Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

«– Estás a rir? – dise Carlos, sorrindo também e estendendo a chávena para a encher outra vez. – Ora ouve. Ao meu lado esquerdo, do lado do coração, como dizes, estava um dominó feminino, fitando-me de uma maneira… como nem te sei dizer… e com uns olhos… mal sabes que bonitos olhos eram aqueles, Jenny!
– Os da máscara? – perguntou Jenny, preparando a chávena.
– Não; os da mascarada, os quais eu percebia através das aberturas oculares da elegante máscara de cetim preto que ela trazia. A cabeça descaía-lhe ligeiramente sobre o ombro em postura de tanta languidez e melancolia, e nesta posição a seda da máscara descobria-lhe um canto de lábios e um princípio de colo tão bem modelados, que eu não pude desviar mais dali o olhar extasiado, e… e…
Então que quer dizer agora esse teu sorriso, Jenny?
– Estou a admirar a rapidez com que te apaixonas e extasias.»
Júlio Dinis, Uma Família Inglesa
Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009
A Unesco recenseou 2500 línguas em risco entre as 6700 que são faladas no mundo na nova edição do Atlas Internacional das Línguas em Perigo apresentado hoje em Paris.
Segundo a nova edição do atlas, 200 línguas desapareceram durante as três últimas gerações (60-70 anos), 538 estão em situação crítica, 502 seriamente em perigo, 623 em perigo e 607 vulneráveis.
A Índia (196), Estados-Unidos (192), Indonésia (147), China (144), México (144) e a Rússia (136) são os países onde existem mais línguas em risco de desaparecer. [Via Público]


A notícia do não encerramento da Fábrica Bordalo Pinheiro não deveria interessar apenas ao noticiário da secção económica.
Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009

Escritor sudanês (Dabba, 1929 – Londres, 18.2.2009). Fez a sua educação em Cartum, tendo durante algum tempo sido professor. Foi então para Inglaterra, onde frequentou a universidade e se integrou no serviço árabe da BBC. Mais tarde tornar-se-ia Director-Geral de Informação no Qatar. Trabalhou para a Unesco, em Paris, e foi designado representante deste organismo no Qatar. A sua larga experiência, permitiu que a sua sólida formação abrangesse tanto a cultura ocidental como a oriental, esta enraizando-se na tradição árabe clássica e na literatura sufista. As diferenças culturais constituem, aliás, um dos temas recorrentes nos seus romances, bem como os conflitos entre realidade e ilusão (a que não é alheia uma certa visão psicanalítica), as contradições e a conflitualidade dos indivíduos, eles sós ou em confronto com os seus próximos, e perante os valores e a ética.
Da sua obra, largamente traduzida em várias línguas, refiram-se os títulos: Mawsim al-Hijra ila al-Shamal (Época de Migração para Norte, 1966; versão portuguesa editada pela Cavalo de Ferro), Urs al Zayn («O Casamento de Zein», 1969, passado ao cinema e premiado em Cannes, em 1976), Al-Rajul al Qubrosi («O Cipriota», 1978), e Daumat Wad Hamid («O Árabe africano»). Os seus contos e romances estão, pela sua qualidade, entre o melhor da moderna literatura árabe.
Pode ler aqui uma entrevista com Al-Tayeb Saleh.

«Sintetizar, esgotar e encerrar o Barroco, como Händel, definir e estruturar o Classicismo, dos seus primeiros estádios à maturidade, como Haydn, são passos de gigante reveladores de um salto estético que nos surpreende quando pensamos no mero meio século que separa as datas de morte de ambos os compositores».
Rui Vieira Nery, «Händel e Haydn em 2009: um ano feliz», em ANNUALIA 2008-2009.

Exposição na Haydnhaus em Viena sobre os últimos anos de Haydn.
Ver slideshow.

Clique acima e veja e ouça o filme.

A Casa Museu de Handel, em Brook Street, Londres, promove ao longo do ano uma série de iniciativas ligadas à comemoração dos 250 anos da morte do compositor. Pode ver a programação aqui.
Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Compositor (1685-1759) nascido na Alemanha, naturalizado inglês em 1726. Muito precoce, compôs em 1705 a sua primeira ópera, Almira, com influências italianas. O acolhimento entusiasta que lhe reservaram os londrinos, levou-o a fixar-se aí definitivamente (1712) como mestre-de-capela de Middle-Essex. O seu estilo é uma síntese perfeita entre as suas próprias ideias e as influências que sobre ele exerceram Scarlatti, Corelli, Telemann, Lully e Purcell. O rigor do contraponto e a diversidade das formas em que se exprime colocam-no entre os maiores compositores do fim do barroco e um dos grandes vultos da música de todos os tempos.
Entre as suas composições instrumentais mais importantes contam-se seis concertos para órgão (os mais conhecidos), setenta aberturas para orquestra, os Concerti Grossi, Water Music (1717) e Music for the Royal Fireworks. Compôs, ao longo de trinta anos, uma série de óperas italianas: Rinaldo (1711), Rodelinda (1725), Júlio César (1724), Alcina (1732), entre outras. Compôs vinte oratórias: Saul (1738), Sansão (1734), Teodora (1749), Salomão, Messias (1741) e Jefte (1751), que são dos seus mais notáveis trabalhos.
Cronologia
Catálogo das obras
óperas (discografia)
oratórios, dramas, odes (discografia)
Bibliografia
Händel na net
Ruy Vieira Néry publica um texto sobre o ano Händel (e Haydn) em ANNUALIA 2008-2009.
Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009
O Festival Internacional de Cinema de Berlim, na sua 59.ª edição, homenageou o compositor francês Maurice Jarre (n. Lyon, 13.9.1924). Estudou no Conservatório de Paris e trabalhou harmonia com Jacques de la Presle, orquestração com Louis Aubert e percussão com F. Passerone; mais tarde, viria a ser aluno de Arthur Honegger, em composição. Foi director do Théâtre National Populaire. Ganhou o Prémio Itália em 1955 e 1962. Destacou-se como compositor de música de filmes, mas compôs também música sinfónica, música de cena — a ópera Armida (1954), o «ballet» Fâcheuse rencontre (1958), a comédia musical Loin de Rueil (1961), o ballet Notre Dame de Paris (1966).
O Festival de Cinema de Berlim foi fundado por Alfred Bauer e teve a sua primeira edição em 1951. Ao longo dos anos tornou-se um dos mais importantes festivais de cinema, cujos prémios tem largo prestígio e repercussão. Em cada ano, são exibidos cerca de 350 filmes, a maioria dos quais filmes europeus que ali têm a sua estreia. Dividido em várias secções, o Festival de Berlim admite a concurso filmes de todos os géneros, formatos e dimensões. As principais secções são a de Competição, Panorama (dedicado a produções independentes), Kindfilmest (dedicado ao cinema para jovens), Perspektive Deutsches Kino (dedicado ao cinema alemão), International Forum of New Cinema (dedicado ao cinema experimental e às cinematografias menos conhecidas).
Competição
O Júri Internacional da 59.ª Edição do Festival de Berlim foi presidido por Tilda Swinton e constituído por Isabel Coixet, Gaston Kaboré, Henning Mankell, Cristoph Schliengensief, Wayne Wang e Alice Waters.
Urso de Ouro
La teta asustada, de Claudia Llosa
Urso de Prata – Grande Prémio do Júri (ex-aequo)
Alle Anderen, de Maren Ade
Gigante, de Adrián Biniez
Urso de Prata para Melhor Realizador
Asghar Farhadi por Darbareye Elly
Urso de Prata para Melhor Actriz
Birgit Minichmayr em Alle Anderen, de Maren Ade
Urso de Prata para Melhor Actor
Sotigui Kouyate em London River, de Rachid Bouchareb
Urso de Prata para Maior Contribuição Artística
Gábor Erdély e Tamás Székely pelo desenho de som de Katalin Varga, de Peter Strickland
Urso de Prata para Melhor Argumento
Oren Moverman e Alessandro Camon por The Messenger, de Oren Moverman
Prémio Alfred Bauer – ex-aequo
Gigante, de Adrián Biniez
Tatarak, de Andrzej Wajda
Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

O Poder na História é o título do primeiro volume da Introdução à Política de António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto.
Nele se observa e documenta a evolução das diversas concepções de Poder e de Política, desde as remotas teocracias orientais, a Grécia antiga e a Roma imperial até ao «Tempo das Revoluções» -- a Inglesa de 1640, a Francesa de 1789 e a Russa de 1917.
Uma edição Verbo.
*Capa de Magda Macieira Coelho.