Cronista e escritor, colunista político do New York Times (Nova Iorque, 17.12.1929 – Rockville, Maryland, 27.9.2009) galardoado, em 1978, com o Prémio Pulitzer. Iniciou a sua carreira como repórter do The New York Herald Tribune. Produtor de rádio e televisão, conseguiu ardilosamente juntar Nixon e Krutschev num debate realizado em Moscovo, em 1959. Ligado à campanha presidencial de Nixon, escreveu diversos dos seus discursos como presidente. Em 1975, escreveu as memórias desses anos no volume Before the Fall. Organizador de dicionários e antologias, William Safire é autor de quatro romances: Full Disclosure (1978), Freedom: A Novel of Abraham Lincoln and the Civil War (1987), Sleeper Spy (1995) e Scandalmonger (2000). Membro da administração dos Prémios Pulitzer desde 1995, Safire manteve ainda, a partir de 1979, uma coluna semanal no The New York Times Magazine, intitulada «On Language», onde abordou questões de gramática, uso e etimologia, textos que depois foi reunindo em diversos livros.
Pianista espanhola (Barcelona, 23.5.1923 – ibid., 25.9.2009) que, aos 11 anos, deu o seu primeiro concerto como solista em Madrid. Foi só no final da década de 40 que iniciou uma carreira internacional que a levaria a diversos pontos do mundo, que se rendeu ao seu talento. Tocou com numerosos agrupamentos de câmara e orquestas sinfónicas, dirigida por grandes maestros. Tocou o Concerto para Dois Pianos, de Francis Poulenc com o próprio compositor. Federicou Mompou, de quem era amigo, compôs diversas peças dedicadas à pianista. Em 1959 tornou-se directora da Academia Marshall (foi discípula do pianista Frank Marshall), em Barcelona. Foi uma defensora e divulgadora incansável da música para piano espanhola, que interpretou ao longo da carreira com brilho inexcedível. Ficou conhecida pela autenticidade das suas interpretações, servidas por um gosto e uma técnica irrepreensíveis. Além da música espanhola, Alicia de Larrocha foi exímia intérprete da música impressionista francesa, mas o seu reportório era bem mais alargado, tendo gravado, por exemplo, concertos para piano de Mozart com a English Chamber Orchestra, dirigida por Sir Colin Davis. Entre muitas distinções, nacionais e internacionais, foi-lhe atribuído o Prémio Príncipe das Astúrias.
Alicia de Larrocha a tocar um concerto para piano de Ravel, em 1997.
Actor, realizador, argumentista, produtor e encenador americano, de ascendência irlandesa (Nova Iorque, 14.11.1948 – Los Angeles, 22.9.2009) que começou por estar ligado, na juventude, a diversos grupos de rock. Depois de frequentar escolas de representação, ingressou no teatro e foi assistente de Harold Prince na Broadway, tentando depois Hollywood, onde começou a desempenhar papéis em séries de televisão e, mais tarde, a conseguir pequenos papéis no cinema. Dos tempos iniciais da sua notoriedade data Coming Home (1978, de Hal Hashby). Dois anos depois era o herói de The Exterminator (1980, de James Glickenhouse). Curiosamente, Ginty é mais conhecido, na Europa, como encenador de teatro experimental, que continuou a fazer. Em 2004, dirigiu uma versão musical (rap/hip-hop) de A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess. No cinema, dirigiu Bounty Hunter (1989), Vietnam, Texas (1990), Shootfighter (1992) e Woman of Desire (1993), além de numerosos filmes e episódios de séries de televisão.
Músico iraniano (Neishabur, 1955 – Teerão, 21.9.2009) que aprendeu inicialmente com o seu pai, tendo ingressado depois na Academia de Artes de Teerão, onde aprendeu a conhecer o reportório da música persa clássica, centrando a sua atenção em dois instrumentos clássicos: o santur e o setar. Tornou-se virtuoso do primeiro daqueles instrumentos. Em 1977, fundou o Aref Ensemble, no seio do qual se revelaram novos músicos e vocalistas e com o qual gravou peças compostas por si e deu concertos, na Europa e na América, correspondendo a um esforço de tornar conhecida a música persa fora das fronteiras do país. Desempenhou, nos últimos anos, um papel importante no desenvolvimento da música no Irão, no âmbito da Fundação Artística e Cultural Chavosh. Profundo conhecedor da tradição e professor na Universidade de Teerão, foi também um inovador na execução técnica do santur, ao qual associou um novo colorido orquestral.
Compositor e chefe de orquestra americano de ascendência russa (Brooklyn, Nova Iorque, 24.1.1919 – Manhattan, Nova Iorque, 17.9.2009) que estudou sob a direcção de Schönberg, Roger Sessions e Ernest Bloch. Identificado com a estética da 2.ª escola de Viena, soube sempre permanecer fiel a um estilo muito pessoal, nunca tendo adoptado integralmente a ortodoxia da música dodecafónica. Recebeu o prémio Naumburg pelo seu Concerto para piano n.º 1 e foi distinguido com o prémio Pulitzer da Música (1967) com o seu Quarteto n.º 3, com banda magnética. Foi compositor residente no Festival de Música de Câmara de Santa Fé e no Centro Musical de Tanglewood, tendo por diversas vezes sido responsável pela direcção de orquestras em festivais, como o de Aldeburgh. Foi professor de Música em Harvard entre 1961 e 1989. Um dos seus mais notáveis discípulos foi o violoncelista Yo-Yo Ma.
Algumas obras: Sonata para piano (1948), Quarteto de cordas n.º 1 (1949), Sinfonia (1951), Sonata concertante para violino e piano (1952), Concerto para piano n.º 1 (1953), Tocatta, para orquestra de câmara (1955), Quarteto de cordas n.º 2 (1958), Concerto para violino, violoncelo, 10 sopros e percussão (1960), Concerto para piano n.º 2 (1963), Words from Wordsworth, para coro misto a capella (1966), Quarteto de cordas n.º 3 (1966), Música para orquestra (1969), Lily, ópera em 3 actos (1977, libreto baseado em Saul Bellow), Música para Flauta e Orquestra (1978), The Twilight Stood, para soprano e piano (1982), Para Violino Solo (1986), Para Viloncelo Solo (1986), Cinco peças para piano (1987), Tríptico, para violino e violoncelo (1988), Para Violino Solo II (1988), Música para Orquestra II (1990), Música para violoncelo e orquestra (1992), Para a mão esquerda (1995), Of Things Exactly As They Are, para soprano, barítono, coro e orquestra (1997).
Dramaturgo jamaicano (1940 – Kingston, 15.9.2009), co-autor, com o realizador Perry Henzell, do argumento e guião do filme de ambiente reggae, The Harder They Come (1972). Em 1975, dirigiu Smile Orange, resultante de uma peça de teatro de sua autoria. Outras peças importantes de Trevor Rhone foram levadas à cena com êxito: The Web (1972), School's Out (1975), Old Story Time (1979), Two Can Play (1983), The Game (1985), One Stop Driver (1989), Bella’s Gate Boy (2002). Trevor Rhone recebeu a Musgrave Gold Medal Award, em 1988, o Living Legend Award atribuído pelo National Black Theatre dos EUA (1996) e o Norman Washington Manley Award, atribuído de quatro em quatro anos a uma personalidade que se distinga no âmbito da teatro (1996). Entre outros prémios no âmbito cinematográfico, recebeu o prémio do Festival de Cinema de Cork (Irlanda).
Actor americano (Houston, 18.8.1952 - Los Angeles, 14.9.2009) cuja carreira, embora iniciada em 1979, conheceu um forte impulso com a série televisiva North and South (1985-1986), a que se seguiu de imediato Dirty Dancing (1987, de E. Ardolino) pelo qual foi nomeado para os Globos de Ouros, facto que aconteceu depois também com Ghost (1990, de Jerry Zucker) e To Wong Foo Thanks for Everything, Julie Newmar (1995, de Beeban Kidron). Outros filmes: Road House (1989, de Rowdy Herrington), Next of Kin (1989, de John Irvin), Point Break (1991, de Kathryn Bigelow), City of Joy (1992, de Roland Joffé), Black Dog (1998, de Kevin Hooks), Donnie Darko (2001, de Richard Kelly), Waking Up in Reno (2002, de Jordan Brady), Keeping Mum (2005, de Niall Johnson), Jump (2007, de Joshua Sinclair), Christmas in Wonderland (2007, de James Orr).
Poeta espanhol, também ensaísta, jornalista e pintor (Madrid, 24.12.1942 – ibid., 13.9.2009) cuja obra foi distinguida ao mais alto nível. O seu primeiro livro de poesia foi Grito con carne y lluvia (1961), obtendo o Prémio do Clube Internacional de Poesia de Jerez de la Frontera, seguindo-se-lhe La valija (1962) e Ámbito de entonces (1973). Em 1964 for a distinguido com o Prémio Adonais pela obra La ciudad e, em 1968, Coro de ánimas obteve o Prémio Nacional de Poesia. Diversamente premiados foram também os livros Fiesta en la oscuridad (1976), Sangre en el bajorrelieve (1979) ou Interminable imagen (1995). Em 1999, Bajorrelieve foi galardoado com o Prémios Hispano-americano de Poesia Juan Ramón Jiménez. Entre 1996 e 1997, Itinerario para náufragos venceu o Prémio Internacional de Poesia Jaime Gil de Biedma, o Prémio Nacional da Crítica e o Prémio Nacional de Poesia.
Agrónomo norte-americano (Cresco, Iowa, 25.3.1914 – Dallas, 12.9.2009). Enviado para o México, em 1944, para integrar um projecto agrícola do governo em colaboração com a Fundação Rockefeller para solucionar as pragas que devastavam as colheitas de trigo, conseguiu obter variedades com um rendimento tal que permitiu ao País exportar aquele cereal apesar do seu acentuado acréscimo da população. O seu contributo para a agricultura é conhecido pela expressão «revolução verde», tendo aplicado o resultado das suas investigações à cultura do trigo e do milho na Índia e no Paquistão, a partir de 1960, ao serviço da FAO. Estes e outros países haveriam de incrementar o rendimento por hectare em cerca de 250 %. Entre 1964 e 1982 dirigiu o Centro de Melhoramento do Milho e do Trigo, no México. Foi galardoado com o prémio Nobel da Paz de 1970.
Fotógrafo francês (Paris, 14.10.1910 - ibid., 12.9.2009) que se distinguiu pelos seus expressivos instantâneos do quotidiano parisiense do pós-guerra, e cuja carreira, internacionalmente distinguida, foi paralela à dos seus contemporâneos Robert Doisneau e Cartier-Bresson. Os três integraram, aliás, logo em 1953, o grupo de fotógrafos franceses expostos pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Medalha de Ouro na Bienal de Veneza em 1957, Ronis foi galardoado, em 2007, com um Lucie Award, em Nova Iorque, pela sua carreira. Em França recebeu o oficialato da Ordem de Mérito Nacional.
Willy Ronis de viva voz aqui.
Ver fotos aqui.
Físico dinamarquês (Copenhaga, 19.6.1922 – ibid., 8.9.2009). Dedicado ao ensino desde 1956 e directo colaborador de seu pai, Niels Bohr (Prémio Nobel da Física em 1922), sucedeu-lhe, em 1963, na direcção do Instituto de Física Teórica, por ele fundado e que ostenta o nome do fundador. Juntamente com Benjamim Mottelson e James Rainwater recebeu o prémio Nobel da Física, em 1975, por terem elaborado um modelo unificado da estrutura do núcleo atómico.
Pintor português (Anêlhe, Vidago, 1934 - Lisboa, 5.9.2009). Sobre João Vieira escreveu Luísa Soares de Oliveira na Enciclopédia Verbo, texto de que transcrevemos aqui um excerto:
«As suas primeiras obras representavam cenas rurais ou de pesca; insatisfeito com o que então produzia, João Vieira, em 1954-1955, deixou de desenhar e de pintar e isolou-se em Trás-os-Montes durante um ano. Em 1956, trabalhou num atelier de publicidade, ao mesmo tempo que recomeçava lentamente a pintar. Surgiu então uma imagem quase obsessiva — uma mulher à janela com os braços cruzados — que, pouco a pouco, se iria transformar nos primeiros signos tipográficos da obra de João Vieira: o O, o M e o U (por simetria), o I e o X, ainda antropomórficos e cheios de simbolismo. O pintor partiu depois para Paris (1957-1959), onde esses mesmos signos se esvaziariam de todo o valor simbólico. Em 1959-1960, recebeu uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian; foi também durante estes anos que aderiu ao grupo KWY e que colaborou na revista do mesmo nome. Em 1960-1901, ainda em Paris, descobre a Action Painting com a consequente negação do centro do quadro, e a pintura de Dubuffet, Estève e Bissier; estudou também caligrafia. A partir de então, a gestualidade passou a tomar uma importância cada vez maior na sua pintura, em prejuízo da cor que, por vezes, quase desaparece. João Vieira pinta poemas ou fragmentos de poemas — aliás, sempre apreciou literatura (Ângelo de Lima, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro) e se preocupou com a língua portuguesa —, nem sempre legíveis, o que confere a cada ideograma representado uma qualidade expressiva fundamental.»
Ver reacções à morte de João Vieira no Público.