Prémio Jabuti 2009 de Poesia
Dois em Um, de Alice Ruiz S.
«Alice Ruiz nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946. Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi "poeta de gaveta" até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos.» Ver mais aqui.
Prémio Jabuti 2009 de Conto
Canalha! (crónicas), de Fabricio Carpinejar
«Poeta e jornalista, mestre
Prémio Jabuti 2009 de Romance
Manual da paixão solitária, de Moacyr Scliar
«Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937... Publica seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da tradição judaico-cristã.
(...) Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31, ocupada até março de 2003 por Geraldo França de Lima. Tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo poeta gaúcho Carlos Nejar.» Ver texto integral e bibliografia.
Ao que parece, não existe hoje um público leitor/comprador de livros de contos. Sendo assim, também não há quem os publique. Provavelmente, também não há quem os escreva. Imagino várias razões para que isto aconteça, mas uma surge com particular evidência: o conto é uma arte difícil. Porquê? Porque é mais «fácil» escrever um romance do que uma história breve. Pondo o dedo na ferida: é mais fácil (e mais rápido) escrever muito do que escrever pouco.
O conto exige uma dupla contenção. Em primeiro lugar, na arquitectura da história, desbastada do que não seja essencial para situar, desenvolver apenas na justa medida para tirar um determinado efeito: poético, absurdo, enigmático, exemplar, o que for. Em segundo lugar, a contenção da escrita. Tudo tem de ser dado de uma forma concentrada, encontrando na personagem e na paisagem um traço essencial mas suficiente para estabelecer um contrato de cumplicidade com o leitor. É que a arte do conto é exigente, tanto para quem escreve como para quem lê. Dá trabalho a ambas as partes.
Atribui-se a Drummond a frase «escrever é a arte de cortar palavras», certeira formulação de um lema que não é propriamente novo. Já Boileau tinha escrito: «Si j'écris quatre mots, j'en effacerai trois». Eis um procedimento que reclama tempo e meditação.
As colectâneas de contos, tão frequentes noutro tempo, quase desapareceram por completo. Praticamente todos os grandes romancistas escreveram contos, depois coligidos ou antologiados, exercitando assim um género que está para a grande narrativa como o desenho está para a pintura. E sabemos todos como pintam os artistas que não sabem desenhar.
Seria fastidioso, porque todas as listas são fastidiosas, enumerar os grandes contos ou os grandes contistas da literatura universal, nem sei se é ainda possível descobrir na feira do livro muitas das velhas ou não tão velhas antologias. De qualquer maneira, é certamente possível redescobrir os mestres contadores de língua portuguesa (Machado de Assis, Trindade Coelho, Torga, João de Araújo Correia e muitos outros que injustamente aqui não cabem), até porque algumas das suas colectâneas são obras fundamentais, como a Léah de José Rodrigues Miguéis, O Fogo e as Cinzas de Manuel da Fonseca, as Histórias Castelhanas de Domingos Monteiro, de novo apenas para referir uns poucos.
Escrevia há pouco tempo Alberto Manguel que «por absurdas razões comerciais, as editoras decretaram que os contos não se vendem», acrescentando, porém, que, apesar disso, eles continuariam a ser escritos e lidos «talvez porque, na sua precisão clássica e modesta, permitem que concebamos a insuportável complexidade do mundo como uma íntima e breve epifania.»
Jorge Colaço
Hemingway escreveu um dia uma história em apenas seis palavras («For sale: baby shoes, never worn.») e diz-se que lhe chamou a sua melhor obra. Aqui, num número antigo de Wired Magazine, encontra o resultado do desafio feito a escritores de ficção para tentarem fazer o mesmo.
Eis um dos melhores exemplos:
«Longed for him. Got him. Shit.»
Margaret Atwood