e a romântica, a documental e a imaginativa, etc., etc." Daí que tenham apresentado " ao público português autores, obras e tendências modernas, de modo a torná-lo conhecedor do que se vai processando no mundo – esta é uma tarefa sobretudo informativa." Mas também " apresentámos ao público os autores, as obras e tendências que, nesta época negativista, perplexa, materialista, fragmentária, cerebralista ou sentimentalista, comunicam a fé e a afirmação, o espiritualismo e a unidade, a integridade humana e a dedicação, a claridade e a naturalidade sábia, a virilidade e a luta." E, mais adiante, esclarece: " A nossa revista pretendeu, pois, dar testemunho de interesse pelos vários sectores da cultura" e que mostra, desde o início, " insubmissão à lei das maiorias ou ao insulto desta conturbada época. Eis uma tarefa que nos compete e que temos procurado cumprir". E cumpriram.
No início do terceiro ano de publicação ( nº21-1961), e de novo em tempo presente (pp. 3-5) – e da responsabilidade da redacção – se faz um balanço da influência da revista no meio cultural português, afirmando acertada e justamente: " Trouxemos ao panorama cultural português um revigoramento inesperado, uma inesperada voz – dizemo-lo com simplicidade, sem vaidade pavoneante, mas com justo orgulho." Pois, " com tempo presente começou o processo de desmistificação, como se diz em linguagem da moda." Mas se " houve emocionados sobressaltos de adesão, houve um frémito de juvenilidade; e, por outro lado, houve o surdo rancor, a raiva impotente, a campanha do silêncio, tentando abafar o som deste clarim rejubilante, vivo." Em suma, como quase sempre sucede a quem fica irremediavelmente preso ao comodismo, houve não só a incompreensão da novidade como o medo da ousadia, de ir mais além, de tentar compreender o futuro gerado continuamente no presente.
A perfeita ligação entre tradição e modernidade, reflectiu-se, desde logo, na qualidade gráfica da revista, com capas de Fernando Lanhas, nos temas e artistas estudados, na riqueza literária das colaborações, no cuidado da organização de cada número, na selecção dos textos antologiados, na divulgação da correspondência inédita publicada, nos poetas traduzidos com sensibilidade e rigor. Mas também nos temas versados que iam desde o direito à política, passando pela música e o teatro, a filosofia e a história, o cinema e a rádio, a sociologia e a antropologia, a literatura e as artes plásticas, que naturalmente abundavam, sem esquecer a crítica literária e a polémica, plena de ironia da rubrica A besta esfolada, título tomado de empréstimo a José Agostinho de Macedo, e, embora não assinada, da autoria de Goulart Nogueira.
O número duplo de tempo presente de Set./Out. de 1960 (17/18) é dedicado ao V Império. Nele colaboraram Agostinho da Silva, Álvaro Ribeiro, António Manuel Couto Viana, Artur Anselmo – responsável pela organização deste volume - , Duarte de Montalegre ( J. V. de Pina Martins), Fernando Guedes, Fernando Luso Soares, Goulart Nogueira, Rafael Monteiro, Raul Leal e Raymond Cantel. Contém igualmente uma antologia sobre o mesmo tema, feita pelo secretário da revista e organizador deste número. Este número duplo teve larga projecção, tendo sido adquirido por alguns leitores seduzidos apenas por esta matéria e que não compravam habitualmente a revista, existindo mesmo em duplicado em algumas bibliotecas, antevendo os respectivos bibliotecários o natural interesse das futuras gerações por este assunto e o modo como era aqui exposto, quer literária, quer graficamente.
Nos 27 números publicados, de Maio de 1959 a 1961, deram-se a conhecer autores e correntes estéticas pouco divulgadas entre nós, como Ezra Pound, T. S. Eliot, Stefan George, Hilda Doolitle, W. B. Yeats ou o vorticismo, o dadaísmo, a pintura abstracta, o concretismo (na música e na poesia), os Angry Young Men, a Beat Generation. Ou ainda, na sétima arte, cineastas como Eisenstein, Fritz Lang e Truffaut, para além de artistas plásticos como Graham Sutherland, Paul Nash, Henry Moore, Rouault. Nas suas páginas "reencontrou-se" o grupo do Orpheu com textos de Fernando Pessoa, Almada negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Raul Leal, colaboraram Manuel Bandeira, Murillo Araújo, Lygia Fagundes Teles, os concretistas brasileiros Décio Pignatari e Haroldo e Augusto de Campos, foram reveladas peças até aí inéditas de Almada Negreiros, Alfredo Cortez, Tomaz de Figueiredo, Raul Leal, saíram antologias de Robert Brasillach, Drieu la Rochelle e Giovanni Papini.
A lista de colaboradores e de autores de textos inéditos ou reproduzidos atinge praticamente a centena e meia. Muitos deles já consagrados, outros que se tornaram conhecidos no jornal Mensagem, editado em Coimbra (1948), ou nas folhas de poesia Tavola Redonda (1950) ou na revista Graal (1956), ambas de Lisboa. Outros ainda que colaboraram no 57(Lisboa, 1957) ou fundaram a revista Cidadela (Coimbra,1959) ou escreviam regularmente nos Estudos do velho C.A.D.C. de Coimbra e que buscaram neste tempo presente um local de convívio e encontro cultural. Finalmente, aqueles que aqui encontraram o seu espaço de debate e de afirmação: Agostinho da Silva, Agustina Bessa-Luís, Amândio César, António Botelho, António Quadros, António Correia de Oliveira, António Salvado, Ana Hatherly, Álvaro Ribeiro, Armando Cortês Rodrigues, Artur Anselmo, Carlos Eduardo de Soveral, Domingos Mascarenhas, Duarte de Montalegre, Eduíno de Jesus, Esther de Lemos, Fausto José, Fernando Paços, Francisco da Cunha Leão, Francisco Rendeiro, O. P., J. Beckert d’Assumpção, J. Monteiro-Grilo, João Bigotte Chorão, José Blanc de Portugal, José Enes, José Valle de Figueiredo, Luís Cajão, Luís Forjaz Trigueiros, Manuel de Seabra, Manuel Gama, Manuel Moutinho, Manuel Múrias, Manuel Vieira, Maria Manuela Couto Viana, Matilde Rosa Araújo, Mário Saa, Miranda Barbosa, Natércia Freire, Nuno de Sampayo, Ruy Alvim, Ruy Belo, Sellés Paes, Soares Martins, Tomás Kim, Tomás Ribas e tantos outros.
Mas toda a concepção, organização e realização da revista é obra sobretudo do seu director – Fernando Guedes -, do conselho de redacção – António José de Brito, António Manuel Couto Viana, Caetano de Melo Beirão e Goulart Nogueira – e dos secretários, inicialmente João Manuel Pedra Soares e, a partir do segundo ano, Artur Anselmo. Todos eles se desdobraram na redacção de ensaios, crítica literária, pequenas notas ou crónicas, em traduções de autores estrangeiros, ou em antologias de escritores de referência que marcaram cada número da revista e o seu conjunto de forma indelével e duradoura, merecendo muitos desses textos figurar, também eles, numa antologia do que de melhor se escreveu em revistas portuguesas, pois estão, ainda hoje, prenhes de actualidade e de rigor.
Como G. K. Chesterton, também esta revista quis ser contra-corrente. E é, por isso, que como este genial e admirável escritor inglês ela é também, ainda agora, cinquenta anos passados, tempo presente.
 
*Texto inicialmente publicado no volume Annualia 2008-2009.


 

publicado por annualia às 14:32
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Terça-feira, 7 de Julho de 2009

George Cukor nasceu há 110 anos

 

 

Cineasta americano (Nova Iorque, 7.7.1899 — Los Angeles, 24.1.1983). Com larga experiência teatral, no cinema celebrizou-se pela versatilidade, inteligência e pela eficácia na direcção de actores. Talvez o seu filme mais conhecido tenha sido My Fair Lady (1964, com Audrey Hepburn), mas Cukor distingue-se por um grande número de filmes (comédias, melodramas) dirigidos com grande saber e onde as personagens femininas (e suas intérpretes) emergem decisivamente. Desde logo Katherine Hepburn (A Bill of Divorcement, 1932; Little Women, 1933; Sylvia Scarlett, 1935; The Philadelphia Story, 1940; Adam’s Rib, 1951; etc.), mas também Jean Harlow (Dinner at Eight, 1933), Greta Garbo (Camille, 1935; Two-faced Woman, 1941), Claudette Colbert (Zaza, 1938), Ingrid Bergman (Gaslight, 1944), Greer Garson (Desire Me, 1947), Lana Turner (A Life of Her Own, 1950), Judy Holliday (Born Yesterday, 1950), Jean Simmons (The Actress, 1953), Ava Gardner (Bhowani Junction, 1955), Anna Magnani (Wild Is the Wind, 1957), Marilyn Monroe (Let’s Make Love, 1960) e também Sophia Loren, Jane Fonda, Elizabeth Taylor, Jacqueline Bisset e Candice Bergen.

 

 


 

publicado por annualia às 09:28
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Segunda-feira, 29 de Junho de 2009

Alfred Tennyson - ano do bicentenário

 

Poeta inglês (1809-1892) que estudou em Cambridge, mas foi obrigado a interromper os estudos, em virtude da morte do pai. No começo da segunda metade do século xix fizeram-no poeta laureado da corte da rainha Vitória, tendo sido considerado em vida o maior poeta do seu tempo. Sobre Tenyson escreveu João Almeida Flor na Enciclopédia Verbo:«Alfred Tennyson é uma personalidade dialéctica, sempre oscilante entre o desejo e a frustração, o conformismo e a recusa, o comprometimento e o distanciamento, a transitoriedade e a permanência. A sua grandeza deriva de uma total dedicação à missão do poeta como intérprete dos sinais dos tempos, difundindo entre os homens a sua visão. Curiosamente divorciado das realidades mais profundas do seu momento histórico no campo social e económico, Alfred Tennyson. procurou ser um poeta do e para o seu tempo, afirmando o sentido último do universo como projecto da Providência e a unidade cósmica subjacente à heterogeneidade aparentemente caótica das coisas. A poesia de Alfred Tennyson é um debate contínuo que explora as possibilidades de conciliação das crenças tradicionais com as conquistas do séc. xix, um esforço de síntese entre as inquietações metafísico-religiosas de raiz romântica e o saber positivista da revolução industrial. Considerado em vida como o maior poeta do seu tempo, Alfred Tennyson. foi durante a primeira metade do séc. xx um dos alvos preferidos dos que pretendiam desacreditar a cultura vitoriana».

Ver poemas e outras informações aqui.

publicado por annualia às 16:24
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