Este ano o Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina foi atribuído a três cientistas que solucionaram uma questão importante no domínio da Biologia: o de saber como os cromossomas podem ser copiados integralmente durante a divisão das células e como estão protegidos contra a degradação. Os laureados com o Nobel mostraram que a solução pode ser encontrada nas extremidades dos cromossomas -- os telomeres -- e na enzima que as fabrica -- a telomerase.
A longa cadeia moléculas de ADN que transportam os nossos genes está contida nos cromossomas, de cujas extremidades os telomeres constituem o topo. Elizabeth Blackburn e Jack Szostak descobriram que uma única sequência de ADN nos telomeres impede os cromossomas de se degradarem. Carol Greider e Elizabeth Blackburn identificaram a telomerase, a enzima que produz o ADN dos telomeres. Estas descobertas explicam como as extremidades dos cromossomas são protegidas pelos telomeres e que estes são fabricados pela telomerase.
Se os telomeres são encurtados, as células envelhecem. Ao invés, se a actividade da telomerase é intensa, o comprimento dos telomeres é mantido e a senescência celular atrasada. É este o caso das células cancerosas, que podem ser consideradas como tendo uma vida eterna. Certas doenças herdadas, pelo contrário, são caracterizadas por uma telomerase ineficaz, disso resultando células danificadas. A atribuição do Prémio Nobel reconhece assim a descoberta de uma mecanismo fundamental da célula, uma descoberta que tem encorajado o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.
Ver imagem em alta resolução aqui.
No fim da década de 80, porém, Manuel Santos e a sua equipa da Universidade de Aveiro foram dos primeiros grupos do mundo a propor que isso não era bem assim: descobriram que as Candida conseguiram sobreviver apesar de ter sofrido uma alteração do seu código genético que deveria ter sido perfeitamente tóxica. Num trabalho hoje publicado em consórcio internacional na revista Nature, explicam pela primeira vez, graças à análise comparativa dos genomas de várias espécies diferentes de Candida, como é que essa “mudança de identidade” teve concretamente lugar.
(ver artigo no Público e artigo da Nature).