Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2008

Harold Pinter (1930-2008)

harold pinter

Dramaturgo inglês (Hackney, Londres, 10.10.1930 – Londres, 24.12.2008) de ascendência judia que, nas vésperas da II Guerra Mundial foi evacuado de Londres, de onde esteve ausente três anos embora a vivência dos bombardeamentos não mais o tenha abandonado. Por outro lado, a experiência teatral realizada na escola tê-lo-á orientado para uma carreira de actor. Em 1948, ingressou na Royal Academy of Dramatic Art. Dois anos depois publicava os seus primeiros poemas. Depois de ter passado pela Central School of Speech and Drama, integrou uma companhia irlandesa entre 1954 e 1957. Estreou-se como dramaturgo com a peça The Room (1957), logo seguida de The Birthday Party e The Dumbwaiter, embora a plena confirmação dos eu talento só tenha chegado com The Caretaker (1959), tornando-se numa das figuras mais representativas da dramaturgia britânica da segunda metade do século xx. O seu lugar como clássico moderno está bem expresso na cunhagem da palavra «pinteresco» para descrever certos ambientes dramáticos.
Pinter devolveu ao teatro os seus elementos básicos: um espaço fechado e um dialogo imprevisível, onde as personagens estão à mercê umas das outras e parecem desagregar-se. Com uma intriga mínima, o drama emerge pela luta pelo poder e do toca-e-foge da interlocução. O teatro de Pinter foi inicialmente visto como uma variante do teatro do absurdo, mas foi posteriormente melhor caracterizado como «comédia de ameaça», um género em que o escritor nos permite espiar o jogo do domínio e da submissão escondido na mais mundana das conversas. Numa peça típica de Pinter deparamos com gente que se defende da implosão ou dos seus próprios impulsos, entrincheirando-se numa existência diminuída e controlada. Um outro tema principal é a volatilidade e o carácter ilusório do passado. Tem sido observado que, a seguir a um período inicial de realismo psicológico, evoluiu para uma segunda fase, de maior lirismo, em peças como Landscape (1967) e Silence (1958), entrando, por fim, numa terceira fase, politica, com One For The Road (1984), Mountain Language (1988) e The New World Order (1991), entre outras peças. Porém, esta divisão em períodos parece ser demasiado simplista e ignorar alguns dos seus escritos mais fortes, como No Man’s Land (1974) e Ashes to Ashes (1996). Na verdade, a continuidade do seu trabalho é notável e os temas políticos podem ser vistos como a evolução da análise inicial da ameaça e da injustiça.
A partir de 1973, Pinter, em paralelo com o reconhecimento de que foi objecto a sua escrita, foi também reconhecido como um lutador pelos direitos humanos. Tomou frequentemente posições controversas. Escreveu ambém peças radiofónicas e guiões para cinema e televisão. Entre os seus guiões mais conhecidos estão os de The Servant (1963) e The Go-Between (1971), ambos de Joseph Losey e The French Lieutenent’s Woman (1981, de Karel Reisz).
Em 2005 foi distinguido com o Prémio Nobel da Literatura.
 
publicado por annualia às 22:50
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