
Poeta português formado na estética realista (Lisboa, 25.2.1855 - ibid., 19.7.1886). Concluída a instrução primária, trabalhou com o pai, dono de uma loja de ferragens em Lisboa e de uma granja em Linda-a-Pastora. Frequentou o Curso Superior de Letras de Lisboa e colaborou em diversos periódicos, entre os quais A Folha, fundada por João Penha. Prematuramente vitimado pela tuberculose, a sua obra só foi publicada um ano após a sua morte, por Silva Pinto, com o título de O Livro de Cesário Verde. Embora reflectindo vestígios românticos e prenúncios simbolistas, o corpo essencial da sua poesia filiase num aristocrático, sereno, distinto, parnasianismo. Serve-se, sobretudo, como tema, ou antes, como estímulo para a divagação poética, da objectividade, da limpidez formal, do descritivo, numa linguagem impressionista, do quotidiano e do banal: as varinas, as vendedeiras de hortaliça, os lojistas enfadados, as elegantes mirando as vitrinas, os transeuntes, os operários, as burguesinhas da cidade; ou, ainda, os mendigos, os aleijados, os pedintes, as criancinhas rotas ou sadias do campo. Relevo especial tem o seu poema «Sentimento de Um Ocidental». Todo um pequeno mundo enche a sua obra, tão curta como significativa, de uma nova perspectiva dentro do real, a que a sua poesia vem dar uma dimensão insólita. É o grande precursor da modernidade na poesia portuguesa.