Compositor alemão (Mannheim, 28.6.1925 – Detmold, 5.10.2009), discípulo de Josef Ruder e de Boris Blacher. Enveredando pelo dodecafonismo, compareceu nos festivais de Darmstadt e Donaueschingen, onde a sua música adquiriu notoriedade. Klebe não se eximiu a tomar posições críticas nos domínios da política e da cultura, que de algum modo se reflectem na cantata Raskolnikov Traum (1956), baseada em textos do poeta Hans Magnus Enzensberger. A obra de Giselher Klebe revela a sua vocação dramática, incindindo na ópera (por exemplo, Die Räuber, 1957, baseada em Schiller; Die Ermordung Cäsars, 1959, baseado em Shakespeare; Alkmene, 1961, baseada em Kleist; Die tödlichen Wünsche, 1962, baseado em Balzac; Figaro lässt sich scheiden, 1963, baseado em Ödön von Horváth; Jacobowsky und der Oberst, 1965, baseado em Franz Werfel; Das märchen von der schönen Lilie, 1969, baseado em Goethe; Ein Waher Held, 1975, baseado em John Millington Synge; Das Rendez-Vous, 1977; Chlestakows Wiederkehr, 2008, baseada em Gogol) e a música para ballet (Das Testament, 1972). Para além de música para orquestra, Kelbe compôs também música de câmara e música sacra (Stabat Mater, 1964).
Soprano alemã (Varel, Oldenburg, 9.2.1937 – Tóquio, 18.8.2009) que se notabilizou no reportório wagneriano. Iniciou a sua carreira em 1971 a cantar Mozart, em Freiburg im Breisgau, integrando depois da Ópera do Reno, em Dusseldorf, onde Leonard Bernstein a descobriu e convidou para gravar Salomé, de Richard Strauss. Em 1976 estreou-se em Covent Garden e logo depois no Met, onde cantou o Tannhäuser. Em 1977, a sua interpretação de Salomé no Festival de Salzburgo afirmou-a definitivamente como cantora de topo. Nos anos seguintes fez o Fidelio em Salzburgo com Bernstein e no Met com Karl Böhm, mas apareceu também como Elektra, Sieglinde, Isolde, Donna Anna, Brünnhilde, entre outros papéis. Em 1981 fez, em Munique, uma gravação histórica de Tristan und Isolde com Bernstein, repetindo o enorme sucesso ao vivo em Nova Iorque. Em Bayreuth (1983) fez a Brünnhilde sob a direcção de Solti, levando a crítica a afirmá-la como uma das maiores intérpretes de sempre daquele papel. Em 1996, de novo em Munique, fez uma aclamadíssima Isolde dirigida por Lorin Maazel. No mesmo ano e com o mesmo maestro, fechou o Festival de Salzburgo de novo com a Elektra, tendo sido declarada como Artista do Ano pela revista alemã de ópera, Orpheus. Em 1999 estreou em Salzburgo a ópera que Luciano Berio escreveu para ela, Cronaca del Luogo. Continuou a apresentar-se nas grandes salas de ópera e de concerto, na Europa e nos EUA. Em 1997 foi de novo declarada Artista do Ano, desta vez pela revista Opernwelt. Porém, a sua fama como cantora das obras de Strauss e Wagner, não reduziu a sua versatibilidade, aparecendo, por exemplo, ao lado de Placido Domingo na produção da Tosca que Zeffirelli realizou para o Met. No lied, o seu reportório estendeu-se de Bach a Hugo Wolff, passando por Mozart. Na edição de 21 do Festival de Salzburgo cantou o papel de Kostelnicka numa produção da Jenufa de Janácek, sob a direcção de John Eliot Gardner, demonstrando a sua capacidade de aumentar incessantemente o seu reportório, onde se incluíram por exemplo Pierrot Lunaire, de Schoenberg ou Besuch der alten Dame, de Gottfried von Einem.
Hildegard Behrens foi distinguida com o Bundesverdienstkreuz (RFA), a Bayerischer Verdienstorden (Baviera). Foi feita Österreichische Kammersängerin da Ópera de Viena e, na Dinamarca, foi-lhe atribuído o Prémio de Música Léonie Sonnings. Em 1999, foi escolhida por Leonie Rysanek para lhe suceder como detentora do Lotte Lehmann – Gedächtnisring, da Ópera de Viena. Ainda nesse ano foi galardoada, na Ópera da Bastilha, com o Prémio Herbert von Karajan da Académie du Disque Lyrique. Discografia aqui.
Compositor russo, sucessivamente naturalizado francês e americano (Oranienbaum, 17.6.1882 - Nova Iorque, 6.4.1971). Estudou música com Rimski-Korsakov e, em 1910, compôs, para Diaghilev, três bailados que o notabilizaram imediatamente: O Pássaro de Fogo (1910), Petruchka (1911)e a Sagração da Primavera (1913), uma obra em que o ritmo parece procurar os seus limites com uma força elementar. Antes da I Guerra Mundial deixou definitivamente a Rússia. Fixou-se em Paris (tendo vivido na Suíça durante a guerra) e, em 1934, de novo nesta capital, adquiriu a nacionalidade francesa. Em 1939 instalou-se nos EUA e em 1945 naturalizou-se americano. Procurou dar à sua música uma expressão geral e objectiva conforme era seu propósito («a composição musical é a disposição de um número determinado de sons na correlação determinada dos intervalos»). A sua primeira composição electrónica, Pastoral, data de 1959. A sua obra, abundante e multifacetada, caracteriza-se, sobretudo, pela inspiração básica e pela precisão matemática, mas também pela comovente força de expressão que a anima, características que o tornam uma das personagens mais fascinantes e universais da vida musical do século xx.
Pulcinella (bailado, 1919)
Concerto Dumbarton Oaks (1938)
Symphony in Three Movements (1945)
Missa (1948)
The Rake’s Progress (ópera, 1951)
Septeto (1953)
Agon (bailado, 1957)
Threni (oratória, 1958)
Movimentos para Piano e Orquestra (1958-1959)
As Núpcias (para solistas, coro, quatro pianos e percussão, 1923)
Rei Édipo (ópera-oratória, 1927)
Apolon Musagète (bailado, 1928)
Sinfonia dos Salmos (para coro e orquestra, 1930 e1948)
Concerto Ebony (para orquestra de jazz, 1945)
In Memoriam Dylan Thomas (tenor, quarteto de cordas e quatro trombones, 1954)Canticum Sacrum (para solistas, coro e orquestra, 1956)
Stravinsky a dirigir Pássaro de Fogo: aqui.
Barítono português (1859-1921), irmão mais novo do tenor António de Andrade, que, em 1881, foi para Itália, onde estudou com Miraglia e Ronconi. Estreou-se em São Remo, na ópera Aída, de Verdi, tendo depois percorrido toda a Europa. Em Portugal ficou célebre a sua interpretação de Rigoletto (1887). Na Alemanha, onde desempenhou a função de cantor da Real Câmara da Baviera (1896), foi considerado o melhor intérprete de todos os tempos do Don Giovanni de Mozart. Do seu vasto reportório salientam-se ainda Guilherme Tell, Baile de Máscaras, Força do Destino, Traviatta, D. Manfredo, Fausto, Lucia de Lamermoor, A Africana e Barbeiro de Sevilha, que cantou (1918), pela última vez, em Portugal.
Ver outros detalhes aqui.
A Casa Museu de Handel, em Brook Street, Londres, promove ao longo do ano uma série de iniciativas ligadas à comemoração dos 250 anos da morte do compositor. Pode ver a programação aqui.
Catálogo das obras
óperas (discografia)
oratórios, dramas, odes (discografia)
Bibliografia
Händel na net
Ruy Vieira Néry publica um texto sobre o ano Händel (e Haydn) em ANNUALIA 2008-2009.
Baixo sérvio (Belgrado, 1953 - Viena, 24.11.2008) que integrava a companhia da Staatsopera, desde 1984, na qual se estabeleceu depois de ter cantado alguns anos na Ópera de Sarajevo. Estreou-se na ópera de Richard Strauss Die Schweigsame Frau. Laureado, em 1982, no concurso Tchaikovski e, em 1985, no concurso Pavarotti. A última produção em que participou foi em La Dame de Pique, de Tchaïkovski. Entre o primeiro e o último momento da sua carreira de cantor, interpretou 55 diferentes papéis ao longo de mais de um milhar de representações.
Es Plácido Domingo el mejor tenor del siglo XX (y XXI)? El interés de está pregunta radica precisamente en que 'puede' plantearse. Habrá especialistas y melómanos que la respondan negativamente, pero son muy pocos los cantantes de la historia, poquísimos, los que tendrían derecho a ocupar la plaza del 'sujeto' entre las interrogaciones de la frase.
La prueba está en la encuesta que ha realizado la BBC a propósito de un debate clasificatorio parecido. Plácido Domingo aparecía en cabeza de la lista tenoril. Superando el mito de Caruso y destronando a Luciano Pavarotti, rival encarnizado de Plácido antes de que Carreras oficiara la ceremonia de la reconciliación en el espectáculo de Caracalla. Quizá sea estéril plantearse la cuestión de la hegemonía. La militancia y el apasionamiento de la ópera radicalizan el impulso arbitrario de las candidaturas. Hay 'tifosi' que consideran incuestionable el número 1 de Gigli, o de Corelli. Como existen aficionados para quienes el refinamiento de Kraus o la técnica de Björling no admiten otros ejemplos discutibles.
¿Es Domingo el mejor tenor de la historia? La pregunta, otra vez, requiere un ejercicio de perspectiva. Plácido está tan presente en nuestros días que no es fácil extrapolar su 'expediente' a un espacio de análisis más o menos objetivo, aunque el factor de la contemporaneidad no impide reconocer la envergadura de sus proezas ni la ya dimensión histórica de su carrera. Empezando por las evidencias estadísticas. Ningún tenor de la historia ha sido tan versátil ni camaleónico sobre el escenario. Domingo ha protagonizado 110 papeles distintos. No con el ansia de un 'recordman', sino con la hondura y la curiosidad de un artista comprometido.
El ejemplo más elocuente es el del repertorio wagneriano. Estaba claro que la voz oscura, granítica y penetrante de Plácido respondía al ideal del heldentenor (tenor heroico). También era evidente que la 'intromisión' de Domingo en la secta de Wagner iba a provocar la iracundia de la militancia, pero el cantante madrileño tuvo el valor y el mérito de oficiar los papeles Lohengrin, Parsifal y Siegmund en la colina sagrada de Bayreuth. Le aclamaron como al más iluminado de los sacerdotes. Por eso nos equivocábamos quienes hemos reprochado a Domingo sus veleidades con la tuna, los mariachis o Paloma San Basilio. No porque nos guste semejante mestizaje ni porque bailemos el cha-cha-cha, sino porque las extravagancias comerciales de Plácido nunca han descuidado ni perjudicado su naturaleza de tenor absoluto.
Absoluto por la personalidad escénica. Absoluto por la ubicuidad. Absoluto por la dimensión artística. Absoluto porque los años pasan sin que puedan mencionarse motivos de peso a favor de una retirada. La edad de Plácido es un enigma. Un enigma insignificante comparado al enigma de su voz. Sus detractores le llaman 'Placimingo' porque dicen que ha perdido el 'do' de pecho, aunque semejantes reproches son una anécdota cuando la voz del maestro se ofrece generosa, intensa, 'squillante' desprovista de 'vibrato', de arrugas, para entendernos. Ha vuelto ha demostrarlo con ocasión de 'Tamerlano' en el Teatro Real. Domingo se presentaba en Madrid como un aprendiz en el repertorio barroco de Handel y va a terminar las funciones como un maestro.
Es la prueba de una inquietud y de un instinto que también explican el desafío de probarse como barítono verdiano. Y sin esconderse. Pláci(do) ha elegido el Covent Garden de Londres para debutar en el papel de Simon Boccanegra. Un viejo sueño que se verifica en 2009 y que abre un horizonte cuyos límites sólo dependen de la suerte del ritual con que el maestro amanece. ¿Hasta cuándo, Plácido?, le preguntábamos en Valencia. «Cada mañana es un desafío», respondía. «¿Todavía?», me pregunto antes de hacer vibrar las cuerdas vocales. Y cuando canto me gusta encontrarme con la respuesta: «Sí, todavía. Todavía puedo seguir cantando».
¿Es Plácido Domingo el mayor tenor de la historia? La cuestión también pude responderse en términos de popularidad, de poder, de influencia, de caché, de generosidad, de compromiso. Plácido ha logrado 'entrar' como personaje en los dibujos animados de los Simpson. Le han proclamado doctor honoris causa en Oxford. Colecciona los premios Grammy (lleva siete) y tiene una estrella en el Paseo de la Fama de Hollywood.
Puede que unas y otras razones no convenzan a los melómanos de salón. En tal caso, Domingo podría recordarles, función a función, disco a disco, sus contribuciones memorables como tenor raso: de Mario Cavaradossi a Werther; de Otello a Idomeneo; de Don José a Cyrano; de Canio a Tristán. Inútil ponerle límites a quien límites no conoce. Aunque un servidor, que es del Atleti, nunca le haya perdonado ni le vaya a perdonar cantar como Puccini la versión contemporánea del himno del Real Madrid.
* Com a devida vénia ao jornal El Mundo, onde este texto pode ser lido em conjunto com imagens e vídeos.