Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Carnaval

 
«– Estás a rir? – dise Carlos, sorrindo também e estendendo a chávena para a encher outra vez. – Ora ouve. Ao meu lado esquerdo, do lado do coração, como dizes, estava um dominó feminino, fitando-me de uma maneira… como nem te sei dizer… e com uns olhos… mal sabes que bonitos olhos eram aqueles, Jenny!

 – Os da máscara? – perguntou Jenny, preparando a chávena.

 – Não; os da mascarada, os quais eu percebia através das aberturas oculares da elegante máscara de cetim preto que ela trazia. A cabeça descaía-lhe ligeiramente sobre o ombro em postura de tanta languidez e melancolia, e nesta posição a seda da máscara descobria-lhe um canto de lábios e um princípio de colo tão bem modelados, que eu não pude desviar mais dali o olhar extasiado, e… e…
Então que quer dizer agora esse teu sorriso, Jenny?

– Estou a admirar a rapidez com que te apaixonas e extasias.»

 

 Júlio Dinis, Uma Família Inglesa

 

 

publicado por annualia às 12:06
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Terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008

No Entrudo, vale tudo


Permitam-me que reviva convosco nesta página uma tradição carnavalesca eborense. Era costume, ou talvez ainda seja hábito, hoje em quinta-feira de comadres, as ditas se juntarem para fazer azevias ou pastéis de grão-de-bico. Só entre mulheres. Os homens estavam proibidos de entrar na cozinha, mesmo a pretexto de ajudar. A massa tem uma preparação delicada, só acessível a mãos femininas. É a massa tenra bem portuguesa com que se fazem as filhós estendidas, de Natal, mas também
de Carnaval, os coscorões e é igualzinha à do Strudel. Conhecem? Bem batida, a massa tenra rende até ao desespero. Nunca mais acaba. O recheio das azevias de grão vale bem o trabalho que dá e pode ser feito com antecedência. A receita, que com carinho lhes vou transmitir, é a que a minha Mãe fazia, sem pesos nem medidas, a olho, mas que ao fritar empolavam quais balões prontos a rebentarem.
A minha Mãe, que era muito reservada e contida mas não destituída de humor, apimentava bem o recheio de algumas e recheava outras com algodão, pregando assim inocentes partidas aos amigos, justificando deste modo as azevias de grão-de-bico como uma doçura carnavalesca.
Acrescento aqui que não desconheço que em Portalegre e em Beja se fazem pelo Natal. Cada terra com seu uso…

Azevias de grão-de-bico

Para a massa:
500 g de farinha;
90 g de banha;
1 colher de sopa de azeite;
água morna;
1/2 colher de café de sal.

Para o recheio:
500 g de grão-de-bico;
500 g de açúcar;
raspa da casca de 2 limões;
8 gemas.

Como pode preparar o recheio com antecedência, comece por aí. Na
antevéspera, ponha o grão de molho em água fria. No dia seguinte, coza-o em água temperada com sal. Pele-o e reduza o grão a puré. Leve o açúcar ao lume com um pouco de água e deixe ferver até obter um ponto forte – muito próximo do rebuçado. Fora do lume (para não se queimar) junte o puré de grão e leve ao lume até ver o fundo do tacho, mexendo. Adicione a raspa da casca dos limões e as gemas, misture e leve ao lume, outra vez, mas só o tempo de cozer as gemas (1 a 2 minutos). Deixe arrefecer no frigorífico até à altura de utilizar.
Massa: peneire a farinha para uma tigela, junte a banha e o azeite e misture com as pontas dos dedos. Junte água morna temperada com sal, gota a gota, e amasse. Trabalhe e bata a massa energicamente de modo a ficar elástica. Ponha a descansar, tapada durante 1 hora, pelo menos. Retire um bocado de massa e estenda-a numa tira muito fina, tendo em conta que é para rechear. Sobre um dos lados da tira, em linha, disponha pequenos montinhos de recheio; dobre a massa (o lado livre) de modo a cobrir o recheio. Com uma carretilha corte a massa pelos intervalos em meias luas ou rectângulos. Frite os pastéis em azeite ou óleo bem quente, escorra sobre papel absorvente e polvilhe com açúcar e canela.

Lembro-me muito bem de numa certa 5.ª feira de comadres ter acordado ao som do barulho que vinha da cozinha que não reconheci como sendo o  habitual das colheres a bater no tacho. Fiquei sempre convencida de que, naquela noite, as comadres fizeram um rombo no licor de tangerina, que a minha Mãe tão bem sabia fazer.

 

Maria de Lourdes Modesto em Palavra puxa Receita (crónicas publicadas no Diário de Notícias), Editorial Verbo.

 

 

publicado por annualia às 18:36
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Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2008

Carnaval do Rio

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Documentário em língua inglesa
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Curioso exemplo do Carnaval do Rio 2008
publicado por annualia às 23:38
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Entrudo

 

Caretos, tradição transmontana.


Sobre esta tradição veja o primeiro volume da obra Festas e Comeres do Povo Português, de Maria de Lourdes Modesto e Afonso Praça, com fotografias de Nuno Calvet, publicada pela Editorial Verbo. 

«Esta obra segue o calendário das festas cíclicas, começando, no volume I, com a festa de Todos os Santos e terminando no Entrudo, passando
pelo S. Martinho e Natal. A par da descrição de cada festividade e da sua origem nos tempos, Festas e Comeres do Povo Português apresenta as receitas próprias de cada ocasião. Não faltam aqui as deliciosas sobremesas de Natal, os tradicionais enchidos feitos na matança do porco, as feijoadas, as famosas cabidelas, as sopas, os antiquíssimos doces de ovos e até as modestas mas imprescindíveis castanhas do S. Martinho.»


 

 

publicado por annualia às 14:13
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Sábado, 2 de Fevereiro de 2008

....e tudo se acabar na quarta-feira

«A Felicidade», de Tom Jobim e Vinicius de Moraes
publicado por annualia às 11:49
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Carnaval de Veneza

publicado por annualia às 11:18
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Carnaval

O nome Carnaval deriva de carne vale, «adeus, carne!». A expressão, que designa os folguedos que durante três dias antecedem o começo da Quaresma, em Quarta-Feira de Cinzas, proveio da abstinência da carne, característica, durante séculos, do tempo quaresmal. À quadra carnavalesca dá-se também, em Portugal, o nome de Entrudo (designa, mais propriamente, a terça-feira, por ser a entrada — introitus — para a Quaresma). O cristianismo somente conseguiu impor-lhe uma data limite: o começo da Quaresma.
A festa profana com cortejos, máscaras e caraças, remonta a origens longínquas. Liga-se aos ritos do final do Inverno, que serviam para estimular a fecundidade da Natureza e provocar o regresso do Sol, prisioneiro durante vários meses. As licenciosidades e as máscaras serviam para expulsar os espíritos malfazejos, e a execução de um boneco recordava os primitivos sacrifícios, em que se imolava um animal. Estas mesmas crenças estão na origem das festas romanas: Bacanais, Saturnais e Lupercais, que se celebravam na mesma estação. O cristianismo modificou o primitivo significado destes festejos, mas viu-se obrigado a tolerar-lhes alguns aspectos grosseiros ou equívocos. No fim do século XVI foram perdendo a importância, excepto em Itália, onde o Carnaval de Veneza manteve todo o seu brilho até ao século XIX, embora hoje ainda se realize: fogo-de-artifício, jogos de circo e mascaradas em que se misturavam todas as classes sociais. Hoje, o carnaval mais famoso é o do Rio de Janeiro: durante vários dias a população corre pelas ruas a cantar e a dançar. Realizam-se carnavais mais modestos em Nice, Itália, Países Baixos, Portugal e na Bélgica. Por todo o lado se mantém o costume de mascarar as crianças.
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publicado por annualia às 11:00
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