Elinor Ostrom demonstrou como a propriedade comum pode ser gerida com êxito por associações de utilizadores. Oliver Williamsom desenvolveu uma teoria em que as empresas servem como estruturas de resolução de conflitos. Ao longo das últimas três décadas, estes contributos seminais colocaram a investigação sobre a governança económica no centro da atenção dos cientistas.
As transacções económicas têm lugar não só nos mercados, mas também no interior das empresas, das associações, das famílias e das agências. Enquanto a teoria económica tem feito luz, de forma abrangente, sobre as virtudes e as limitações dos mercados, tem prestado menos atenção para outras combinações institucionais. A investigação de ElinorOstrom e de Oliver Williamson demonstrou que a análise económica que a análise económica pode lançar luz sobre a maior parte das formas de organização social.
Elinor Ostrom desafiou a convicção convencional de que a propriedade comum é mal gerida e dever ser regulada pelas autoridades centrais ou privatizada. Baseada em numerosos estudos sobre stocks de peixe, pastagens, florestas, lagos e bacias hidrográficas geridas pelos utilizadores, Ostrom conclui que os resultados são, frequentemente, melhores do que os previstos pelas teorias standard. Ela observa que os utilizadores de recursos desenvolvem, muitas vezes, mecanismos sofisticados para a tomada de decisões e o cumprimento das regras com vista à gestão dos conflitos de interesses, e caracteriza as regras que promovem bons resultados.
Oliver Williamson tem demonstrado que os mercados e as organizações hierarquizadas, como as empresas, representam estruturas de governância alternativas, apresentam cujas abordagens à resolução de conflitos são diferentes.
O inconveniente dos mercados é que eles muitas vezes dão origem ao regateio e ao desacordo. O inconveniente das empresas é que pode verificar-se abuso de autoridade, a qual tende a enfraquecer a contenção. Os mercados competitivos funcionam relativamente bem, dado que quem compra e quem vende pode virar-se para outros parceiros de negócio, em caso de discordância. Mas quando a competição no mercado é limitada, as empresas estão melhor equipadas para resolver os conflitos. Uma previsão essencial da teoria de Williamson, a qual tem sido demonstrada empiricamente, é que a propensão dos agentes económicos para fazerem as suas transacções dentro dos limites de uma empresa aumenta com aspectos específicos de relacionamento apresentados pelos seus activos.
Depoimento de Isabel Jonet, figura em destaque na Annualia 2008-2009, ao jorna OJE.
«Para a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome e da ENTRAJUDA, a actual crise financeira terá seguramente impactos a nível económico, com consequências ainda incertas, especialmente para o Terceiro Sector que, "composto por instituições ainda muito dependentes de boas vontades e de donativos, apesar de contribuírem para 4% do PIB, verá a situação agudizada".
Os reflexos da crise antevêem-se igualmente dramáticos face ao acréscimo do desemprego, principal causa de pobreza a par com a velhice e a deficiência, atingindo sobretudo famílias pobres, com baixos níveis de qualificações, alerta: "muitas famílias que assumiram créditos encontram-se sobreendividadas, o que gera muita perturbação e sobretudo grande frustração".
Quanto à ameaça especulativa da crise alimentar, Isabel Jonet acredita que o acréscimo dos preços das matérias-primas registado com especial incidência nos últimos meses será regulado a prazo pelo mercado, tendência que já se verifica. No entanto, existe uma questão que tem sido pouco aflorada e que o rosto do Banco Alimentar julga ser responsável por alguma "desorientação" financeira, sobretudo junto das pessoas mais velhas e com menos cultura financeira: a introdução do euro veio alterar o referencial (1 euro não é igual a 100 escudos, no entanto um café passou de 50 escudos para 0,5 euros). Assim, "muitas pessoas perderam a noção do valor real do dinheiro", o que, "aliado ao aumento de preços, a salários insuficientes, a pensões de reforma muito baixas, à necessidade de medicamentos indispensáveis, a prestações de créditos assumidos graça ao facilitismo na sua concessão e ao fascínio por bens de consumo ‘oferecidos de bandeja’, gera situações dificílimas". Há que prestar cultura financeira e voltar a incutir valores, invertendo, sobretudo, o espírito consumista e imediatista que impera nas sociedades actuais, de forma transversal, sem medir consequências nem efeitos a nível individual ou colectivo, defende.»
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