Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estevão de Magalhães
por Columbano Bordalo Pinheiro (Passos Perdidos, Assembleia da República)
José Estêvão Coelho de Magalhães (Aveiro, 26.11.1809 - Lisboa, 3.11.1863) distinguiu-se como político e orador. Ingressou no Batalhão Académico após a restauração do absolutismo (1828), conseguindo sublevar os liberais da sua região natal. Emigrou depois para a Galiza e daí passou a Inglaterra, desembarcando no Mindelo, a 8 de Julho de 1832. Eleito deputado por Aveiro (1836), tornou-se um orador vigoroso e temido. Foi um dos fundadores de A Revolução de Setembro. Adversário do Cabralismo, em 1844 participou na revolta do conde de Bonfim, entrando de novo no exílio. Em 1851, aderiu à Regeneração, de que se viria a desligar anos mais tarde. Reconhecido por todos como tribuno de primeira qualidade, a sua eloquência ficou, porém, demasiado prisioneira do circunstancialismo da época que viveu. Foi pai de Luis de Magalhães (1859-1935), escritor e amigo de Eça de Queirós.
Retrato
«José Estêvão tinha em grau inexcedível todas as qualidades plásticas do tribuno: a fisionomia aquilinamente enérgica, o olhar penetrante, a estatura musculosa, o peito largo, a voz de um timbre que ficava no ouvido e nunca mais se esquecia - máscula, clara, metálica, dando as inflexões mais variadas e mais precisas, - grave, concentrada e convicta ou explosiva, retumbante, dominativa no meio de todos os tumultos, como o som de um clarim na confusão de um acampamento; - o gesto largo adequadíssimo à palavra, cheio de expressão e de grandeza, terrível nas conjunturas supremas, como a garra de uma fera. Sobre isto tinha o período largo, um tanto espanhol, mas bem cortado e quase sempre correcto.»
Eça de Queirós, As Farpas, Setembro de 1871