Quinta-feira, 9 de Julho de 2009

Os 50 anos da revista «tempo presente»

TEMPO PRESENTE, UMA REVISTA CONTRA-CORRENTE *
por António Leite da Costa 

  

O aparecimento, em 1959, da revista tempo presente, que tinha como director Fernando Guedes, um conselho de redacção formado por António José de Brito, António Manuel Couto Viana, Caetano de Melo Beirão e Goulart Nogueira e secretário, João Manuel Pedra Soares – e, a partir do segundo ano, número 13, também Artur Anselmo, único secretário no último ano – e, como editor e proprietário José Maria Alves, veio contribuir para um debate que, não sendo novo entre nós, ganhava, então como hoje, uma premente actualidade. O debate era amplo e versava várias questões. Logo à partida, o que se entende por cultura e cultura portuguesa, pois de uma revista portuguesa de cultura se tratava. Uma segunda nota é que a cultura é sempre uma cultura viva, que alia o pensamento e acção ou transforma o pensamento em acção. Daqui resultou, como consequência lógica, a intervenção, no meio cultural português, de um grupo de intelectuais nacionalistas e monárquicos seduzidos também eles por propostas modernas e vanguardistas de artistas e de escritores, nacionais e estrangeiros, o que naturalmente punha em causa a visão largamente difundida pelos intelectuais de esquerda, que a si mesmos se consideravam os únicos capazes de compreender os sinais dos tempos e as correntes do futuro, de modo a entrar, definitivamente, nas páginas da História.
É que, embora a revista se chamasse tempo presente, ela continha em si mesma as páginas do futuro, sem deitar fora as lições do passado. Significativamente, citava, logo no primeiro número (p. 3), três textos – um do Ecclesiastes, outro de Santo Agostinho e o último do poeta e dramaturgo anglo-americano T. S. Eliot – que reforçavam esta ideia que animou e deu corpo a este projecto cultural. A citação de T. S. Eliot é verdadeiramente paradigmática e, por isso, vale a pena recordá-la:

O tempo presente e o tempo passado
São ambos presentes talvez no tempo futuro
E o tempo futuro contido no tempo passado.

Mas foi ao longo de várias páginas da rubrica tempo presente que número após número se nos foi dando conta não só das claras e límpidas intenções da revista mas também da reacção, por vezes intempestiva e nem sempre inteligente – isto é, capaz de saber ler o que de facto estava escrito –, de críticos e opositores. Quase sempre assinados por Goulart Nogueira, constituíram estes textos uma forma de elucidar o leitor mais distraído daquilo que, na velha linguagem camoneana, se via claramente visto, mas que alguns teimosamente não queriam acreditar, talvez pelo carácter inovador e arrojado da própria revista.
Daí que, no número 12 (Abril de 1960), ao encerrar-se o primeiro ano de vida, numa nota assinada pela redacção e intitulada também tempo presente (pp. 3-5), se fizesse o ponto da situação e se esclarecessem assinantes e leitores: " Qual foi o nosso intuito? Fazer uma revista que tivesse acção reactiva, revolucionária e formativa, que despertasse energias, que desencadeasse forças, que evidenciasse os valores, que gerasse uma consciência." E, por isso, esta revista combatente, como também se proclama, não entrou, "comodamente, na corrente: fizemos contra-corrente, lutámos." Para logo acrescentar: " Pretendeu-se, nesta revista, dar um testemunho de presença ao supremo valor, ao que é totalmente humano, um testemunho actual." E continua: " Nas artes, no pensamento, em todas as manifestações espirituais e humanas, qual foi a nossa posição e o nosso cuidado? Aceitar que todas as posições eram possíveis e legítimas, digamos até necessárias, desde que não tornassem parcelares o homem e a vida. O todo e o universal tinham de integrar o modo e as parcelas, o humano tinha de justificar as obras, o espírito tinha de explicá-las e inspirá-las, elas tinham de situar-se nele." Para logo acrescentar: "Por isso, nunca nos fechámos em uma escola. Se alguém nos considerou neo-futuristas, concretistas ou qualquer coisa semelhante, teve, a breve trecho, de desenganar-se."
A ligação entre o passado e o presente, o clássico e o moderno foi constante e permanente. " A quem tenha estado atento, não haverá escapado que, desde o primeiro número, declaramos aceitar a obra clássica e a moderna, a realista e a romântica, a documental e a imaginativa, etc., etc." Daí que tenham apresentado " ao público português autores, obras e tendências modernas, de modo a torná-lo conhecedor do que se vai processando no mundo – esta é uma tarefa sobretudo informativa." Mas também " apresentámos ao público os autores, as obras e tendências que, nesta época negativista, perplexa, materialista, fragmentária, cerebralista ou sentimentalista, comunicam a fé e a afirmação, o espiritualismo e a unidade, a integridade humana e a dedicação, a claridade e a naturalidade sábia, a virilidade e a luta." E, mais adiante, esclarece: " A nossa revista pretendeu, pois, dar testemunho de interesse pelos vários sectores da cultura" e que mostra, desde o início, " insubmissão à lei das maiorias ou ao insulto desta conturbada época. Eis uma tarefa que nos compete e que temos procurado cumprir". E cumpriram.
No início do terceiro ano de publicação ( nº21-1961), e de novo em tempo presente (pp. 3-5) – e da responsabilidade da redacção – se faz um balanço da influência da revista no meio cultural português, afirmando acertada e justamente: " Trouxemos ao panorama cultural português um revigoramento inesperado, uma inesperada voz – dizemo-lo com simplicidade, sem vaidade pavoneante, mas com justo orgulho." Pois, " com tempo presente começou o processo de desmistificação, como se diz em linguagem da moda." Mas se " houve emocionados sobressaltos de adesão, houve um frémito de juvenilidade; e, por outro lado, houve o surdo rancor, a raiva impotente, a campanha do silêncio, tentando abafar o som deste clarim rejubilante, vivo." Em suma, como quase sempre sucede a quem fica irremediavelmente preso ao comodismo, houve não só a incompreensão da novidade como o medo da ousadia, de ir mais além, de tentar compreender o futuro gerado continuamente no presente.
A perfeita ligação entre tradição e modernidade, reflectiu-se, desde logo, na qualidade gráfica da revista, com capas de Fernando Lanhas, nos temas e artistas estudados, na riqueza literária das colaborações, no cuidado da organização de cada número, na selecção dos textos antologiados, na divulgação da correspondência inédita publicada, nos poetas traduzidos com sensibilidade e rigor. Mas também nos temas versados que iam desde o direito à política, passando pela música e o teatro, a filosofia e a história, o cinema e a rádio, a sociologia e a antropologia, a literatura e as artes plásticas, que naturalmente abundavam, sem esquecer a crítica literária e a polémica, plena de ironia da rubrica A besta esfolada, título tomado de empréstimo a José Agostinho de Macedo, e, embora não assinada, da autoria de Goulart Nogueira.
O número duplo de tempo presente de Set./Out. de 1960 (17/18) é dedicado ao V Império. Nele colaboraram Agostinho da Silva, Álvaro Ribeiro, António Manuel Couto Viana, Artur Anselmo – responsável pela organização deste volume - , Duarte de Montalegre ( J. V. de Pina Martins), Fernando Guedes, Fernando Luso Soares, Goulart Nogueira, Rafael Monteiro, Raul Leal e Raymond Cantel. Contém igualmente uma antologia sobre o mesmo tema, feita pelo secretário da revista e organizador deste número. Este número duplo teve larga projecção, tendo sido adquirido por alguns leitores seduzidos apenas por esta matéria e que não compravam habitualmente a revista, existindo mesmo em duplicado em algumas bibliotecas, antevendo os respectivos bibliotecários o natural interesse das futuras gerações por este assunto e o modo como era aqui exposto, quer literária, quer graficamente.
Nos 27 números publicados, de Maio de 1959 a 1961, deram-se a conhecer autores e correntes estéticas pouco divulgadas entre nós, como Ezra Pound, T. S. Eliot, Stefan George, Hilda Doolitle, W. B. Yeats ou o vorticismo, o dadaísmo, a pintura abstracta, o concretismo (na música e na poesia), os Angry Young Men, a Beat Generation. Ou ainda, na sétima arte, cineastas como Eisenstein, Fritz Lang e Truffaut, para além de artistas plásticos como Graham Sutherland, Paul Nash, Henry Moore, Rouault. Nas suas páginas "reencontrou-se" o grupo do Orpheu com textos de Fernando Pessoa, Almada negreiros, Mário de Sá-Carneiro e Raul Leal, colaboraram Manuel Bandeira, Murillo Araújo, Lygia Fagundes Teles, os concretistas brasileiros Décio Pignatari e Haroldo e Augusto de Campos, foram reveladas peças até aí inéditas de Almada Negreiros, Alfredo Cortez, Tomaz de Figueiredo, Raul Leal, saíram antologias de Robert Brasillach, Drieu la Rochelle e Giovanni Papini.
A lista de colaboradores e de autores de textos inéditos ou reproduzidos atinge praticamente a centena e meia. Muitos deles já consagrados, outros que se tornaram conhecidos no jornal Mensagem, editado em Coimbra (1948), ou nas folhas de poesia Tavola Redonda (1950) ou na revista Graal (1956), ambas de Lisboa. Outros ainda que colaboraram no 57(Lisboa, 1957) ou fundaram a revista Cidadela (Coimbra,1959) ou escreviam regularmente nos Estudos do velho C.A.D.C. de Coimbra e que buscaram neste tempo presente um local de convívio e encontro cultural. Finalmente, aqueles que aqui encontraram o seu espaço de debate e de afirmação: Agostinho da Silva, Agustina Bessa-Luís, Amândio César, António Botelho, António Quadros, António Correia de Oliveira, António Salvado, Ana Hatherly, Álvaro Ribeiro, Armando Cortês Rodrigues, Artur Anselmo, Carlos Eduardo de Soveral, Domingos Mascarenhas, Duarte de Montalegre, Eduíno de Jesus, Esther de Lemos, Fausto José, Fernando Paços, Francisco da Cunha Leão, Francisco Rendeiro, O. P., J. Beckert d’Assumpção, J. Monteiro-Grilo, João Bigotte Chorão, José Blanc de Portugal, José Enes, José Valle de Figueiredo, Luís Cajão, Luís Forjaz Trigueiros, Manuel de Seabra, Manuel Gama, Manuel Moutinho, Manuel Múrias, Manuel Vieira, Maria Manuela Couto Viana, Matilde Rosa Araújo, Mário Saa, Miranda Barbosa, Natércia Freire, Nuno de Sampayo, Ruy Alvim, Ruy Belo, Sellés Paes, Soares Martins, Tomás Kim, Tomás Ribas e tantos outros.
Mas toda a concepção, organização e realização da revista é obra sobretudo do seu director – Fernando Guedes -, do conselho de redacção – António José de Brito, António Manuel Couto Viana, Caetano de Melo Beirão e Goulart Nogueira – e dos secretários, inicialmente João Manuel Pedra Soares e, a partir do segundo ano, Artur Anselmo. Todos eles se desdobraram na redacção de ensaios, crítica literária, pequenas notas ou crónicas, em traduções de autores estrangeiros, ou em antologias de escritores de referência que marcaram cada número da revista e o seu conjunto de forma indelével e duradoura, merecendo muitos desses textos figurar, também eles, numa antologia do que de melhor se escreveu em revistas portuguesas, pois estão, ainda hoje, prenhes de actualidade e de rigor.
Como G. K. Chesterton, também esta revista quis ser contra-corrente. E é, por isso, que como este genial e admirável escritor inglês ela é também, ainda agora, cinquenta anos passados, tempo presente.
 
*Texto inicialmente publicado no volume Annualia 2008-2009.


 

publicado por annualia às 14:32
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Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009

Faianças da Fábrica Bordalo Pinheiro

Zé Povinho, a famosa criação de Rafael Bordalo Pinheiro.

A notícia do não encerramento da Fábrica Bordalo Pinheiro não deveria interessar apenas ao noticiário da secção económica.

 

 

publicado por annualia às 09:42
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Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008

António Alçada Baptista (1927-2008)

 

Escritor português (Covilhã, 1927 - Lisboa, 8.12.2008). Licenciado em Direito, um intenso envolvimento cultural desperta-lhe a necessidade de intervenção, que o leva à actividade editorial (funda a Moraes Editora) e à direcção da revista O Tempo e O Modo, moldada, na primeira fase da sua publicação na Esprit, revista francesa de inspiração personalista cristã. Mais recentemente colaborou dispersamente em jornais e foi presença regular da rádio e na televisão, tendo desempenhado o cargo de presidente do Instituto Português do Livro.

Em 1971 inicia a publicação de Peregrinação Interior (vol. I, Reflexões sobre Deus) que continuará em 1982 (vol. II, O Anjo da Esperança), escrita num registo sem muita tradição entre nós: intensamente autobiográfico, não é uma autobiografia; espaço de encontros e desencontros, não chega a ser memorialismo; as hipóteses que aí se produzem recusam o modo ensaístico e, liberto do absolutamente circunstancial, afasta-se da pura crónica. É, antes, tudo isso e mais do que isso, uma contínua meditação no tom solto da conversa, lugar de intersecção de tudo, onde se vai desenhando uma vivência e uma comunicabilidade, na ímplícita responsabilidade de manter «entre a palavra escrita e o pulsar da própria vida, uma intíma e visceral relação». que se ligamm respectivamente a uma inquietação e a uma procura -- pessoal, religiosa, cultural.
Dirá uma personagem de Os Nós e Os Laços (1985) quando a condição narrativa deste modo de estar se deixa tentar pelo modelo romanesco: «estar vivo é uma espécie de inquietação». A ficção de Alçada Baptista é, afinal, a sua maneira de continuar a conversa, em que as personagens são mais instrumentos de reflexão conversada, modulações de uma única consciência, formas de uma mesma procura e inquietação, do que indíviduos numa história. Testemunham-no a própria estrutura da narrativa e uma certa artificialidade do diálogo, acentuada com a frequente convocação de segmentos narrativos de um outro texto maior -- o «texto cristão», referência primeira e permanente, texto fundador, civilizacional, no qual todos os gestos se inscrevem.

Outra desenvoltura está, contudo, presente num outro diálogo -- aquele que se verifica entre os dois textos, o cristão e o que Alçada Baptista vai produzindo, diálogo complexo, crítico e exigente, cheio de distanciações e de retornos, nos dois extremos da sua oscilação: incomodidade que não se deixa ser cepticismo e desejo de esperança, que não quer ser luminosidade. No cerne deste diálogo está a relação humana (e a sociedade no seio da qual essa relação se fabrica) e aquele que o seu momento mágico, a relação amorosa, imbricada na teia da cultura e dos equívocos. Contudo, não há nele qualquer veemência. Há mesmo um quase completo desinvestimento dramático, uma assumida ausência de ideias fortes, totalizantes, uma liberdade de tiranias e de fidelidades que é, tantas vezes, uma forma de lucidez.

Outras obras: O Tempo nas Palavras (crónicas, 1971), Conversas com Marcello Caetano (1978), Uma Vida Melhor (infantil, 1984), Catarina ou O Sabor da Maçã (ficção, 1988), Tia Susana, Meu Amor (ficção, 1989), Um Passeio por Lisboa (geografia literária, 1989), O Riso de Deus (ficção, 1994), A Pesca à Linha. Algumas Memórias (1998), O Tecido do Outono (1999), Um olhar à nossa Volta (2000), A Cor dos Dias. Memórias e Peregrinação (2003).

 

Jorge Colaço

(publicado em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, vol. I, Lx., 1995).

publicado por annualia às 17:33
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Quinta-feira, 13 de Novembro de 2008

Encontro de blogues

 

O blog ANNUALIA participará no encontro de blogs que se realiza amanhã na Universidade Católica Portuguesa.

 

O encontro divide-se em três painéis:

1. Blogues e segmentação da blogosfera.

2. Blogues culturais e educação.

3. Blogues, cultura e negócio.

 

Veja mais aqui

publicado por annualia às 15:45
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008

Um Fórum cultural para a Europa

 

«Para cumprir o objectivo de ouvir os cidadãos para definir o que vai fazer na cultura, a União Europeia realizou em Lisboa um Fórum com a sociedade civil, no passado mês de Setembro. Essa reunião foi agora transformada num fórum virtual, onde todos são convidados a discutir e a opinar sobre cultura da União Europeia, a diversidade cultural, a economia criativa, de uma forma livre e descontraída, à moda das antigas tertúlias dos velhos cafés europeus.» Aqui fica, pois, a informação e a respectiva ligação.

 

LIVEFORUM

 

publicado por annualia às 01:48
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Sábado, 8 de Dezembro de 2007

Sugestão de Natal

 
O rei da festa
 
Há quem afirme que a Europa só conhece o peru desde o século XVI e que esse conhecimento se deve à invenção da bússola e à obstinação de Colombo em encontrar a Índia pelo Oeste. Mas… então quem são os autores das célebres esculturas escandinavas do século XII que reproduzem o majestoso animal? Deixo a pergunta em aberto e passo de imediato ao que sei desta ave, que já foi privilégio de elites, e que de tal forma se democratizou que hoje é possível, e sem-cerimónias, tê-la à mesa todos os dias.
Entre nós, o peru é o animal mais remotamente ligado às tradições natalícias. E o sonho de nós todos era conseguir um genuíno peru do campo, rechear-lhe o papo, assá-lo e enfeitá-lo como antigamente e fazer dele o rei da Festa. Sabemos bem que se isto é ainda possível na província, é difícil, se não impossível, para os que vivem na cidade.
Dada a maneira como os perus são hoje sacrificados, é impossível
rechear-lhes o papo como então se fazia, pois para isso falta-nos a pele do pescoço. Se queremos peru recheado, façamos então como os demais, lá fora, há já muito fazem, e recheemos-lhe apenas a cavidade abdominal. Vamos é exigir o fígado na altura da compra. Mas... Comecemos pelo princípio: que peru comprar? Se lhe for possível, dê preferência a uma perua, a carne é mais saborosa, acredite. O ideal seria que não tivesse mais de 8 meses; olhe-lhe bem para as patas, devem ser lisas e brilhantes. Uma boa perua pesa em média de 3,5 a 4 kg depois de limpa.
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Recheio de peru
 
Fígado do peru;
2 kg de castanhas;
sal;
erva-doce;
1 dl de aguardente velha;
1 trufa;
1 ou 2 ovos;
miolo de pão;
leite;
sal e pimenta.
 
Para o recheio: aloure o fígado com um pouco de manteiga deixando-o rosado por dentro. Pique-o e junte-o a 2 kg de castanhas cozidas com sal e erva-doce e cortadas em bocados. Regue com 1 dl de aguardente velha e, se puder, junte1 trufa em bocadinhos. Ligue tudo com 1 ou 2 ovos. Se o recheio lhe parecer insuficiente, junte miolo de pão embebido em leite. Encha a cavidade abdominal do peru com o recheio, cosa a abertura, esfregue-o com sal e pimenta e barre-o abundantemente com manteiga. Leve a assar no forno aquecido a 160ºC aproximadamente 2 horas e 30 minutos; isto é, cerca de 20 minutos por fracção de 500 g. É conveniente envolver a ave em folha de alumínio durante a primeira hora de cozedura. Quando a retirar, aproveite para regar o peru com vinho branco. Quanto ao molho, é só passar os sucos do assado por um passador e ligar com um pouco de natas e uma colherzinha de maisena especial para engrossar molhos.
 
 
Uma trabalheira, não é? Eu, este ano, estou tentada a simplificar e seguir o que vi fazer ao chefe Franco Luise. Peru, sim e recheado, para cumprir a tradição, mas apenas o peito! É mais prático, é igualmente bom e também pode ser bonito. Poupo-me assim a ter de zelar pelos restos durante 15 dias...
 
 
 
 
Texto: Maria de Lourdes Modesto em Palavra puxa Receita (crónicas publicadas no Diário de Notícias), Editorial Verbo.
Desenho: Marta Leite
 
publicado por annualia às 01:56
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Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007

Gastronomia e Cultura

«Um país também se define pela sua gastronomia. Nela se reflectem os vários aspectos da sua tradição agrícola e nela se exprimem os matizes do gosto colectivo que definem modos de viver e de conviver. Nela se imprimem singularidades geográficas, tonalidades climáticas. Nela se incorpora a História. Nela vive o espírito do lugar.»

 

do texto sobre Maria de Lourdes Modesto em ANNUALIA 2006-2007

 

 

publicado por annualia às 17:11
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