Uma sondagem levada a cabo pelo site britânico World Book Day revelou que dois terços dos inquiridos já mentiram sobre livros que leram, sendo o 1984 de George Orwell (42 por cento) e o Guerra e Paz de Leo Tolstoi (31 por cento), seguido do Ulisses de James Joyce (25 por cento), aqueles que mais pessoas tinham dito que leram sem ser verdade.
A razão da mentira, na maior parte dos casos, era simples: impressionar o interlocutor.
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Zeferino Coelho (Caminho), Guilherme Valente (Gradiva) e João Miguel Guedes (Verbo) em conversa sobre livros, aqui (Clube de Imprensa, RTP 2).
[via Blogtailors]
Poeta, ensaísta, tradutor e editor checo (Hlohovec, Eslováquia, 1923 – Praga, República Checa, 3.3.2009). Em 1948, após a tomada de poder pelos comunistas, foi expulso da Universidade por razões políticas. Impedido de publicar, dedicou-se à tradução e à literatura infantil. Em 1968, fundou Kvart, uma editora clandestina. Foi também um dos primeiros signatários da «Carta 77». Obrigado a abandonar o país, instalou-se em França, em 1981, onde dirigiu um seminário sobre a cultura dos países da Europa Central na École des Hautes Études en Science Sociales, regressando a Praga em 2003. Galardoado com a Ordem de T. G. Masaryk (1991), a medalha das Artes e da Literatura do Estado francês (1991) e o prémio de carreira do PEN Clube. Em 2001, recebeu o Prémio de Tradução patrocinado pela Estado checo.
Os intelectuais e o poder por Jan Vladislav
Escritor português (Gestaçô, 14.4.1909 - Lisboa, 5.12.1949), regente agrícola de formação. Publicou, em 1941, o romance Esteiros, um livro triste e sensível (escrito «para os filhos dos homens que nunca foram meninos»), considerado uma das obras clássicas do neo-realismo português, de que foi uma das primeiras figuras. Militante comunista, a sua obra, publicada postumamente e constituída por Refúgio Perdido (contos, 1950), Engrenagem (1951), Contos Vermelhos (1951) e Contos e Crónicas (1961), reflecte a sensibilidade social que advém dessa militância e a mundividência que lhe subjaz.
Maurice Bardèche
Escritor francês (1909–1998), crítico de cinema e literatura, que após a II Guerra Mundial se tornou o mentor dos intelectuais franceses nacionalistas, tendo dirigido a revista Défense de l’Occident, onde se revelou como combativo polemista político. Em 1961 publicou um ensaio muito pessoal, Qu'est-ce que le Fascisme?, que, contra ideias feitas, apresenta como genuínos fascismos certos movimentos de esquerda, do nasserismo ao castrismo. Anotou a edição das obras completas de Robert Brasillach, seu cunhado, em colaboração com o qual escreveu uma Histoire du cinéma e uma Histoire de la Guerre d’Espagne. Estudou autores como Balzac, Stendhal, Proust, Flaubert, Céline e Bloy. Em 1993 publicou Souvenirs.
Robert Brasillach
Cronista, tradutor, poeta, romancista e ensaísta francês (1909-1945), cujas simpatias pelo fascismo o levaram, no final da guerra, à prisão. Acusado de colaboracionismo, fo julgado e condenado à morte, tendo sido fuzilado no final da II Guerra Mundial, apesar de uma larga campanha pela clemência subscrita por escritores e intelectuais de várias sectores ideológicos e políticos. Autor dos romances Le Voleur d'Etincelles (1932), L'Enfant de la Nuit (1934), Le Marchand d'Oiseaux (1936), Comme le Temps passe (1937), Les Sept Couleurs (1939), La Conquérante (1943), Six Heures à perdre (1953), publicou uma Histoire du Cinéma (1935, de colaboração com Maurice Bardèche) e de ensaios sobre Virgílio (1931) e Corneille (1938), entre outros.
«Claro que um livro imprestável que tenha uma capa fabulosa continua a ser um livro que não presta. [Não devemos esquecer] que o conteúdo é rei; os leitores comprarão um livro embrulhado em papel de jornal se estiverem mortos por conhecer o seu conteúdo. Porém, é bom que sejamos lembrados de que o livro impresso, como produto da vida civilizada, ainda é -- e sempre será -- um objecto de desejo.»
Robert McCrum aqui.
[via Blogtailors e Livro de Estilo]
O coordenador da edição portuguesa da Enciclopédia Interdisciplinar de Ciência e Fé, Padre Manuel da Costa Freitas, em entrevista: «Não há contradição entre fé e razão!»
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Pintor português (Vila Viçosa, 1.1.1859 - ibid., 20.3.1884) que estudou na Academia Portuense de Belas-Artes, da qual foi pensionista em Paris (1880). Aí contraiu tuberculose, o que o leva a refugiar-se, primeiro na Bretanha e depois em Roma e Nápoles, onde esperava condições climáticas mais favoráveis ao seu estado de saúde. Instalado na ilha mediterrânica de Anacapri, regressando à terra natal onde morreu enquanto pintava.
A sua obra não é extensa, dada a brevidade da sua vida, mas é reconhecidamente de grande qualidade. A sua notável capacidade de pintar a luz fez com que Pousão fosse posteriormente tido como adepto do impressionismo, embora tal pretensão pareça não ter fundamentos reais. Como afirmou Flórido de Vasconcelos «a maneira como Henrique Pousão sente a luz e a interpreta nos seus quadros, tornando as cores luminosas e vivas, é de uma originalidade extrema e de um encanto perene, que não precisa de rótulos escolares para se impor por si só».
O seu fascínio pela luz parece relacionar-se com a memória do Sul, lugar de nascimento e morte. Sobre este aspecto da pintura de Pousão, escreveu Diogo de Macedo: «A cal do casario, os verdes dos cactos e das piteiras, o azul prússico do mar e o opalino dos céus tomavam luminosidades que davam riqueza às telas de grande cenário. Preciosas, por contraste, eram as cores queimadas e os tons complementares onde a luz se intrometia, emprestando coloridos imprevistos nos objectos, conseguindo quase violências de certos pormenores, que mais carácter davam aos motivos eleitos, provocando qualidades de esmalte nas claridades das tábuas, frescuras de porcelana que, segundo gostos em voga, eram marcadas com delicadeza de japonesismos.»
A Casa de Persianas Azuis
1883 (?), óleo sobre madeira
28,5 x 25,6 cm
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto, Portugal
Senhora Vestida de Negro
1882, óleo sobre madeira
28,5 x 18,5 cm
Museu Nacional de Sores dos Reis
Porto, Portugal.