O nome Carnaval deriva de carne vale, «adeus, carne!». A expressão, que designa os folguedos que durante três dias antecedem o começo da Quaresma, em Quarta-Feira de Cinzas, proveio da abstinência da carne, característica, durante séculos, do tempo quaresmal. À quadra carnavalesca dá-se também, em Portugal, o nome de Entrudo (designa, mais propriamente, a terça-feira, por ser a entrada — introitus — para a Quaresma). O cristianismo somente conseguiu impor-lhe uma data limite: o começo da Quaresma.
A festa profana com cortejos, máscaras e caraças, remonta a origens longínquas. Liga-se aos ritos do final do Inverno, que serviam para estimular a fecundidade da Natureza e provocar o regresso do Sol, prisioneiro durante vários meses. As licenciosidades e as máscaras serviam para expulsar os espíritos malfazejos, e a execução de um boneco recordava os primitivos sacrifícios, em que se imolava um animal. Estas mesmas crenças estão na origem das festas romanas: Bacanais, Saturnais e Lupercais, que se celebravam na mesma estação. O cristianismo modificou o primitivo significado destes festejos, mas viu-se obrigado a tolerar-lhes alguns aspectos grosseiros ou equívocos. No fim do século XVI foram perdendo a importância, excepto em Itália, onde o Carnaval de Veneza manteve todo o seu brilho até ao século XIX, embora hoje ainda se realize: fogo-de-artifício, jogos de circo e mascaradas em que se misturavam todas as classes sociais. Hoje, o carnaval mais famoso é o do Rio de Janeiro: durante vários dias a população corre pelas ruas a cantar e a dançar. Realizam-se carnavais mais modestos em Nice, Itália, Países Baixos, Portugal e na Bélgica. Por todo o lado se mantém o costume de mascarar as crianças.