Salvador Dalí (Figueres, 11.5.1904 - ibid., 23.1.1989)
«A fortuna e a excentricidade (usada como veículo de valorização pessoal) conjuram-lhe a ira e logo o anátema dos antigos companheiros, que lhe apõem o anagrama Avida Dollars, confessando, todavia, como Breton em 1952, que ele encarnou, durante três ou quatro anos, o espírito surrealista. Em Nova Iorque, influencia a moda e a publicidade, mas a sua pintura, desde 1937-1938, colocara-se à sombra de uma duvidosa influência rafaelesca, que provou não ser a mais adequada ao seu espírito. Regressando a Espanha, encontra-se com a tradição barroca nacional, embrenha-se em temas religiosos e, mais recentemente, pretendeu explorar «atomicamente» os seus modelos. Na densa floresta do estulto exibicionismo em que ele próprio e a sua obra se comprazem, é quase impossível descobrir a face autêntica de Salvador Dalí. A autobiografia que publicou não ajuda nada, evidentemente, a encontrar o homem. Mas a sua obra é, historicamente, da maior importância na arte deste século e o enigma Dalí assume, por vezes, o valor de um arquétipo.»
Fernando Guedes em Enciclopédia Verbo-Edição Século XXI.
A persistência da memória