Elia Kazan nasceu sob o Império Otomano. A família era da Anatólia grega; ele veio à luz em Istambul, capital da Turquia e do Império. Os cem anos que passaram desde o seu nascimento cobrem dois séculos – três, se considerarmos que em 1909 ainda não tinha começado realmente aquilo a que chamamos o século xx e que, para além da estrita e arbitrária divisão das centúrias, hoje se considera em geral ter começado com a Grande Guerra e acabado com a dissolução da União Soviética: o mundo em que nasceu era de facto, ainda, o do século xix.
Cedo emigrou com a família para os Estados Unidos, onde cresceu e viveu como outro americano qualquer, embora com uma consciência mais aguda do que qualquer outro da sua condição de estrangeiro numa terra que no fundo não deixava de ser em grande parte de «estrangeiros». Triunfou na sua pátria de adopção. No mundo das «artes teatrais» em que se notabilizou poucos foram lá festejados, lisonjeados e premiados como ele. Mas aquele sentimento, em que insiste até à saciedade na sua notável autobiografia, marcou a sua vida e a sua carreira. América, América (America, America, um livro que publicou e cinematizou em 1963) foi o tributo que prestou à pátria natal – e, ao mesmo tempo o reconhecimento prestado ao país em que viveu: um retrato comovido da sua dupla condição. Uma incursão autobiográfica muito menos bem sucedida foi um dos seus últimos filmes, The Arrangement (O Compromisso, 1969), um fracasso que ele próprio reconheceu.
Kazan pertenceu no seu tempo – e na minha memória desses tempos – ao panteão dos «grandes realizadores», quando os cinéfilos que pretendiam tomar a sério o cinema viam a arte cinematográfica à luz de umas quantas figuras tutelares, que se destacavam – ilusoriamente talvez, é mais fácil hoje vê-lo – da massa supostamente anónima dos «trabalhadores» do cinema. Era um tempo em que também a gravidade dos temas e das «teses» tinha um peso desproporcionado na avaliação dos escritores e directores de teatro e de cinema e na importãncia que se lhes dava.Embora já se possa verificar como a história do cinema não é só nem principalmente feita de grandes temas e de uma meia dúzia de cineastas com a «arte» na lapela – o certo é que, quanto mais não seja, o papel de Kazan na criação do Actor’s Studio e da sua escola de representação lhe confere uma relevância inegável no que definiu não só a arte mas a sensibilidade de uma época que ainda perdura. Pelo Actor’s Studio (que fundou com Cheryl Crawford e Robert Lewis e depois foi dirigido durante dezenas de anos por Lee Strasberg e para sempre estará associado ao nome deste), passaram centenas de actores – até Marylin Monroe ou Paul Newman, que hoje provavelmente pouca gente associa ao «Método»; entre eles houve dois que em grande parte devem a sua lenda a Elia Kazan, Marlon Brando e James Dean. Foi Kazan quem lançou Brando com o papel de Stanley Kowalsky em A Streetcar Named Desire (1951) e o primeiro grande papel de James Dean foi o de Cal em East of Eden (A Leste do Paraíso, 1955), que Paul Osborn e Kazan adaptaram de forma magnífica ao cinema a partir do romance de John Steinbeck.
No teatro, onde começou e onde voltou muitas vezes, e onde forjou inicialmente a sua reputação artística, iniciou-se modestamente no Group Theatre de Harold Clurman, onde também conheceu e trabalhou com Clifford Odets, o dramaturgo panfletário de Golden Boy e Waiting for Lefty – e de muitas outras coisas como o brilhante argumento do brilhante filme de Alexander MacKendrick The Sweet Smell of Success (1957). A carreira de Kazan no teatro ficou assinalada por várias encenações célebres, entre as quais as de The Skin of Our Teeth de Thornton Wilder e, sobretudo, na Broadway, Um eléctrico chamado desejo, de Tennessee Williams, e Morte de um caixeiro viajante, de Arthur Miller. As carreiras tanto de Tennessee Williams como de «Art» estiveram indissoluvelmente ligadas às encenações originais de Kazan. Williams seria amigo de Kazan até ao fim da vida, Miller – depois de dois ou três anos em que foram «como irmãos», nem por isso. Mas, em 1964, foi Kazan quem mais tarde pôs em cena After the Fall.
Precedido pela sua reputação teatral (que incluía um grande êxito hoje menos lembrado, o da peça Jacobowsky e o coronel, que depois seria um filme com Danny Kaye), foi recebido em Hollywood de braços abertos. Já conhecia os estúdios, onde tinha recebido de Lewis Milestone uma primeira instrução cinematográfica e teve papéis menores em dois filmes de Anatole Litvak. Kazan não se orgulhava muito dos primeiros filmes que realizou – nem principalmente dos que maior êxito de crítica e de público tiveram, Gentleman’s Agreement (A luz é para todos, 1947) ou Pinky (Herança Cruel, 1949);Boomerang(Crime sem castigo, 1947) ou Panic in the Streets (1950)são recordados por ele com muito mais carinho e respeito, merecidamente. Mas, de facto, como diz o crítico David Thomson, os seus «primeiros seis filmes mal são reconhecíveis como seus». O cinema começou por ser para ele uma extensão do teatro. Elia Kazan não fez muitos filmes: entre 1945 e 1976 dirigiu apenas 19 filmes. Mas valeram-lhe dois Óscares (em 1948, por Gentleman´s Agreement, e 1955, por On the Waterfront (Há lodo no cais, 1954), além de outras nomeações e de vários galardões em festivais europeus. Três deles, pelo menos, dão-lhe um lugar de relevo na história do cinema americano: Há lodo no cais, A Leste do Paraíso e O esplendor na relva. Kazan trabalhou com alguns dos melhores directores de fotografia da «indústria» e soube, nos seus melhores filmes, tirar o máximo partido deles. Deu largas ao seu lado «progressista» em Viva Zapata! (1952), que não é dos seus melhores filmes; o seu lado melodramático está patente em A Face in the Crowd (1957), mais interessante cinematograficamente; Wild River, 1960, é um filme de um lirismo melancólico, discreto e muitas vezes tocante. Em 1999, recebeu um Óscar pelo conjunto da sua carreira, num clima de extraordinária tensão.
Kazan fora membro do Partido Comunista nos anos trinta e conheceu bem a tirania exercida pelo «aparelho» no mundo artístico e intelectual. Embora sempre se tenha considerado um homem «de esquerda», ficou a detestar o comunismo e o Partido, o seu dogmatismo, as suas mentiras, a sua mesquinhez, a sua hipocrisia e a sua falta de escrúpulos. Na época do chamado «maccarthismo» quis tomar posição e, em 1954, aceitou colaborar com a Comissão Parlamentar sobre Actividades Anti-americanas (o House Committee on Un-american Activities, HCUA, muitas vezes designado por HUAC). Esse episódio, além de outras consequências pessoais e profissionais, coloriu indelevelmente a imagem de Kazan e determinou em muitos aspectos a sua vida e a sua carreira. Na cerimónia de 1999 – cinquenta anos depois, note-se – subiu ao palco «escoltado» por Martin Scorsese e Robert de Niro perante um público em que era palpável a animosidade de muitas das celebridades presentes. Acabou por ser ovacionado de pé por grande parte da assistência, mas houve muita gente que se recusou ostensivamente a aplaudir – e alguns que não se levantaram. Warren Beatty, um dos «progressistas» encartados de Hollywood, bateu-lhe palmas, mas só porque – como se sentiu obrigado a explicar – a sua carreira de actor de cinema, mais um, se inciou com ele em O esplendor na relva. Conta-se que Abraham Polonsky, um argumentista e realizador que esteve na «lista negra» dos anos 50, declarou na altura que teria gostado de ver Kazan abatido a tiro no palco. O rancor impenitente dos grandes humanistas é sempre um espectáculo reconfortante.
A vida de Kazan ninguém a contou melhor do que ele: A Life, um livro que publicou em 1988, é uma obra monumental, de uma franqueza impressionante e cuja leitura é difícil de interromper; começa de forma irresistível com a história da família, na Anatólia natal e não nos larga até ao fim. Considerava-se um homem feliz, mas no fundo nunca esqueceu o que lhe disse em pequeno um tio seu: «Não te rales muito. Normalmente corre tudo mal.»
Texto inicialmente publicado no volume Annualia 2008-2009
Rod Steiger e Marlon Brando em On the Waterfront:
Marlon Brando e Vivien Leigh em A Streetcar Named Desire
Natalie Wood e Warren Beatty em Splendor in the Grass
Cineasta americano (Nova Iorque, 7.7.1899 — Los Angeles, 24.1.1983). Com larga experiência teatral, no cinema celebrizou-se pela versatilidade, inteligência e pela eficácia na direcção de actores. Talvez o seu filme mais conhecido tenha sido My Fair Lady (1964, com Audrey Hepburn), mas Cukor distingue-se por um grande número de filmes (comédias, melodramas) dirigidos com grande saber e onde as personagens femininas (e suas intérpretes) emergem decisivamente. Desde logo Katherine Hepburn (A Bill of Divorcement, 1932; Little Women, 1933; Sylvia Scarlett, 1935; The Philadelphia Story, 1940; Adam’s Rib, 1951; etc.), mas também Jean Harlow (Dinner at Eight, 1933), Greta Garbo (Camille, 1935; Two-faced Woman, 1941), Claudette Colbert (Zaza, 1938), Ingrid Bergman (Gaslight, 1944), Greer Garson (Desire Me, 1947), Lana Turner (A Life of Her Own, 1950), Judy Holliday (Born Yesterday, 1950), Jean Simmons (The Actress, 1953), Ava Gardner (Bhowani Junction, 1955), Anna Magnani (Wild Is the Wind, 1957), Marilyn Monroe (Let’s Make Love, 1960) e também Sophia Loren, Jane Fonda, Elizabeth Taylor, Jacqueline Bisset e Candice Bergen.
Actor norte-americano, de ascendência checa por parte da mãe e sérvia por parte do pai, cujo verdadeiro nome era Mladen Sekulovich (Chicago, 22.3.1912 – Los Angeles, 1.7.2009). Depois de ter feito teatro desde 1937 (tendo integrado a companhia Group Theatre) e de ter chamado a atenção de Elia Kazan, que o dirigiu em peças de Arthur Miller e Tenessee Williams, estreou-se como actor de cinema num filme de Garson Kanin, They Knew What They Wanted (1940). O nome de Malden saltaria para a ribalta com o Óscar para Melhor Actor Secundário, de novo dirigido por Kazan em A Streetcar Named Desire (1951). Em 1954, Kazan coltou a dar-lhe um papel em The Waterfront, pelo qual voltou a ser nomeado. O nome Malden tornou-se, assim, habitual no cinema americano das décadas 50 e 60, facto a que não foi alheio o seu desempenho muito forte de personagens mais ou menos amorais ou duras, e um estilo de representação que se impunha, quer pela vincada personalidade do actor, quer pela sua fisionomia singular e pelo fulgor do jogo fisionómico. Em 1957, dirigiu Time Limit. No início da década de 70, protagonizou uma famosa série de televisão, que o popularizou ainda mais: The Streets of San Francisco. Regressaria, em 1984, ao protagonismo de outra série: Fatal Vision. Foi um justamente prestigiado Karl Malden que, entre 1988 e 1992, presidou à Academia das Artes e Ciências Cinematográficas. Em 1999, foi um dos defensores da entrega do Óscar Honorário a Elia Kazan.
Alguns filmes da extensa filmografia de Karl Malden: Winged Victory (1944, de George Cukor), Kiss of Death (1947, de Henry Hathaway), The Gunfighter (1950, de Henry King), Where the Sidewalk Ends (1950, de Otto Preminger), I Confess (1953, de Alfred Hitchcock), Take the Highground (1953, de Richard Brooks), Baby Doll (1956, de Elia Kazan), Fear Strikes Out (1957, de Robert Mulligan), The Hanging Tree (1959, de Delmer Daves), The Great Impostor (1961, de Robert Mulligan), One-Eyed Jacks (1961, de Marlon Brando), All Fall Down (1962) e Birdman of Alcatraz (1962), de John Frankenheimer, How the West Was Won (1962, de John Ford e outros), Gypsy (1962, de Mervyn LeRoy), Cheyenne Autumn (1964, de John Ford), The Cincinnati Kid (1965, de Norman Jewson), Nevada Smith (1966, de Henry Hathaway), Billion Dollar Brain (1967, de Ken Russell), Patton (1970, de Franklin J. Schaffner).
Actriz americana (Corpus Christi, Texas, 2.2.1947 – Santa Mónica, Califórnia, 25.6.2009) que ganhou lugar de relevo em séries de televisão como I Dream of Jeannie (1965-1970), The Flying Nun (1967-1970) ou The Partridge Family (1970-1974), mas que teve em Chalie’s Angels (1976- 1981) o seu maior êxito. Em Myra Breckinridge (1970, de Michael Same) contracenou com John Huston, Mae West e Raquel Welch. Protagonizou depois alguns filmes como Somebody Killed Her Husband (1978, de Lamont Johnson), Sunburn (1979, de Richard C. Sarafian), Saturn 3 (1980, de Stanley Donen), The Cannonball Run (1981, de Hal Needham), The Burning Bed (1984, de Robert Greenwald, para tv), Extremities (1986, de Robert M. Young), Small Sacrifices (1989, de David Greene, para tv), Good Sports (1991, série de televisão), The Apostle (1997, de e com Robert Duvall).
Actriz alemã, filha de Bertolt Brecht (Munique, 12.3.1923 – ibid., 23.6.2009) e da cantora Mariane Zoff, que a ensinou e a encaminhou para uma carreira artística. Trabalhou em teatros nas duas Alemanhas do tempo da Guerra Fria, e também na Suíça e na Áustria, tendo protagonizado algumas peças escritas pelo seu pai, como foi o caso de As Espingardas da Mãe Carrar, que também fez para televisão em 1975. Em 1998, interpretou a sua própria figura em Cem anos de Brecht (Hundert Jahre Brecht), cujo argumento escreveu em conjunto com o realizador Ottokar Runze.
Realizador americano (1909-1993), que começou por trabalhar como argumentista. O seu primeiro filme foi Dragonwyck (1946). Excelente director de actores, os seus filmes abordam as fraquezas e os vícios humanos e apresentam quase sempre uma assinalável qualidade «literária». Foi distinguido com Óscares por A Letter to three wives (1948) e por All about Eve (1950). Prova evidente do seu talento é Sleuth (1972, Anatomia de Um Crime), notável filme para dois actores (L. Olivier e M. Caine) realizado num espaço fechado. Outros filmes: Somewhere in the Night (1946), House of strangers (1949), No Way Out (1950), Julius Caesar (1953), The Barefoot Contessa (1954), The Quiet American (1958), Suddenly, Last Summer (1959), Cleópatra (1963).
Cineasta americano (1909-1984) que começou por ser crítico literário e teatral, tendo dirigido produções da Broadway. No final da II Guerra Mundial rodou A Gun in His Hand (Óscar para a Melhor Curta-Metragem, 1945), mas o seu primeiro filme de fundo é The Boy with Green Hair (1948). Alvo da perseguição do maccarthismo, fixou-se em Inglaterra onde construiu uma filmografia de grande qualidade. Algumas obras: The Sleeping Tiger (1954), The Intimate Stranger (1955), A Man of the Beach (1955), The Servant (1963), King and Country (1965), Modesty Blaise (1966), Accident (1967), The Go-Between (1971, Palma de Ouro do Festival de Cannes), Boom! (1968), A Doll’s House (1973), Don Giovanni (1979).
Realizador francês (1909-1989), cuja formação jurídica veio a reflectir-se no seu cinema, sobretudo a partir de Justice est faite (1950), que inaugurou uma abordagem intensa de questões jurídicas. Estreou-se como realizador, depois de se ter iniciado como argumentista, com Amants de Vérone (1948), com argumento de Jacques Prévert. Alguns outros títulos: Au Bonheur des dames (1943), Nous sommes tous des assassins (1951), La Glaive et la Balance (1963), Les Risques du Métier (1967), Mourir d'aimer (1970), Il n’y a pas de fumée sans feu (1972), Verdict (1974), A Chacun son enfer (1977), La Raison d’État (1978), L’Amour en Question (1978). No final da carreira realizou algumas séries para televisão como La Faute (1980) e Les Avocats du Diable (1981).
Actor americano (Hollywood, 8.12.1936 - Banguecoque, 4.6.2009), filho do lendários John Carradine que, durante cerca de meio século, fez centenas de filmes de todos os géneros, nunca deixando de actuar no palco, em peças de Shakespeare e de outros clássicos. Desta dinastia de actores fazem parte os seus irmãos Bruce, Keith e Robert. Participou em mais de duas centenas de produções, tanto no cinema como na televisão, participando em numerosíssimas séries de grande êxito. Recordam-se aqui apenas alguns filmes, a título de exemplo: Bound for Glory (1976, de Hal Ashby, sobre a vida de Woody Guthrie), O Ovo da Serpente (1977, de Ingmar Bergman), The Long Riders (1980, de Walter Hill), Kung Fu: The Movie (1986, de Richard Lang) ou, mais recentemente, Kill Bill I e II (2003 e 2004, de Quentin Tarantino). Realizou, além de episódios da série Kung Fu, os filmes You and Me (1975), Mata Hari (1978) e Americana (1983).
Mais informações sobre a impressionante carreira de David Carradine aqui.
David Attenborough (n. Londres, 1926) formou-se em Ciências Naturais na Universidade de Cambridge (1947) e começou a trabalhar na BBC em 1952, colocando esta estação na vanguarda da produção de documentários.
Em 1954 iniciou a emissão da série Zoo Quest, ao seviço da qual viajou durante dez anos por terras remotas. En 1965 ocupou pela primeira vez um cargo directivo na BBC 2 e foi responsável pela chegada da televisão a cores ao Reino Unido. Em 1969 foi nomeado director de programas, cargo em que permaneceu durante varios anños. Hoje, é presidente da Real Sociedade para a Conservação da Natureza, membro da Royal Society de Londres e do conselhoo de administração do Museu Britânico e do Real Jardim Botânico de Kew. Retomou o seu trabalho de realizador em 1973 e criou uma vintena de programas de divulgação daa natureza como Eastwards with Attenborough ou The Ribal Eye. Em 1979 escreveu, dirigiu e apresentou aquela foi então considerada a série mais ambiciosa produzida na BBC, Life on Earth. Mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo viram esta série, um marco da divulgação científica. Outras séries se seguiram como The living planet (1984), The trials of life (1990), Life in the freezer (1993), The Private Life of Plants (1995), The Life of Birds (1998), State of the Planet (2000), The Blue Planet (2001), The Life of Mammals (2002), Life in the Undergrowth (2005), Planet Earth (2006) e Life in cold blood (2008). Para além da sua filmografia, é preciso destacar a sua produção bibliográfica, traduzida em títulos como Zoo Quest to Guyana (1956), Quest in Paradise (1960), The Tribal Eye (1976), Life on Earth (1979), The Living Planet (1984), The First Eden (1987), The Trials of Life (1990), The Private Life of Plants (1994), The Life of Mammals (2002) e Life in the Undergrowth (2005). Life on Air (2005) é um relato autobiográfico que abrange toda a sua carreira profissional. É colaborador, desde a sua criação em 1989, e seu patrono desde 2003, do World Land Trust, uma sociedade de conservação da natureza que compra terras e áreas de selvas tropicais como forma de contribuir para a conservação dos animais que viven nelas. O World Land Trust já ajudou a adquirir e a proteger mais de 1214 km2 de habitats ricos em fauna e flora no Belize, Costa Rica, Filipinas, América do Sul e no Reino Unido. Foi nomeado em 1985 Cavaleiro do Império Británico pela Rainha Isabel II de Inglaterra, a qual, em 2005, o distinguiu com a Ordem de Mérito. Doctor honoris causa por várias universidades, recebeu a Medalha de Prata da Real Sociedade de Televisão e da Sociedade Zoológica de Londres, para além da Medalha de Ouro da Academia de Ciências Naturais de Filadélfia e a dos fundadores da Real Sociedade de Geografia (Reino Unido). Além destas distinções, possui a Medalha da Real Sociedade Geográfica Escocesa e da Real Sociedade de Artes (EUA). Recebeu também o Prémio Kalinga da UNESCO (1981), o Emmy International Award (1985), o Golden Kamera Award (Alemanha, 1993), o prémio Michael Faraday da Royal Society de Londres (2003) e, um ano depois, o primeiro Prémio Descartes de Comunicação Científica da Comissão Europeia. Em 2007, foi-lhe concedida a Medalha do Instituto de Ecologia e Gestão Ambiental do Reino Unido e, posteriormente, recebeu títulos honorários das universidades britânicas de Aberdeen, Exeter e da Kingston University, de Londres.
Actriz britânica (Inglaterra, 22.5.1980 – Paris, 20.5.2009) cujo talento e beleza podem ser observados ao longo de uma curtíssima carreira, que inclui os seguintes filmes: Perfume (2001, Michael Rymer e Hunter Carson), Serendipity (2001, de Peter Chelsom), The Four Feathers (2002, de Shekhar Kapur), Les poupées russes (2005, de Cédric Klapisch), Serial (2007, de Kevin Arbouet e Larry Strong), Spider-Man 3 (2007, de Sam Raimi), Frost (2008, de Steve Clark), Brief Interviews with Hideous Men (2009, de John Krasinski), Cineman (2009, de Yann Moix). Recentemente encarnou a figura de Jane Birkin no filme Serge Gainsborough, vie héröique (2009, de Joann Sfar).
Crítico de cinema e ensaísta português (Lisboa, 7.2.1935 – ibid., 21.5.2009). Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1959), foi professor de Filosofia no ensino liceal (1961-1964) e bolseiro da Fundação Gulbenkian. Foi presidente-geral da Juventude Universitária Católica nos anos 50 e director do jornal Encontro. Membro da comissão pró-associação de estudantes da Faculdade de Letras, foi candidato a deputado pela CDE nas eleições de 1969. Chefe de redacção (1963-1969) e director (1969-1970) da revista O Tempo e o Modo, fez parte da direcção do Centro Nacional de Cultura (1970-1974) e da comissão consultiva da administração da RTP (Setembro 1974 a Março de 1975), bem como de diversas comissões para a reforma do Conservatório Nacional (1977-1979). Fez também parte das direcções do Cineclube Universitário de Lisboa, do Centro Cultural de Cinema e do Centro de Estudos Cinematográficos. Em 1966 ingressou no quadro do Serviço de Belas-Artes da Fundação Gulbenkian como responsável do Sector de Cinema, cargo que ocupou a partir de 1985, como primeiro assistente de direcção daquele serviço. Foi professor do Conservatório Nacional na cadeira de História do Cinema (1972-1980), tendo exercido o cargo de subdirector da Cinemateca Portuguesa desde a sua fundação, em 1.8.1980. Exerceu a actividade de crítico de cinema em numerosos jornais e revistas, tendo pronunciado conferências em Portugal e no estrangeiro. Foi membro do IPC em 1979 e 1980-1981. Em 1991 foi nomeado director da Cinemateca Portuguesa. Homem de grande cultura, não só cinematográfica, as suas crónicas, primeiro no Independente, depois no Público, nas quais combinou com mestria erudição, memorialismo e intervenção, constituem um testemunho absolutamente excepcional da sua condição de homem livre, da sua visão do mundo e do seu percurso espiritual. [Este texto retoma parcialmente o verbete da Enciclopédia Verbo, assinado por Luís de Pina, seu antecessor na direcção da Cinemateca.]
Algumas obras: Emmamuel Mounier (1961), «O Rigor e a Vertigem», in caderno colectivo Bergman no Cerco (1964), Da Pedagogia não-directiva como Pedagogia Personalista (1966), Os Silêncios do Vaticano (1968), Rossellini (1973), Mizoguchi (1976), Visconti (1977), Cinema Americano — Anos 30, (1977), Cinema Polaco (1978), Cinema Mudo Sueco (1978), Cinema Brasileiro, (1978), Cinema Húngaro (1979), Robert Bresson (1979), Jean Renoir (1979), Cinema Americano — Anos 40 (1979), François Truffaut (1980), Ozu (1980), Cinema Alemão 1918/1933, 1965/1980 (1981), Cinema Americano — Anos 50 (1981), Luis Buñuel (1982), Fritz Lang (1983), John Ford (1983), Joseph von Sternberg (1984), Cinema Inglês 1933-1984 (1984), Os Filmes da Minha Vida — Os Meus Filmes da Vida (1990), Histórias de Cinema (1991), Muito Lá de Casa (1994), O Cinema Português Nunca Existiu (1996), Nós, os Vencidos do Catolicismo (2003).