Pintor português (Vila Viçosa, 1.1.1859 - ibid., 20.3.1884) que estudou na Academia Portuense de Belas-Artes, da qual foi pensionista em Paris (1880). Aí contraiu tuberculose, o que o leva a refugiar-se, primeiro na Bretanha e depois em Roma e Nápoles, onde esperava condições climáticas mais favoráveis ao seu estado de saúde. Instalado na ilha mediterrânica de Anacapri, regressando à terra natal onde morreu enquanto pintava.
A sua obra não é extensa, dada a brevidade da sua vida, mas é reconhecidamente de grande qualidade. A sua notável capacidade de pintar a luz fez com que Pousão fosse posteriormente tido como adepto do impressionismo, embora tal pretensão pareça não ter fundamentos reais. Como afirmou Flórido de Vasconcelos «a maneira como Henrique Pousão sente a luz e a interpreta nos seus quadros, tornando as cores luminosas e vivas, é de uma originalidade extrema e de um encanto perene, que não precisa de rótulos escolares para se impor por si só».
O seu fascínio pela luz parece relacionar-se com a memória do Sul, lugar de nascimento e morte. Sobre este aspecto da pintura de Pousão, escreveu Diogo de Macedo: «A cal do casario, os verdes dos cactos e das piteiras, o azul prússico do mar e o opalino dos céus tomavam luminosidades que davam riqueza às telas de grande cenário. Preciosas, por contraste, eram as cores queimadas e os tons complementares onde a luz se intrometia, emprestando coloridos imprevistos nos objectos, conseguindo quase violências de certos pormenores, que mais carácter davam aos motivos eleitos, provocando qualidades de esmalte nas claridades das tábuas, frescuras de porcelana que, segundo gostos em voga, eram marcadas com delicadeza de japonesismos.»
A Casa de Persianas Azuis
1883 (?), óleo sobre madeira
28,5 x 25,6 cm
Museu Nacional Soares dos Reis
Porto, Portugal
Senhora Vestida de Negro
1882, óleo sobre madeira
28,5 x 18,5 cm
Museu Nacional de Sores dos Reis
Porto, Portugal.