Historiador francês (Belleville-sur-Meuse, 17.8.1923 - Caen, 22.10.2009) criador do conceito de «história serial». «É uma história quantitativa globalizante que integra o facto histórico em séries homogéneas, de modo a estudar melhor a evolução de um determinado lapso de tempo, através de uma análise matemática», na formulação de António Leite da Costa na Enciclopédia Verbo. «Mas, para Pierre Chaunu, a História Serial engloba todas as histórias quantitativas, ultrapassando a tradicional história económica e a recente demografia histórica, partindo à conquista de outros domínios da História, onde, aparentemente, a utilização de séries e a sua interpretação matemática parecia ter menos cabimento. É, sobretudo, nos anos 60 e 70 que surgem, em França, teses demonstrativas do valor e da importância da História Serial. Desde a monumental tese do próprio Pierre Chaunu sobre Sevilha e o Atlântico, notável estudo de história económica onde se cruzam a história social e a história demográfica (...)»
Algumas obras: Séville et l'Atlantique, 1504-1650 (12 volumes, 1955-1960); L'Amérique et les Amériques de la préhistoire à nos jours (1964);
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Georges Lemaître, astrofísico e matemático belga (Charleroi, 17.7.1894 - Lovaina, 20.6.1966) que, em 1927, «apresentou a sua hipótese cosmogónica, segundo a qual toda a matéria que constitui o Universo se encontrava originalmente fortemente condensada, a uma temperatura extremamente elevada, num átomo único com 100 milhões de quilómetros de diâmetro — o «átomo primitivo» — e que se teria desintegrado devido a uma violenta explosão, dispersando-se em todos os sentidos e dando origem aos diversos corpos celestes que actualmente o formam» (Enciclopédia Verbo-Edição Século XXI).
Ver também aqui referência a uma obra fundamental sobre a problemática das relações entre Ciência e Fé.
Artista plástica norte-americana (Cleveland, 24.8.1926 – Nova Iorque, 18.10.2009) que iniciou a sua carreira em Chicago, onde estudou, vindo para a Europa, em 1959. Em Paris, onde se fixou, tomou contacto com o pensamento existencialista, que a sua pintura de algum modo começou a reflectir. De novo nos EUA, em 1964, a sua arte adquiriu o cariz de intervenção política que os tempos exigiam, assumindo, por exemplo, uma posição relativamente à Guerra do Vietname. O seu trabalho combina desenho, pintura, colagem, gravura, etc., e dele emerge uma visão particular da figura feminina, sobretudo a partir de meados dos anos 70, orientando-se para um combate feminista, que atanto abordou a violência e a exclusão das mulheres, como o seu heroísmo libertário. No último quartel do século XX, a sua pintura ganhou visibilidade, na medida em que combinou o empenhamento social com o tipo de expressão artística de que se tinha mantido afastada, o minimalismo por exemplo. Em 1992, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque mostrou uma retrospectiva do seu trabalho, além de ter sido incluída em várias mostras, nos EUA e na Europa.
Imagens e entrevistas aqui.
«A organização russa de defesa dos direitos humanos Memorial venceu o Prémio Sakharov 2009, atribuído pelo Parlamento Europeu. É um prémio pela liberdade de expressão no valor de 50 mil euros que agora será atribuído em Estrasburgo a Lyudmila Alexeyeva, Oleg Orlov e Serguei Kovalev em nome da Memorial e “de todos os defensores dos direitos humanos na Rússia”.» Via Público.
Annualia fez referência à organização Memorial a propósito do assassínio de Natalia Estemirova, jornalista e membro daquela organização: aqui.
Português em Concurso de Design promovido pelo Guggenheim ganhou o prémio do público. Ver notícia.
Aliás, a única diferença assinalável entre a moral e a política é que a moral reflecte e aprecia os actos, os caracteres e os afectos numa esfera de pessoas que nos são muito próximas, enquanto a política nos ensina a situar-nos, fantasmaticamente sem dúvida, num gigantesco sistema de acções e de interesses. Por outro lado, como não ver que o exemplo do sentimento paternal constitui implicitamente uma objecção à concepção paternalista do poder político, tal como se encontra no Patriarcha de Filmer (1680, publicação póstuma)? O problema da política não é o de imitar ou de reproduzir o laço familiar mas o de o distender cada vez mais.
Jean-Pierre Cléro, «Hume (1711-1776): a ciência da natureza humana», em História Crítica da Filosofia Moral e Política.
Escritora espanhola (n. Gijón, 1959) que começou por ser apresentadora de programas de televisão nas Astúrias, tendo sido depois o rosto do telejornal madrileno. O seu primeiro livro, um guia intitulado Asturias desde la noche, foi publicado em 1988. Foi finalista do Prémio Planeta, na sua edição de 1994, com o romance El peso de las sombras. Em 2000, viu distinguido com o Prémio Fernando Lara de Novela o seu livro Un largo silencio. O romance Contra el viento, agora premiado com o Prémio Planeta, conta a história de uma jovem emigrante cabo-verdiana. Algumas outras obras de Ángeles Caso: Aunque haya niebla (1992), Elisabeth, emperatriz de Austria-Hungría (biografia, 1995), El mundo visto desde el cielo (romance, 1997), El resto de la vida (romance, 1998), El verano de Lucky (1999), Um largo silencio (romance, 2000), Giuseppe Verdi, la intensa vida de un genio (biografia, 2001), Las olvidadas (ensaio, 2005).
Actriz italiana (Génova, 25.11.1938 – 17.10.2009) cuja carreira praticamente começou no filme Totò, lascia o raddoppia? (1956, de Camillo Mastrocinque) e que Franscesco Rosi escolheu como protagonista de La Sfida (1958). Em 1959, integrou o elenco de Il vendicatore, de William Dieterle, e aparece em primeiríssimo plano em La notte brava, de Mauro Bolognini, com argumento e guião de Pasolini. Ainda no mesmo ano, participou em Ferdinando I, re di Napoli, de G. Franciolini. Na década de 1960, fez Le bal des espions (1960, de M. Clément e U. Scarpelli), Teseo contro il Minotauro (1960, de S. Amadio), Les miracle des loups (1961, de André Hunebelle), ao lado de Jean Marais, I briganti italiani (1962, de Mario Camerini), ao lado de Vittorio Gassman e Ernest Borgnine, Two Weeks in Another Town (1962, de Vincente Minnelli), Axel Munthe - Der Arzt von San Michele (1962, de G. Capitani e R. Jugert), La corruzione (1963, de M. Bolognini), The Victors (1963, de Carl Foreman), La mandragola (1965, de Alberto Lattuada), La strega in amore (1966, de Damiano Damiani), L’avventuriero (1967,de Terence Young), Scacco alla regina (1969, de Pasquale Festa Campanille). Já nos anos 70, evidenciou-se sobretudo em 7 fois… par jour (1970, de Denis Héroux), Trastevere (1971, de Fausto Tozzi), Ettore lo fusto (1972, de Enzo Castellari), Un hombre llamado Noon (1973, de Peter Collinson), Gli Eroi (1973, de D. Tessari), ao lado de Rod Steiger e Claude Brasseur, Il testimone deve tacere (1974, de G. Rosati), La trastienda (1975, de Jorge Grau).
Poesia
Manuel Gusmão, A Terceira Mão (Caminho).
Poeta, ensaísta e crítico (n. Évora, 11.12.1945) «A poesia de Manuel Gusmão é elaborada e despojada, fruto de um demorado e alquímico processo quer de selecção quer de condensação (sintáctica, vocabular, intertextual, gráfica), ao mesmo tempo obsessional e reflectido, onde sobressai a tensão/fusão da ordem da razão e das coisas, com a ordem, talvez mais privada, da intensidade, da «chama».
Margarida Vieira Mendes em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa
Ficção
Maria Velho da Costa, Myra (Assírio e Alvim).
Escritora portuguesa (n. Lisboa, 1938). Pioneira de um certo libertarismo de feição feminista, ficou-lhe, no plano literário, a conotação da «escrita feminina». Escreveu M. Helena Ribeiro da Cunha que esta não é «arrancada de uma marca ideológica masculina, mas criadora de um universo que, aos poucos, se define como próprio e independente. Nesse aspecto, não percorre sem drama o caminho angustiado de uma luta com a linguagem no sentido de fugir ao estigma da ‘sensibilidade’ e imprimir uma função redentora à sua escrita». (em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa). Escritora aberta ao experimentalismo, é profunda conhecedora das técnicas narrativas e delas faz uso pleno. Os seus romances são de gestação lenta e elaboração cuidada, como se pode ver até no ritmo cronológico do seu aparecimento, o que evidencia um aturado trabalho sobre a linguagem: Maina Mendes (1969), Casas Pardas (1977), Da Rosa Fixa (1978), Lucialima (1983), O Mapa-de-Rosa (1984), Missa in Albis (1988), Dores (1994).
Ensaio
Frederico Lourenço, Novos Ensaios Helénicos e Alemães (Cotovia)
Isabel Cristina Pinto Mateus Kodakização e Despolarização do real – Para Uma Poética do Grotesco na Obra de Fialho de Almeida (Caminho).