Antropólogo francês (Bruxelas, 28.11.1908 - Paris, 31.10.2009). «Efectuou os seus estudos superiores em Paris (Sorbonne), onde conclui Filosofia (1931), depois a agregação e, mais tarde, o doutoramento em Letras (1948), com uma tese sobre as estruturas de parentesco. Após dois anos de ensino, participa numa missão cultural francesa no Brasil: aí é professor de Sociologia na Universidade de São Paulo e faz diversas expedições etnográficas entre os índios (Mato Grosso e Amazónia). De regresso a França (1939), parte (1941) para os EUA, convidado pela New School for Social Research de Nova Iorque (1942-1945), conhecendo o célebre linguista R. Jakobson; ensina na École Pratique des Hautes Études (cátedra de Religiões Comparadas), no Collège de France (desde 1959, cátedra de Antropologia Social). Com a publicação das suas obras a Antropologia Estrutural (1958), o Pensamento Selvagem e O Totemismo (1962), o estruturalismo atinge o auge da sua audiência. Eleito, em 1973, para a Academia Francesa.»
Esta a introdução da longa entrada sobre Lévi-Strauss na Enciclopédia Verbo, que o autor, Acílio da Silva Estanqueiro Rocha, conclui deste modo: «Contrapondo, quer ao humanismo clássico (renascentista) que se restringiu à cultura clássica e à área mediterrânica, quer ao humanismo burguês (séculos xviii-xix) ligado aos interesses económicos, Lévi-Strauss propõe um «humanismo etnológico» inspirado nas sociedades que estudou. Então, todas as culturas têm os mesmos direitos (humanismo democrático), com referência essencial à natureza (humanismo generalizado ou ecológico); tal humanismo radica no respeito por qualquer fora de vida e de diversidade cultural. Minimizando o êxito dos progressos proclamado pela civilização ocidental, nomeadamente o da Revolução Industrial — pálida réplica da Revolução Neolítica —, compraz-se em mostrar como os resultados do progresso, usados como instrumento de denominação do homem, são tais que vêm a anular o seu benefício; a «antinomia do progresso» gera «uma verdadeira entropia sociológica [que] impele sempre o sistema no sentido de inércia»; após o entropia anunciada pela física, é Lévi-Srauss quem adverte acerca duma entropia sociológica: «em vez de antropologia, seria necessário escrever ‘entropologia’, o nome de uma disciplina consagrada a estudar as suas manifestações mais elevadas neste processo de desintegração» (provocado pelo progresso). A «mitologia» do progresso, de tipo etnocentrista, deve ser substituída por um outro princípio — o do relativismo cultural —, que assenta no respeito pela polifonia cultural, de índole rousseauniana, num esforço incessante que evite reduzir o outro às dimensões do mesmo. Uma nova ética é proposta, de fundo humanista: «um humanismo bem ordenado não começa por si mesmo, mas põe o mundo antes da vida, a vida antes do homem, o respeito pelos outros antes do amor próprio». Por outro lado, se é contestada, na linha do cogito, uma certa imagem da «natureza humana», é porque ela é agora compreendida segundo uma matriz de combinatória universal, de índole leibniziana, em que as culturas particulares seriam as produções de superfície adentro de um processo universal, o que torna ainda possível discernir acerca do que de originário ou de artificial há na actual concepção da natureza humana. »
Algumas obras de Claude Lévi-Strauss: La vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara (1948), Les structures élémentaires de la parenté (1949, ed. rev. e corrigida, 1967), Race et histoire (1952), Tristes tropiques (1955), Anthropologie structurale (1958), Le totémisme aujourd’hui (1962), La pensée sauvage (1962); Mythologiques compreende 4 tt.: t. i, Le cru et le cuit (1964), t. ii, Du miel aux cendres (1966), t. iii, L’origine des manières de table (1968), t. iv, L’homme nu (1971), Anthropologie structurale deux (1973), La voie des masques (1975, ed. rev. e aumentada, 1979); Myth and meaning (1978), Le regard éloigné (1983), Paroles données (1984), La potière jalouse (1985), De près et de loin (1988), Des symboles et leurs doubles (1989).
Claude Lévi-Strauss por Júlio Pomar
Cesare Lombroso foi um criminologista italiano (Verona, 6.11.1835 - Turim, 18.10.1909) , cuja obra principal, O Homem Criminoso, publicada em 1875, estudava pela primeira vez as relações entre o homem e o crime. Lombroso entendia que o criminoso nato é um doente, que se poderia distinguir por alguns sinais de degenerescência, tais como maxilar inferior largo, fronte baixa e inclinada para trás, implantação baixa dos cabelos. Tentou provar a interligação entre a genialidade, a loucura e a epilepsia. Ao impor à justiça a obrigação de conhecer o homem delinquente, lançou as bases da antropologia criminal. Apesar de não científicas. as suas teorias tiveram grande voga e foram influentes no seu tempo.
Esboços de crânios de criminosos feitos por um director de prisão em 1895