O Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores (Associação Portuguesa de Escritores) e da Câmara Municipal de Castelo Branco foi atribuído ao livro Diário Quase Completo, de João Bigotte Chorão.
A decisão de distinguir esta obra, publicada pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, foi tomada por um júri presidido por José Correia Tavares (vice-presidente da APE) e constituído por Artur Anselmo, Cristina Robalo Cordeiro e Clara Rocha.


João Bigotte Chorão é um escritor português (Guarda, 1933) ligado, por gosto e formação, às culturas italiana e francesa, prestando particular atenção ao diarismo, ao memorialismo e à epistolografia, áreas de que é profundo conhecedor. A sua obra reparte-se sobretudo pelo ensaio e pelo diário. De formação humanista cristã, João Bigotte Chorão foi director literário da Editorial Verbo e aí teve a seu cargo o departamento de Enciclopédias e Dicionários, no âmbito do qual dirigiu a publicação da Enciclopédia Verbo – Edição Século XXI (29 volumes, 1998-2003), para a qual também redigiu numerosos verbetes. É um colaborador assíduo de Annualia.
Algumas obras, além da intensa colaboração em revistas, de numerosos prefácios, estudos e palestras: Vintila Horia ou um Camponês do Danúbio (1978), Camilo. A Obra e o Homem (1979; 2.ª ed. rev.: Camilo, Esboço de um Retrato, 1989); João de Araújo Correia, um Clássico Contemporâneo (1986); O Escritor na Cidade (1986); Carlos Malheiro Dias na Ficção e na História (1992); Camilo Camiliano (1993); O Essencial sobre Camilo (1997); Nossa Lisboa dos Outros (1999); O Essencial sobre Tomaz de Figueiredo (2000); Galeria de Retratos (2000); Diário Quase Completo (2001); O Espírito da Letra (2004).
Historiador, investigador e ensaísta português (Funchal, 1919 - Lisboa, 6.3.2008). Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professor liceal até 1972. Exerceu depois funções docentes na Universidade de Lisboa e na Universidade Nova de Lisboa. Pertenceu ao conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian. Dirigiu o Dicionário da História de Portugal, que ainda hoje constitui uma referência fundamental da historiografia portuguesa do século XX. Na linha da historiografia dos Annales, que marcou muito a sua época, dedicou particular atenção a problemas culturais e literários, especialmente do século XIX, privilegiando uma perspectiva sociológica e um ensaísmo de linha sergiana. De salientar os seus contributos para o conhecimento e revalorização de autores como Cesário Verde, Sampaio Bruno e D. Francisco Manuel de Melo. Foi também um dos pioneiros dos estudos pessoanos, sobretudo na compilação, edição e interpretação de textos sobre a sua ideia de Portugal e relações com o Sebastianismo.
Com A. H. de Oliveira Marques dirigiu também uma Nova História de Portugal e uma Nova História da Expansão Portuguesa.
A sua vasta obra abrange: O Carácter Social da Revolução de 1383 (1946), Cesário Verde: Interpretação, Poesias Dispersas e Cartas (1957), Sampaio Bruno: O Homem e o Pensamento (1959), Temas Oitocentistas I (1959), Temas de Cultura Portuguesa (1960), D. Francisco Manuel de Melo, Alterações de Évora-1637 (1967, Introdução, fixação do texto, Apêndice Documental e Notas), Do Sebastianismo ao Socialismo em Portugal (1969), Iniciação ao Filosofar (1970), Cronologia Geral da História de Portugal (1971), Portugueses Somos (1975), O Sentido de Portugal segundo Fernando Pessoa (1976), Testemunhos sobre a Emigração Portuguesa (1978), Temas Oitocentistas II (1978), Fernando Pessoa, Cidadão do Imaginário (1981), Génese e Estrutura do Pensamento Sócio-Político de Antero de Quental: Introdução a Antero de Quental: Prosas Sócio-Políticas (1982), O Primeiro Fradique Mendes (1985), Notas sobre a situação da mulher portuguesa oitocentista (1986), Temas Históricos Madeirenses (1992).