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da edição de Os Lusíadas na colecção Verbo Clássicos.
Jorge Colaço, excerto de um livro não publicado
Vítor Manuel Aguiar e Silva foi distinguido com o Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus, atribuído por um júri constituído por Vasco Graça Moura, Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral, pelo livro A Lira Dourada e a Tuba Canora (2008, publicado por Livros Cotovia).
Professor e investigador (n. Real, Penalva do Castelo, 1939) formado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1972. Deputado à Assembleia Nacional, depois de 1974 foi afastado daquela Universidade. Continuaria a sua carreira docente e de investigador na Universidade do Minho, vindo a ser reitor desta instituição. Autor de uma Teoria da Literatura (1967), sucessivamente revista e aumentada, que constitui uma obra de referência nos estudos literários. Tem dedicado particular atenção à Literatura Portuguesa, com especial incidência em autores do Classicismo, do Barroco e do Romantismo, com particular incidência nos estudos camonianos. Foi coordenador do Conselho Nacional da Língua Portuguesa.
Entre outras, é autor das seguintes obras: Para uma interpretação do Classicismo (1962), O Teatro da Actualidade no Romantismo Português, 1849-1975 (1965), Notas Sobre o Cânone da Lírica Camoniana (1968), Maneirismo e Barroco na Poesia Lírica Portuguesa (1971), Significado e Estrutura de «Os Lusíadas» (1972), Competência Linguística e Competência Literária. Sobre a Possibilidade de uma Poética Gerativa (1977), Camões: Labirintos e Fascínios (1994, Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Críticos Literários e da Associação Portuguesa de Escritores).
Já a manhã clara dava nos outeiros
Por onde o Ganges murmurando soa,
Quando da celsa gávea os marinheiros
Enxergaram terra alta pela proa.
Já fora de tormenta, e dos primeiros
Mares, o temor vão do peito voa.
Disse alegre o piloto Melindano:
«Terra é de Calecu, se não me engano».
«Esta é por certo a terra que buscais
Da verdadeira Índia, que aparece;
E se do mundo mais não desejais,
Vosso trabalho longo aqui fenece.»
Sofrer aqui não pode o Gama mais,
De ledo em ver que a terra se conhece:
Os geolhos no chão, as mãos ao céu,
A mercê grande a Deus agradeceu.
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto VI