Em 1970, Pierre Klossowski – cujo pensamento influenciou intelectuais tão diversos como Georges Bataille, Gilles Deleuze ou Jean-François Lyotard – publicou um pequeno livro, delicado e intenso, a que chamou A Moeda Viva.
O livro é uma espécie de fábula, misturando registos diversos, e seduz pela formulação condensada que faz de muitas das ideias de Klossowski, nomeadamente no que toca à visão das sociedades como estruturas cuja economia assenta não em bens materiais, mas em investimentos pulsionais e afectivos, que se transfiguram e interligam no corpo social.
Este conjunto de conferências toma como ponto de partida a ‘fábula’ de Klossowski para reflectir sobre algumas dimensões da nossa contemporaneidade, em especial sobre aquelas que, nesta fase de desmaterialização do capitalismo, prefiguram relações e vivências cujos contornos parecem ecoar, à distância, o pensamento de Klossowski.
Começaremos por abordar a questão da ‘celebridade’ nos nossos dias enquanto espelho de uma economia ‘sem valores’, cuja ‘moeda forte’ se traduz na capacidade de produzir ‘mais-valias’ de notoriedade e, assim, incrementar retornos.
Olharemos de seguida para os estudos que têm sido realizados sobre o modo como é hoje gerida a ‘vivência’ do dinheiro, isto é, as emoções, os afectos e as representações que emergem num mundo dominado pela monetarização do quotidiano.
Esta questão liga-se, por seu turno, à própria evolução do capitalismo no século XX. Não é por acaso que a ‘depressão’ se tornou na grande epidemia ‘pós-moderna’. O que aqui se propõe é uma viagem pelo século XX que mostre como os ‘modos de vida’ e a organização económica e social passaram de uma norma assente na culpabilidade e na disciplina para uma outra em que, perante o desaparecimento das ‘grandes narrativas’ ideológicas, cada um é suposto tratar de si. Para aqueles que não suportam o fardo de construir a sua própria ‘narrativa’ a alternativa é o colapso, a depressão.
Finalmente, tentaremos averiguar que espaço sobra para o dom e a dádiva nas nossas sociedades ‘utilitárias’.
Rui Trindade
Rui Trindade nasceu em Lisboa, em 1954. Formado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem trabalhado sobretudo na área da Comunicação quer no jornalismo, quer na produção de eventos.
3 de Março
Dias de Glória - A celebridade como padrão-ouro do capitalismo ficcional
17 de Março
Investimentos SA - Dinheiro & Afectos
24 de Março
O cansaço de mim - O capitalismo: da culpa à depressão
31 de Março
Trocos & Trocas - A monetarização da vida quotidiana
Paul Schrader, argumentista do filme Taxi Driver, está em Portugal e dá amanhã uma conferência de imprensa no âmbito da 29ª edição do Fantasporto. O cineasta será homenageado com o Prémio Carreira ao lado de Wim Wenders e o seu mais recente filme, Adam Ressurected, encerrará o festival. [via Público]
Realizador e argumentista norte-americano (n. Grand Rapids, Michigan, 22.7.1946), parceiro de Martin Scorsese em Taxi Driver (1976), Raging Bull (1980), The Last Temptation of Christ (1988) e Bringing Out the Dead (1999). Como realizador, começou por abordar preferencialmente a corrupção, a pornografia e a prostituição, em filmes de contornos fortes: Blue Collar (1978), Hardcore (1979) e American Gigolo (1980). Escritor forte, mas versátil, foi o argumentista de, por exemplo, The Yakuza (1975, de Sydney Pollack), Obsession (1976, Brian de Palma), The Mosquito Coat (1986, de Peter Weir). Em 1985, dirigiu o filme Mishima: A Life in Four Chapters.
«If you see anything from the inside it makes sense»
(excerto do guião de Hardcore):
NIKI (continuing)
You have to believe in something.
What do they believe in -- the
Whatjamacillit church?
JAKE
Christian Reformed. It's a Dutch
Calvinist denomination.
NIKI
Do they believe in reincarnation? I
believe in reincarnation.
JAKE
They believe in the 'TULIP.'
NIKI
What the crap?
JAKE (smiles)
It's an anagram. It comes from the
Canons of Dort. Every letter stands
for a different belief. T-U-L-I-P.
Like -- are you sure you're interested
in this?
NIKI
Yeah, yeah, go on.
JAKE
T stands for Total depravity, that
is, all men, through original sin,
are totally evil and incapable of
good. 'All my works are like filthy
rags in the sight of the Lord.'
NIKI
Shit.
Jake is charmed. He's never been called upon to explain his
beliefs to someone so totally ignorant of them.
JAKE
Be that as it may. U is for
Unconditional Election. God has chosen
a certain number of people to be
saved, The Elect, and He has chosen
them from the beginning of time. L
is for Limited Atonement. Only a
limited number will be atoned, will
go to Heaven.
NIKI
Fuck.
JAKE
I can stop if you want.
NIKI
No, please go on.
The INTERCOM ANNOUNCES a flight: Jake listens for a moment.
It's a flight to Mexico City.
JAKE
I is for Irresistible Grace. God's
grace cannot be resisted or denied.
And P is for the Perseverance of the
Saints. Once you are in Grace you
cannot fall from the number of the
elect. And that's the 'TULIP.'
NIKI
Wait, wait. I'm trying to figure
this out. This is like Rona Barrett.
Before you become saved, God already
knows who you are?
JAKE
He has to. That's Predestination. If
God is omniscient, if He knows
everything -- and He wouldn't be God
if He didn't -- then He must have
known, even before the creation of
the world, the names of those who
would be saved.
NIKI
So it's already worked out. The fix
is in?
JAKE
More or less.
NIKI
Wow. Then why be good? Either you're
saved or you ain't.
JAKE
Out of gratitude for being chosen.
That's where Grace comes in. God
first chooses you, then allows you,
by Grace, to choose Him of your own
free will.
NIKI (amazed)
You really believe all that?
JAKE
Yeah. (shrugs)
Well, mostly.
NIKI
I thought I was fucked up.
JAKE
I'll admit it's confusing from the
outside. You've got to see it from
the inside.
NIKI
If you see anything from the inside
it makes sense. You ought to hear
perverts talk. A guy once almost had
me convinced to let his dachshund
fuck me.
JAKE
It's not quite the same thing.
NIKI
It doesn't make any sense to me.
O arquitecto Nuno Brandão Costa foi hoje distinguido com o Prémio Secil de Arquitectura pelo Edifício Administrativo e Show-Room Móveis Viriato, em Rebordosa, Porto. [via Público]
Pode ver o edifício aqui.
Escritor irlandês (Mullingar, 6.9.1965 – Dublin, 20.2.2009) que, sofrendo de paralisia cerebral, com a ajuda da família próxima escreveu e publicou um primeiro livro, chamado Dam-Burst of Dreams (1981), que integra poesia, cartas, anotações, contos, uma peça curta e um fragmento autobiográfico. O livro foi saudado por gente como John Carey e Nolan continuou a escrever, auxiliado por um programa especial para escrever no computador, publicando Under the Eye of the Clock (1987), onde descreveu a sua própria vida e pelo qual recebeu o Whitbread Prize (a obra conheceu uma versão para teatro, em 1988, com o título Torchlight and Laser Beams), e The Banyan Tree (1999), crónica de uma família irlandesa ao longo de várias gerações. Nolan foi distinguido com a Medalha de Excelência da Sociedade de Escritores das Nações Unidas e recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade de Lancaster (1991). Foi eleito Personalidade do Ano na Irlanda, em 1988. O escritor morreu subitamente, quando trabalhava num novo romance.
Philip José Farmer, escritor americano (North Terre Haute, Indiana, 26.1.1919 - Peoria, Illinois, 25.2.2009) que distingiu pela sua produção na área do romance de aventuras e da ficção científica, a qual lhe valeu diversas distinções, nomeadamente vários Prémios Hugo e o Prémio Nebula (Grand Master Award, 2001). Para além de numerosas colaborações de natureza diversa em revistas, a sua obra abrange romances (organizados por vezes em séries como «Riverworld», «World of Tiers»), contos, poemas e ensaios.
No campo da ficção, destacamos os títulos: The Green Odissey (1957), Flesh (1960), A Woman a Day (1960), The Lovers (1961), Cache From Outer Space (1962), Fire and The Night (1962), Inside Outside (1954), Tongues of the Moon (1964), The Maker of Universes (1965), Dare (1965), The Gates of Creation (1966), The Gate of Time (1966), A Private Cosmos (1968), Image of the Beast (1968), A Feast Unknown (1969), Blown (1969), Behind the Walls of Terra (1970), Lord of the Trees (1970), Lord Tyger (1970). Love Song (1970), The Stone God Awakens (1970), To Your Scattered Bodies Go (1971), The Fabulous Riverboat (1971), The Wind Whales of Ishamael (1971), Tarzan Alive (1972), Time's Last Gift (1972), Doc Savage: His Apocalyptic Life (1973), Traitor to the Living (1973), The Adventure of the Peerless Peer (1974), Venus of the Half-Shell (1975), The Dark Design (1977), Dark Is the Sun (1979), The Magic Labyrinth (1980), The Unreasoning Mask (1981), A Barnstormer in Oz (1982), Gods of Riverworld (1983), River of Eternity (1983), Dayworld (1985), Dayworld Rebel (1987), Dayworld Breakup (1990), Red Orc's Rage (1991), Escape From Loki (1991), The Caterpillar's Question (1992), More Than Fire (1993), Nothing Burns In Hell (1998), The Dark Heart of Time: A Tarzan Novel (1999), Up From the Bottomless Pitt (2005), The City Beyond Play (2007, com Danny Adams).
Mais sobre Philip José Farmer aqui.
Ver obras aqui.
Realizador americano (Los Angeles, 27.10.1927- ibid., 22.2.2009) que, apesar de uma breve filmografia, dirigiu seguramente as suas películas e os seus actores: Slither (1973, com James Caan), Hearts of the West ou Hollywood Cowboy (1975, com Jeff Bridges), House Calls (1978, com Walter Mathau e Glenda Jackson), The Main Event (1979, com Barbara Streisand e Ryan O'Neal), Private Bejamin (1980, com Goldie Hawn e Eileen Brennan, ambas nomeadas para os Óscares nas categorias de Melhor Actriz e Melhor Actriz Secundária; Nancy Meyers, Charles Shyer e Harvey Miller foram nomeados para categoria de Melhor Argumento Original, tendo recebido o prémio desta categoria da Writers Guild of America), Unfaithfully Yours (1984, com Dudley Moore e Nastassia Kinski), The Dream Team (1989, com Michael Keaton, Peter Boyle, Stephen Furst e outros), My Girl (1991) e My Girl 2 (1994, ambos com Dan Aykroyd e Jamie Lee Curtis).
A ensaísta canadiana Naomi Klein venceu, com The Shock Doctrine, a primeira edição do prémio da Universidade de Warwick de Escrita para obras de qualquer género literário em inglês ou traduzidas neste idioma. [via Público]
«A ideia da criação de um Jardim Zoológico em Lisboa surgiu em 1882, numa época em que, na Península Ibérica, não existia nenhum parque com fauna ou flora exóticas. Esta ideia teve o apoio de várias personalidades, em particular do rei D. Fernando II. Em 1883, foi criada a Comissão Fundadora e, em 28.5.1884, foi solenemente inaugurado o Jardim Zoológico, em São Sebastião da Pedreira. Aí permaneceu durante 10 anos, tendo transitado, em 1894, para os terrenos contíguos, em Palhavã. Em 28.5.1905, o Jardim Zoológico de Lisboa abriu as portas nas Laranjeiras, onde ainda hoje está instalado. Em 1913, foi-lhe concedido o estatuto de Instituição de Utilidade Pública.» (Ana Martins Simões, em Enciclopédia Verbo-Edição Século XXI)
1. "No line on the horizon"
Canção característica dos U2, de sentido épico, em crescendo, com modelações, guitarras ora tranquilas, ora estridentes [...].
2 . "Magnificent"
Um dos temas que promete adesão imediata [...].
3 . "Moment of surrender"
Promete ser um clássico em muitos concertos na linha do que acontece com baladas como "One" [...].
4. "Unknown caller"
É um dos temas onde Bono assume um papel ficcional, alguém num estado alterado que se confronta com um telefone que fala [...].
5. "I'll go crazy if i don't go crazy tonight"
Como o título indicia, é um dos temas mais diurnos, festivos e marcadamente pop [...].
6. "Get on your boots"
É o single de avanço, o tema mais virulento de todo o disco e um dos mais poderosos e rápidos de sempre do quarteto [...].
7. "Stand up comedy"
Outra das mais roqueiras, barulhentas e poderosas. Bono puxa pela voz, mas é a guitarra que domina [...].
8. "Fez - Being born"
Da experiência africana fica este tema, um dos melhores e mais aventureiros [...].
9. "White as snow"
Balada acústica atmosférica, sobre um soldado perdido na neve do Afeganistão [...].
10. "Breathe"
Início lento com alusões orientais ao nível dos arranjos, mas depois existe um crescendo contínuo de intensidade [...].
11. "Cedars of lebanon"
Bono veste o papel de correspondente de guerra numa evocação atmosférica [...]
Lançamento a 2 de Março
Veja todo o artigo de Vítor Belenciano em Ípsilon, suplemento do Público
Melhor Fime: Slumdog Millionaire (de Danny Boyle)
Melhor Actor: Sean Penn (Milk, de Gus Van Sant)
Melhor Actriz: Kate Winslet (The Reader, de Stephen Daldry)
Melhor Realização: Slumdog Millionaire (de Danny Boyle)
Melhor Filme Estrangeiro: Departures (de Yojiro Takita)
Melhor Canção Original: Slumdog Millionaire
Melhor Música Original: Slumdog Millionaire
Melhor Montagem: Slumdog Millionaire
Melhor Mistura de Som: Slumdog Millionaire
Melhores Efeitos Especiais: Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton e Craig Barron (The Curious Case of Benjamin Button, de David Fincher)
Melhor Som: Richard King (The Dark Knight)
Melhor Documentário (curta-metragem): Smile Pinky (de Megan Mylan)
Melhor Documentário: Man on Wire (James Marsh e Simon Chinn)
Melhor Actor Secundário: Heath Ledger (The Dark Knight)
Melhor Curta-Metragem: Spielzeugland (de Jochen Alexander Freydank)
Melhor Cinematografia: Slumdog Millionaire
Melhor Maquilhagem: Greg Cannom (The Curious Case of Benjamin Button)
Melhor Guarda-Roupa: Michael O'Connor (The Duchess, de Saul Dibb)
Melhor Direcção Artística: Donald Graham Burt/ Victor J. Zolfo (The Curious Case of Benjamin Button)
Melhor Curta-Metragem de Animação: La Maison en Petits Cubes (de Kunio Kato)
Melhor Filme de Animação: Wall-E (de Andrew Stanton)
Melhor Argumento Adaptado: Simon Beaufoy (Slumdog Millionaire)
Melhor Argumento Original: Dustin Lance Black (Milk)
Melhor Actriz Secundária: Penelope Cruz (Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen)
Escultura representando António Aleixo, em Loulé
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