Poesia
Manuel Gusmão, A Terceira Mão (Caminho).
Poeta, ensaísta e crítico (n. Évora, 11.12.1945) «A poesia de Manuel Gusmão é elaborada e despojada, fruto de um demorado e alquímico processo quer de selecção quer de condensação (sintáctica, vocabular, intertextual, gráfica), ao mesmo tempo obsessional e reflectido, onde sobressai a tensão/fusão da ordem da razão e das coisas, com a ordem, talvez mais privada, da intensidade, da «chama».
Margarida Vieira Mendes em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa
Ficção
Maria Velho da Costa, Myra (Assírio e Alvim).
Escritora portuguesa (n. Lisboa, 1938). Pioneira de um certo libertarismo de feição feminista, ficou-lhe, no plano literário, a conotação da «escrita feminina». Escreveu M. Helena Ribeiro da Cunha que esta não é «arrancada de uma marca ideológica masculina, mas criadora de um universo que, aos poucos, se define como próprio e independente. Nesse aspecto, não percorre sem drama o caminho angustiado de uma luta com a linguagem no sentido de fugir ao estigma da ‘sensibilidade’ e imprimir uma função redentora à sua escrita». (em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa). Escritora aberta ao experimentalismo, é profunda conhecedora das técnicas narrativas e delas faz uso pleno. Os seus romances são de gestação lenta e elaboração cuidada, como se pode ver até no ritmo cronológico do seu aparecimento, o que evidencia um aturado trabalho sobre a linguagem: Maina Mendes (1969), Casas Pardas (1977), Da Rosa Fixa (1978), Lucialima (1983), O Mapa-de-Rosa (1984), Missa in Albis (1988), Dores (1994).
Ensaio
Frederico Lourenço, Novos Ensaios Helénicos e Alemães (Cotovia)
Isabel Cristina Pinto Mateus Kodakização e Despolarização do real – Para Uma Poética do Grotesco na Obra de Fialho de Almeida (Caminho).
Escritora americana (n. Berkeley, Califórnia, 1929), filha do antropólogo Alfred Kroeber e da escritora Theodora Kroeber, que se destacou sobretudo pelos seus livros de ficção científica e da fantasia, embora a sua bibliografia inclua poesia, ensaio, livros infantis e juvenis. Movendo-se em géneros e subgéneros considerados menores, a escrita de Ursula K. Le Guin confere-lhes uma dignidade literária que a tem elevado ao nível dos grandes ficcionistas de língua inglesa. Entre as suas obras mais conhecidas e universalmente traduzidas estão, entre muitos outras, The Left Hand of Darkness (1969), The Dispossessed (1975), Always Coming Home (1985), The Telling (2000), Searoad (contos, 1991) ou a série«Books of Earthsea». Finalista do Pulitzer, foi já distinguida com o National Book Award e uma quantidade apreciável de outros galardões literários, tendo agora recebido o seu sexto Prémio Nébula pelo livro Powers (2007) que, com Gifts (2004) e Voices (2006), forma «The Annals of the Western Shore». Entre os seus livros mais recentes estão Incredible Good Fortune: New Poems (2006) e Lavinia (2008). Outros livros aqui.
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[Júri: A Direcção do PEN]
Nota: os prémios referem-se a obras publicadas em 2007
Hemingway escreveu um dia uma história em apenas seis palavras («For sale: baby shoes, never worn.») e diz-se que lhe chamou a sua melhor obra. Aqui, num número antigo de Wired Magazine, encontra o resultado do desafio feito a escritores de ficção para tentarem fazer o mesmo.
Eis um dos melhores exemplos:
«Longed for him. Got him. Shit.»
Margaret Atwood
Peter Matthiessen (n. Nova Iorque, 1927) formou-se na Yale University, em 1950, altura em que iniciou o seu percurso de escritor. Fundador, em 1951, da The Paris Review, é autor de vários livros de ficção e ensaio, incluindo The Snow Leopard (também distinguido com o The National Book Award) e At Play in the Fields of the Lord (também nomeado para o mesmo prémio). Paralelamente, tem desenvolvido actividades como naturalista e como activista no campo do ambientalismo. É membro da Academia Americana de Artes e Letras, desde 1974.
Inspirado num acontecimento quase mítico ocorrido na fronteira da Florida selvagem, no virar do século xx, Shadow Country reescreve a lenda do plantador de açúcar das Everglades e notório fora-da-lei, E. J. Watson, que cava inexoravelmente a sua própria sepultura. Shadow Country atravessa estranhas paisagens e zonas interiores habitadas por Americanos de diversas cores e proveniências, incluindo negros e índios herdeiros de um racismo arcaico que, como observa a mulher de Watson, «ainda projecta a sua sombra sobre a nação».