Em 1866 chegara ao Rio de Janeiro, a chamado de Faustino Xavier de Novais, a irmão mais nova deste poeta, Carolina Augusta, já mulher feita, de trinta e dois anos, solteira, de conhecidos pendores intelectuais. Encontra o irmão neurasténico, e é ela quem lhe dá assistência ao longo da enfermidade. Machado de Assis, cinco anos mais moço que Carolina, não tarde a conhecê-la, e daí surge a afeição que, à revelia da oposição de Adelaide e Miguel Xavier de Novais, outros de seus irmãos transferidos para o Brasil, termina por superar as dificuldades de família, inspiradas pelo preconceio de cor, e une os dois namorados a 12 de Novembro de 1869, na Matriz de Santa Rita.
O casamento marca uma nova etapa na vida do escritor. Carolina é a companheira perfeita, na compreensão, na concordância de temperamentos, no amor perene, na comunhão de sentimentos. Para um tímido como Machado de Assis, e de mais a mais torturado pela epilepsia, o casamento poderia ter sido um desastre completo. Carolina converte-o num completo triunfo -- não obstante o ciúme pertinaz com que o marido poderia ter infortunado a vida em comum: ela o compreende e o ama, sabe protegê-lo e ampará-lo, dá-lhe a atmosfera de paz e ternura que o grande escritor necessita para construir a sua obra. Tão grande é a influência exercida por ela no destino de Machado de Assis que há quem suponha tenha actuado Carolina no aprimoramento da língua escorreita do mestre de Várias Histórias. Falsa ou excessiva essa suposição, a verdade é que Carolina foi para ele a confidente e a companheira, e disto o escritor nos daria o depoimento comovido nas páginas em que, fechando a sua obra, repassou a felicidade conjugal de Aguiar e D. Carmo, no Memorial de Aires.
Entre 1865 e 1870 vivera o país a dura fase da guerra com o Paraguai. Machado de Assis,, embora retraído e tímido, não ficara alheio ao conflito, e dele recolherá inspiração para algumas de suas páginas. Se lhe falta o calor das grandes vibrações patrióticas, que inspira muitos poetas românticos, isto corre à conta de seu feitio pessoal. O escritor continua a trabalhar a sua obra, firmemente, obstinadamente. No ano seguinte ao de seu casamento, reaparece ele em livro como poeta, publicando as Falenas, e faz a sua estreia, também em livro, como contista, publicando os Contos Fluminenses.
Em 1872 publica Machado de Assis o seu primeiro romance, Ressurreição, na linha dos romances urbanos de José de Alencar. Embora evidenciasse no livro a sua maneira pessoal, como estiloo e uridura romanesca, podia-se reconhecer no tom geral da narrativa a atmosfera alencariana.
Além de contista, romancista, cronista, poeta, crítico, teatrólogo, Machado de Assis é também tradutor. Sua pena parece estar continuamente ocupada -- ou a serviço de trabalhos originais, ou a serviço de trabalhos alheios. E o moço escritor vai acumulando traduções de romances e de peças de teatro na sua bibliografia. Dir-se-ia que as obrigações do lar o impelem a essa porfiada ocupação intelectual.
Em 1873 a vida de Machado de Assis ganha afinal estabilidade , quando o escritor é nomeado amanuense do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. R. Magalhães Júnior, que lhe pesquisou exaustivamente a carreira de funcionário público, adianta-nos que, por decreto de 31 de Dezembro do mesmo ano, Machado de Assis passou de amanuense a primeiro-oficial. Daí em diante, ele não deixará de elevar-se na vida burocrática, como exemplo de assiduidade, competência e dedicação. O emprego público completa-lhe a segurança íntima que lhe adveio o casamento com Carolina.
Aos poucos as letras brasileiras tinham encontrado a sua feição própria, diversa das letras portuguesas. As ideias por que se batera Alencar, pugnando por uma expressão nacional, na língua literária, na inspiração dos motivos, na cor local, tinham-se ajustado à feição geral de nossa prosa e de nossa poesia, com um Gonçalves Dias, um Castro Alves, um Álvares de Azevedo, um Casimiro de Abreu, um Joaquim Manoel de Macedo, um Martins Pena, um João Francisco Lisboa, um Tobias Barreto, um Fagundes Varela. Uma nova geração literária, que aguerridamente se batera pela abolição do cativeiro e pregara os ideais republicanos, viera-se formando ao fim da Monarquia. Olavo Bilac, Coelho Neto, Medeiros e Albuquerque, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, José Veríssimo, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira tinham despontado como valores evidentes, e a verdade é que nenhum deles trazia em si o dom de suplantar Machado de Assis. Pelo contrário: reconheciam-lhe a liderança, proclamavam-lhe a superioridade. (continua)
* Publicado em Gigantes da Literatura Universal, vol. 26, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1972.
Actor brasileiro (São Paulo, 19.10.1931 – ibid., 22.2.2008). Estreou-se no cinema em Apassionata (1952, de Fernando De Barros), tendo participado em vários filmes até 1960, momento em que começou a participar em novelas da TV Excelsior (as primeiras são A Muralha e Maria Antonieta, em 1961) e na Rede Globo (por exemplo O Rei dos Ciganos, 1966). Neste último ano entrou em Engraçadinha Depois dos Trinta, longa-metragem de J. B. Tanko baseada em Asfalto Selvagem de Nelson Rodrigues, começando a alternar as produções cinematográficas com as televisivas. Em 1977, o seu desempenho como «Leôncio» na telenovela Escrava Isaura, projecta a sua carreira em termos nacionais e internacionais. Em 1978 encabeça o elenco da novela O Coronel Delmiro Gouveia e, em 1979, o do filme Os Foragidos da Violência, de Luís de Miranda Corrêa). Em 1981, integrou o elenco de um filme de sucesso: Pixote, a Lei do Mais Forte, de Hector Babenco.
Outras telenovelas: Tempo de Viver (1972), Supermanoela (1974), Escalada (1975), Gabriela (1975), O Grito (1975), Dona Xepa (1977), O Astro (1977), A Sucessora (1978), Os Imigrantes (1981), Campeão (1982), Maçã do Amor (1983), Viver a Vida (1984), Padre Cícero (1984), Grande Sertão: Veredas (1985), Sinhá Moça (1986), Pacto de Sangue (1986), Salomé (1991), Memorial de Maria Moura (1994), Sangue do Meu Sangue (1995), Os Ossos do Barão (1997).
Outros filmes: Essa Gatinha é Minha (1966, de Jece Valadão), O Homem que Comprou o Mundo (1968), Tempo de Violência (1969, de Hugo Kusnet), O Impossível Acontece (1969, de C. Adolpho Chadler), Anjos e Demónios (1970, de Carlos Hugo Christensen), Uma Pantera em Minha Cama (1971, de Carlos Hugo Christensen), A Difícil Vida Fácil (1972, de Alberto Pieralisi), Missão: Matar (1972, de Pieralisi), Café na Cama (1973, de Pieralisi), O Mau Caráter (1973, de Jece Valadão), O Sósia da Morte (Luís de Miranda Corrêa), Nós, os Canalhas (1975, de J. Valadão), O Homem da Cabeça de Ouro (1975, de Pieralisi), Sonhos Tropicais (2001, de André Sturm)
O centenário do nascimento do grande escritor João Guimarães Rosa é celebrado no volume ANNUALIA 2007-2008 com um ensaio sobre Grande Sertão: Veredas. do professor e académico brasileiro Domício Proença Filho.
De 1946 a 67, ano de sua morte, o escritor João Guimarães Rosa - que em 2008 tem seu centenário de nascimento celebrado - manteve ininterrupta e calorosa correspondência com o também diplomata Mário Calábria, que mora em Berlim. Em 1946, Calábria ingressou no Itamaraty e teve Rosa como seu primeiro chefe. Serviu sob o comando do escritor pouco tempo, mas a amizade durou para sempre. A convivência começou intensa, já que Calábria participou da "luta" do autor contra os tipógrafos de Sagarana, a estréia literária de Rosa, justamente em 46. Nunca mais se afastaram. Há um ano, o poeta Alexei Bueno recebeu de Calábria, em Berlim, as cerca de 130 cartas que recebeu do autor ao longo da vida. O valioso conjunto é inédito, e Bueno procura uma editora para publicá-lo. Nas cartas, diz Bueno, Rosa "esclarece detalhes fascinantes de sua visão do mundo". (Fonte: O Globo, via www.publishnews.com.br)
Em 1859, Paula Brito começou a editar uma nova revista de literatura, modas, indústria e artes, O Espelho, sob a direcção de F. Eleutério de Sousa. Ali vamos encontrar Machado de Assis já deixando transparecer os primeiros sinais da gravidade do seu espírito: como crítico de teatro. Tem vinte anos, mas já é crítico de ideias. A adaptação de alguns episódios dos Mistérios de Paris, de Eugène Sue, Pipelet, em forma de ópera, com música de Ferrari e poema de Machado de Assis, levada à cena em 1859, se foi a estreia do escritor diante do público, não era, no teatro, o seu primeiro trabalho. Este parece ter sido A Ópera das Janelas, de 1857, e de que apenas se tem notícia.
Em 1861, Machado de Assis estreia em livro com Desencantos, fantasia dramática, dedicada a seu amigo Quintino Bocaiuva. Dois anos depois, reúne, sob o título de Teatro de Machado de Assis, vol. I, duas comédias em um acto, O Caminho da Porta e O Protocolo. Levadas à cena ambas as comédias, mereceram elas a aprovação da crítica. Teriam merecido a aprovação do público? Parece que sim, e o próprio comediógrafo nos dá notícia disto.
Aos poucos ia ela adestrando a pena em outras experiências. Já era então o cronista, o crítico de teatro, o teatrólogo e o poeta. Este útimo vai apresentar-se em 1864 na unidade de um volume, as Crisálidas.
A publicação em Abril de 1865, no Jornal das Famílias, de um conto de Machado de Assis, Confissões de uma Viúva Moça, suscitando polémica em torno da moralidade da narrativa. chama também a atenção do público para uma das facetas do talento de seu autor; a do contista, que se irá aos poucos aprimorando, até lhe dar uma posição de indiscutível preeminência entre os mestres da novela curta em língua portuguesa.
Já Machado de Assis havia também feito o seu primeiro ensaio de crítica literária, publicando em 1858, na imprensa, um estudo sobre «O passado, o presente e o futuro da literatura». A propósito, comenta Lúcia Miguel Pereira: «É realmente notável sob muitos aspectos esse trabalho de um jovem de 19 anos que encarava a literatura como um meio de fixação da nacionalidade, reclamando contra a escravização aos cânones portugueses, condenando o indianismo, porque a poesia indígena, bárbara, a poesia do boré e do tupã não é poesia nacional.»
O tirocínio da colaboração de jornal, a que se vê obrigado tanto pelo pendor da vocação quanto pela necessidade de ganhar a vida, há-de ter contribuído, em Machado de Assis, mal saído da adolescência, para a graça e a singeleza do seu estilo -- sem os excessos de atavios que a prosa romântica havia estimulado. Por outro lado a crónica dos acontecimentos de cada dia, a que é atraído nessa fase, leva-o a se identificar com o seu tempo e o seu meio, na graça dos comentários com que vai recompondo a vida quotidiana no espelho de suas crónicas. No Diário do Rio de Janeiro, que volta a circular por volta de 1860, com Quintino Bocaiuva como seu redactor chefe, Machado de Assis abre à sua pena de cronista o caminho de uma nova experiência, como redactor da resenha dos trabalhos do Senado. E como por onde andava fazia amigos, soube fazê-los também aí, entre colegas de ofício e ainda entre políticos influentes. Dali guardaria reminiscências indeléveis, entre as quais sobrelevam as que iriam compor a crónica «O Velho Senado», de suas Páginas Recolhidas.
Do prestígio que angariara com as suas letras, a sua correcção e as suas amizades, o melhor testemunho é o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa, com que é agraciado em 1867 pelo Governo Imperial. Nesse mesmo ano, vê-se nomeado ajudante do director do Diário Oficial, o que significava, no serviço público, um bom começo, e ainda um princípio de estabilidade, pois o jovem deixava de viver ao sabor do dia-a-dia, como colaborador de jornal: tinha o seu emprego no serviço público, podia pensar em ter sua casa, em constituir o seu lar. (continua)
* Publicado em Gigantes da Literatura Universal, vol. 26, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1972.
Em 1854, casa-se pela segunda vez o pai de Machado de Assis. Já este andava pelos 15 anos: era tempo de o pássaro franzino ir tratando de emplumar seu voo. A madrasta, Maria Inês da Silva, chegava naturalmente tarde para impor-se ao enteado. Daí, com certeza, não se terem entendido.
Há-de ter sido por esse tempo que Joaquim Maria fez a sua experiência no comércio, como caixeiro de uma loja de papel, e ali só permaneceu três dias. Sinal de que, no adolescente, já a natureza afirmativa do homem vinham dando de si. Outros eram os seus pendores; para horizontes mais amplos já ele então se voltava, com essa força teimosa que traz em si a vocação verdadeira. E não tardaria a encontrar, andando o tempo, seu ambiente adequado, na loja de Francisco de Paula Brito, impressor da Casa Imperial, editor de um jornal de modas e variedades, a quem se ligaria por vários laços de afinidade: de cor, de humildade, de espírito associativo, de vocação literária.
Paula Brito, poeta, livreiro e editor, soubera fazer de sua loja do Largo do Rocio ponto de encontro de figuras ilustres, umas ainda moças, outras já consagradas, entre políticos, jornalistas e escritores de nomeada. Em 1849, começara a publicar a «Marmota na Corte», que em Maio de 1852 mudaria de nome, passando a chamar-se «Marmota Fluminense», a qual, por sua vez, se denominaria apenas «A Marmota», a partir de 1857.
Na «Marmota Fluminense», a que foi admitido como revisor, Machado de Assis se elevaria a colaborador, e aí estrearia como poeta, a 12 de Janeiro de 11855. Também como editor, publicaria Paula Brito dois trabalhos de Machado de Assis: uma fantasia dramática, «Desencantos», vinda a lume em 1861, e uma tradução, «Queda que as Mulheres têm para os Tolos», do mesmo ano.
Menino e moço, iniciou-se Machado de Assis como tipógrafo na Imprensa Nacional. E foi ali, precisamente por ser mau operário, mais interessado nas suas leituras que na composição dos textos alheios, que fez amizade com o director da repartição, o romancista Manuel António de Almeida.
Machado de Assis ia assim, aos poucos, com o seu talento e a sua finura de maneiras, alargando círculo de bons amigos que lhe permitiriam gradativamente a ascensão social a que tinha direito. Em breve, o aprendiz de tipógrafo se viu transformado em revisor de provas do «Correio Mercantil», então dirigido por Francisco Otaviano e Pedro Luís.
Outra roda de amigos integrou também Machado de Assis por esse tempo: a que se reunia no escritório do Dr. Caetano Filgueiras, e o qual faziam parte, além do dono da casa e do futuro autor das «Crisálidas», os poetas Casimiro de Abreu, Macedo Júnior e Gonçalves Braga. (continua)
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* Publicado em Gigantes da Literatura Universal, vol. 26, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1972.
Em Fevereiro de 1868, quando José de Alencar, já então consagrado como a maior figura das letras brasileiras, apresentou Castro Alves a Machado de Assis, este ainda não completara vinte e nove anos de idade. Mas o mestre de O Guarani já o tinha em tão alta conta que nele reconhecia uma posição preeminente na crítica literária. Textualmente, escrevia Alencar na carta aberta em que lhe recomendava o poeta baiano: «Do senhor, pois, do primeiro crítico brasileiro, confio a brilhante vocação literária, que se revelou com tanto vigor. Seja o Virgílio do jovem Dante, conduza-o pelos ínvios caminhos por onde se vai à decepção, à indiferença e finalmente à glória, que são os três círculos máximos da «divina comédia do talento».
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Machado de Assis, entretanto, ainda estava longe de realizar as obras que definitivamente o consagrariam, no dizer do crítico José Veríssimo, como «a mais alta expressão do nosso génio literário, a mais eminente figura da nossa literatura». O certo é que, cedo ainda, ele dera mostras da força e da originalidade de seu talento, como poeta e prosador, ao mesmo tempo que deixava entir uma linha de conduta exemplar, prenunciadora da liderança que, andando o tempo, iria naturalmente exercer entre seus confrades, como mestre e companheiro.
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Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, no Morro do Livramento, a 21 de Junho de 1839. Filho legítimo de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, foi baptizado na capela de Nossa Senhora do Livramento a 13 de Novembro daquele ano, tendo por padrinhos Joaquim Alberto de Sousa da Silveira e D. Maria José de Mendonça Barroso. O nome do menino como se vê, há de ter sido composto com o prenome dos dois padrinhos, ambos figuras de destaque e influentes, ele veador do Paço, ela viúva do senador Bento Barroso Pereira, antigo ministro de Pedro I e da Regência.
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Do pai de Machado de Assis, sabe-se que era mulato forro, natural do Rio de Janeiro, com ofício de pintor e dourador, morando como agregado numa casa vizinha à xácara da viúva do senador Barroso. Em 1838, Francisco José de Assis tinha-se casado com Maria Leopoldina, açoriana, natural da ilha de São Miguel, e vinda de lá para o Brasil em 1836.
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O menino ainda não tinha dez anos quando, em Janeiro de 1849, perdeu a mãe, vitimada pela tuberculose. Dela guardou o barão Schmidt de Vasconcelos, íntimo amigo de Machado de Assis, a notícia de que era preta, e a este facto alude Mário de Alencar em mais de um depoimento escrito.
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A um cura da capela de São João Baptista, na Quinta da Boa Vista, padre Silveira Sarmento, parece que deveu o menino Joaquim Maria um pouco da sua instrução elementar. Mário de Alencar, que teve a intimidade quase filial do grande escritor, informa-nos presumir que «machado só frequentou escolas públicas e que teve por mestres aquele e algum outro padre, nas folgas de seu ofício de sacristão, que parece foi até os 14 ou 15 anos».
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O que parece certo é que aprendeu mais consigo mesmo que com os mestres, e daí ao longo da vida e coerência do autodidacta, mestre si mesmo, com o génio próprio e o gosto da aplicação que ninguém lhe ensinou. Quanto a ter sido sacristão, na velha igreja da Lampadosa, há pelo menos um testemunho: o de Ramos Paz, seu amigo e companheiro de adolescência.
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* Publicado em Gigantes da Literatura Universal, vol. 26, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1972.
Publicação da correspondência de Machado, organizada pelo académico Sérgio Paulo Rouanet. Com muitas cartas inéditas, o epistolário sairá em dois volumes.
A «Casa de Machado» realiza um ciclo de 20 conferências sobre o escritor, em que participarão, além dos académicos, estudiosos brasileiros e estrangeiros como Gustavo Franco, Helder Macedo, Antônio Maura, Jean-Michel Massa e John Gledson.
A Academia estabeleceu também um convénio com o Ministério da Cultura para lançar todos os livros do autor a preços populares.
A Academia Brasileira de Letras vai publicar também um dicionário sobre a obra de Machado de Assis, sob direcção de Ubiratan Machado.
A Nova Aguilar publicará, em três volumes, a obra completa do autor.
A Record publicará Almanaque Machado de Assis - Vida, obra, curiosidades e bruxarias literárias, organizado por Luiz Antônio Aguiar.
Recordamos que ANNUALIA 2007-2008 celebra o centenário da morte do Autor, publicando um extenso texto sobre Machado de Assis e Eça de Queirós de autoria de John Gledson.
O antropólogo brasileiro João Biehl, professor associado da Universidade de Princeton, ganhou o Prémio Margaret Mead 2007, uma das mais prestigiosas distinções atribuídas a livros de antropologia, resultante da colaboração entre a American Anthropological Association e a Society for Applied Anthropology. O livro de João Biehl, já anteriormente premiado, tem como título Vita: Life in a Zone of Social Abandonment e foi publicado em 2005 pela University of California Press. O livro de Biehl conta a história de Catarina, uma jovem brasileira internada em Vita, uma asilo para doentes mentais e pobres. Devido a uma doença neurodegenerativa mal diagnosticada, Catarina fica paralisada, é considerada louca e abandonada pela família. Biehl estuda as circunstâncias da doença de Catarina para expor à luz do dia as forças económicas, médicas, políticas e familiares pelas quais Vita e outras instituições de último recurso, pobres e desgovernadas, proliferaram no Brasil. Biehl é também autor de Will to Live: AIDS Therapies and the Politics of Survival. (Fonte: News@Princeton).
A área primordial de interesse da investigação de João Biehl é a da antropologia médica, dos estudos sociais de ciência e tecnologia e das sociedades latino-americanas. A sua pesquisa actual examina o uso generalizado de medicamentos de efeitos psíquicos nos bairros pobres do Brasil, a distribuição e adesão a tratamentos anti-retrovirais em contextos de ausência de recursos e de como o meio e a história de vida influenciam a expressão patogénica de genes.
Biehl é doutorado em Antropologia pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, e doutorado em religião pela Graduate Theological Union. Foi National Institute of Mental Health Postdoctoral Fellow na Universidade de Harvard (1998-2000); membro da School of Social Science do Institute for Advanced Study, Princeton (2002-2003); e professor visitante na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (2004).
D. Pedro de Alcântara Gastão João Maria Filipe Lourenço Humberto Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança, pretendente directo ao trono do Brasil (Chateau d’Eu, 19.2.1913 -Villamanrique de la Condesa, 27.12.2007), era bisneto de Pedro II, o último imperador do Brasil. Casou, em 1944, com D. María de la Esperanza de Borbón-Dos Sicilias y Orleans, terceira filha do infante espanhol D. Carlos (1970-1949) e tia do rei Juan Carlos I. Apesar de o seu pai, D. Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança ter renunciado ao direito de sucessão, D. Pedro Gastão sempre se apresentou como herdeiro legítimo e participou activamente, em 1993, na campanha para a reimplantação da monarquia no Brasil. D. Pedro Gastão era irmão da mãe de D. Duarte Pio, pretendente ao trono de Portugal. Ao longo de muitos anos repartiu a sua vida pelo Brasil (Petrópolis) e Espanha (Villamanrique de la Condesa, Sevilha). Possuía, entre outras distinções, a de Cavaleiro da Grã Cruz da Ordem de Pedro I, Cavaleiro da Grã Cruz da Ordem da Rosa e era também Cavaleiro da Ordem de San Genaro.
Família Imperial Brasileira: da esquerda para a direita, sentadas, Princesa D. Esperanza, Princesa D. Isabel (Condessa de Paris) e Princesa D. Elizabeth (Princesa-Mãe). De pé, ao fundo, ainda da esquerda para a direita, Príncipe D. Pedro Gastão, Princesa D. Teresa e Príncipe D. João.
D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança ao lado do trono que pertenceu ao seu bisavô D. Pedro II. Esta peça faz parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis.
1907 Nasce no Rio de Janeiro, a 15 de Dezembro. 1922 Matricula-se no Colégio dos Barnabitas Santo Antônio Maria Zaccaria. 1934 Obtém o diploma de engenheiro arquitecto no Rio de Janeiro. 1935 Inicia vida profissional no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. 1936 No escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão participa da equipe do projecto do Ministério da Educação e Saúde. Conhece Le Corbusier e Gustavo Capanema. 1937 Projecta a Obra do Berço, no Rio de Janeiro. 1939 Viaja com Lúcio Costa para projectar o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque. 1940 Conhece o prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek, que o convida a projectar o Conjunto da Pampulha. 1945 Ingressa no Partido Comunista Brasileiro. 1946 Convidado a dar um curso na Universidade de Yale, nos EUA, tem seu visto de entrada cancelado. 1950 É publicado nos EUA o livro The Work of Oscar Niemeyer, de Stamo Papadaki. 1951 Projeta os conjuntos Ibirapuera e COPAN, em São Paulo. 1952 Projecta a sua residência na Estrada das Canoas, no Rio de Janeiro. 1954 Viaja pela primeira vez à Europa, quando participa do projecto para reconstrução de Berlim. 1955 Funda a revista Módulo, no Rio de Janeiro. Assume chefia do Departamento de Arquitectura e Urbanismo da NOVACAP, encarregada da construção de Brasília.1957- 1958 Projecta o Palácio da Alvorada em Brasília e os principais prédios da Nova Capital. 1961 Publica Minha experiência em Brasília. 1962 É nomeado coordenador da Escola de Arquitectura da recém criada UnB. Viaja ao Líbano para projectar a Feira Internacional e Permanente. 1963 É nomeado membro honorário do Instituto Americano de Arquitectos dos Estados Unidos. 1964 Viajando a trabalho para Israel, é surpreendido pela notícia do golpe militar no Brasil. Retorna ao país em Novembro, quando é chamado pelo DOPS para depor. 1965 Retira-se da Universidade de Brasília com mais 200 professores, em protesto contra a política universitária. Viaja à Paris para a exposição de sua obra no Museu do Louvre. 1966 Publica o livro Quase memórias: Viagens.1967 Impedido de trabalhar no Brasil, decide se instalar em Paris. 1968 Projecta a sede da Editora Mondadori, em Itália, e desenvolve diversos projectos para a Argélia. 1969 Na Argélia, projecta a Universidade de Constantine. 1970 Em protesto contra a guerra do Vietname, desliga-se da Academia Americana de Artes e Ciências. 1972-1973 Em Paris, abre seu escritório nos Champs Elysées. Acompanha a exposição sobre sua obra na Europa. 1975 Projecta a sede da Fata Engeneering na Itália. A revista Módulo volta a ser publicada. 1983 Retrospectiva de sua obra, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. 1985 Volta a desenvolver projectos para Brasília. 1987-1988. Recebe o Prémio Pritzker de Arquitetura, dos Estados Unidos. Projecta o Memorial da América Latina em São Paulo. 1990 Junto com Luiz Carlos Prestes, desliga-se do Partido Comunista Brasileiro. 1991 Projecta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. 1993 Publica Conversa de Arquiteto. 1994 Projecta o Museu O Homem e seu Universo, em Brasília, e a Torre da Embratel, no Rio de Janeiro. 1995 Projecta o Monumento em Comemoração ao Centenário de Belo Horizonte. Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades de São Paulo e de Minas Gerais. 1996 Projecta o Monumento Eldorado Memória, doado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Recebe o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza por ocasião da VI Mostra Internacional de Arquitetura. 1997 Em homenagem ao seu aniversário, realizam-se diversas mostras no Brasil. Inicia os estudos para o Caminho Niemeyer, Niterói, no Rio de Janeiro; o Museu de Arte Moderna de Brasília; a sede da empresa TECNET - Tecnologia e o Paço Municipal de Americana, em São Paulo, e o Centro de Convenções do Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro. 1998 No Pavilhão Manoel da Nóbrega - Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é realizada a exposição retrospectiva sobre sua obra Oscar Niemeyer 90 Anos. Recebe a Royal Gold Medal do Royal Institute of British Architects - RIBA. Inicia os estudos para os projectos do Centro Cultural de Santa Helena, no Paraná, o Complexo arquitectónico Memorial e Palácio Legislativo Ulysses Guimarães, em Rio Claro e a Escola de Música Guiomar Novaes, em São João da Boavista, em São Paulo, o Memorial Darcy Ribeiro no Sambódromo, no Rio de Janeiro, o Memorial Maria Aragão, em São Luis do Maranhão, o Monumento Marco de Touros, o Presépio de Natal, em Natal, no Rio Grande do Norte, o Complexo Arquitectónico Memorial e Palácio Legislativo Ulysses Guimarães, em Rio Claro, São Paulo, o Memorial Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, Minas Gerais, e o Memorial Paranaense da Coluna Prestes, em Santa Helena, Paraná. 1999 Projecta, entre outros, o novo Teatro no Parque do Ibirapuera em São Paulo, o Sector Cultural de Brasília, o Centro Administrativo de Betim, em Minas Gerais, além do Monumento Comemorativo aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil em São Vicente, São Paulo. Realizam-se as seguintes exposições: no Museu de Arte Contemporânea de Niterói a exposição Escultura de Oscar Niemeyer; no Riocentro, Rio de Janeiro, a exposição Oscar Niemeyer 90 Anos, a qual segue depois para Buenos Aires, Argentina e Brasília. 2000 Projecta o Módulo Educação Integrada - MEI, creches populares incorporadas aos Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs; o Centro Administrativo de Goiânia, o Memorial Cassiano Ricardo em São José dos Campos, SP, além da Sede da UNE na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, o auditório em Ravello, na Itália, o Jardim Botânico em Petrópolis e o Centro Cultural e Desportivo João Saldanha, em Maricá, ambos no estado do Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro é lançado, o documentário Oscar Niemeyer um arquitecto engajado em seu século, do cineasta belga Marc-Henri Wajnberg. 2001 Projecta a Residência em Oslo, Noruega, o Acqua City Palace Moscovo, Rússia, o Auditório e Salão de Exposições da Faculdade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. O anexo do hotel Copacabana Palace no Rio de Janeiro, o Centro de Memória do DOI-CODI, em São Paulo e o Museu do Cinema, em Niterói, Rio de Janeiro, o Museu Arte, Arquitectura, Cidade, em Curitiba, Paraná, e o Hospital Veterinário da Universidade do Norte Fluminense - UENF, em Campos, Rio de Janeiro.
Recebe a Medalha da Ordem da Solidariedade do Conselho de Estado da República de Cuba, a Medalha do Mérito Darcy Ribeiro do Conselho Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, o Prémio UNESCO 2001, na categoria Cultura e os títulos de Grande Oficial da Ordem do Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral, do Ministério da Educação do Chile e de Arquitecto do Século XX, do Conselho Superior do Instituto de Arquitectos do Brasil. Realiza-se a exposição Oscar Niemeyer 90 anos, no Pavilhão de Portugal do Parque das Nações em Lisboa, Portugal. 2002 Projecta o Centro Cultural e Desportivo da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Realiza-se a exposição Oscar Niemeyer 90 anos, na Galerie Nationale du Jeu de Paume em Paris, França. (Fonte: Fundação Óscar Niemeyer: www.niemeyer.org.br )
Excerto de uma entrevista com Gerardo Mello Mourão, na sua casa da Rua Tonelero, em Copacabana, com a devida vénia à TV Câmara.
Annualia 2007-2008 dedica um texto In Memoriam ao grande poeta brasileiro e antigo deputado federal, autor de Valete de Espadas e A Invenção do Mar, ambos publicados em edição portuguesa em 1976 e 1998 respectivamente.